quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Crítica: Lendas da Vida | Um Filme de Robert Redford (2000)



Sempre tive carisma pelo golfe, como o diretor Robert Redford provavelmente sempre teve gosto pelo o uso de metáforas na retratação da natureza humana. Através da aplicação da mistura de belas imagens com histórias que transbordam sensibilidade e aguçam nosso emocional, "Lendas da Vida"(The Legend of Begger Vance, 2000), é um exemplo bem feito da aplicação da fórmula com lirismo e eficiência. A história acompanha Rannulph Junuh (Matt Damon), que retorna da Primeira Guerra desiludido com a vida e atormentado com os horrores da guerra. Mesmo que no passado tivesse sido um grande golfista, um inquestionável campeão, volta sem motivações ou expectativas de viver depois da interrupção de sua carreira no esporte. Ignorando a tudo e a todos, inclusive sua maior paixão, chamada Adele (Charlize Theron), uma jovem também repleta de angústias. Com a crise econômica desencadeada pela guerra, Adele promove um torneio de golfe em busca de investidores para um campo de golfe com a intenção de reanimar a economia da local e escapar da falência. Porém é imprescindível que haja campeões para dar o devido destaque ao torneio, e assim ela tenta convencer Rannulph a participar. Relutante, o desmotivado golfista aceita a empreitada consciente de seu despreparo para conseguir uma vitória. Quando diante de uma vergonhosa e eminente derrota, surge o misterioso Beggar Vance (Will Smith), que o ajuda a se reencontrar em suas paixões. O filme é recheado de lindas paisagens verdejantes, cuja ambientação produzida é elaborada com perfeição e coerência à época em que se passa a trama – as roupas, os cenários e o respeito pelo jogo que não tem parado de fascinar novos adeptos até hoje. A direção de fotografia executou um belo trabalho na captação das imagens, valorizando as luzes naturais e os contrastes da natureza de forma belíssima mesmo com uma geografia pouco impressionante. Como a trilha sonora também é bem afinada e interessante, salientando as passagens das imagens perfeitamente.

No elenco, Matt Damon cumpre seu papel na busca pelo reencontro do equilíbrio – do jogo que metaforicamente se aplica através da narrativa adotada pela direção, à vida – com a ajuda de Will Smith, apresentando um personagem de natureza indefinida, mas sempre carismático e inspirador. Seus conselhos é a salvação do protagonista nos últimos segundos de qualquer aperto que tenha passado. Suas dicas de golfe também. Os diálogos são perfeitos e inteligentes. Enquanto Charlize, sempre linda – com uma pequena ressalva em Monster – faz o par romântico com Damon naturalmente, o que resulta em lágrimas aos mais emotivos. Por fim, Lendas da Vida irá agradar: aos simpatizantes do jogo, aos fãs dos astros que compõe esse longa e aos fascinados por histórias fantasiosas tocadas com o brilhantismo de uma narrativa de sucesso comprovado por Robert Redford. Apesar do desfecho previsível do campeonato e uma abordagem meramente superficial dos personagens – pois o foco permanece nas circunstâncias ao qual o elenco é exposto – esse filme é um bom exemplar de eficiência com capacidade de emocionar pela simplicidade com que é conduzido pelo cineasta.

Nota: 7/10


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