terça-feira, 7 de agosto de 2012

Crítica: À Beira do Abismo | Um Filme de Asger Leth (2012)


Uma produção cujo titulo é um prato cheio para uma crítica indecorosa

O que começa com uma premissa interessante, bem traduzida em um trailer perfeitamente editado, se perde ao não apresentar nada mais novo do que a boa ideia. Uma ação desesperada do protagonista para mascarar um propósito mais ambicioso é uma ideia genial, porém que não se sustenta a longo prazo devido aos furos do roteiro de Pablo F. Fenjves e pela direção apressada de Asger Leth. "À Beira do Abismo(Man on a Ledge, 2012), conta a história de Nick Cassidy (Sam Worthington), que após fugir das autoridades depois de brigar com seu irmão (Jaime Bell) decide provar sua inocência através de uma tentativa de suicídio, onde se hospeda em um bem localizado hotel, e ameaça saltar do parapeito, caso a negociadora (Elizabeth Banks) não compareça a tempo. Ao mesmo tempo em que as atenções se voltam para essa negociação, apenas como distração, do outro lado da rua é executado um plano mirabolante para provar que Nick é vitima de uma trama criminosa elaborada pelo milionário (Ed Harris) que acusou Nick de roubo e lhe custou à liberdade.

Através dessas duas tramas conjuntas, a história se desenrola sem grandes surpresas. As boas ideias disponíveis foram desperdiçadas precipitadamente no trailer, mesmo que o resultado extraordinário desse longa agrade a maioria. Porém, se houvesse uma postura de segurar a trama de suspense por mais tempo, adiando as revelações inevitáveis para o segundo ato, e trabalhando as tramas separadamente, talvez o resultado ainda fosse melhor. O desfecho teria mais impacto e o processo não seria tão desgastante até a chegada do final previsível. Essa mistura cinematográfica de A Negociação” com um Um Plano Perfeito” funciona dentro do possível, mas não se iguala aos comparados.  Aquelas situações onde tudo dá errado, porém se não tivesse dado errado, não teria tido um final feliz, pode irritar o espectador mais exigente por um roteiro menos perdido, que apenas tem como recurso alternativo se apoiar no carisma do elenco ou do final feliz. Uma trama de premissa cerebral requer um desenvolvimento à altura. O elenco corre incessantemente na busca pela precisão, mas o único elemento benéfico da trama – caracterizando a improvisação como norma de conduta – mora no imprevisível, que até empolga, mas apenas como entretenimento rápido. Sam Worthington sustenta a trama unicamente a base de carisma, deixando seu talento muito superficial – principalmente na interação com a negociadora que não se destaca – onde não rola química nenhuma com Elizabeth Banks, deixando a dupla desproporcional. Ed Harris como vilão é fantástico, mas não foi nesse filme que ele demonstrou seu talento. Enquanto os destaques se equilibram numa trama que balança com o vento nova-iorquino, o irmão do protagonista com sua namorada roubam as melhores cenas da ação. 

Detalhe que sempre me chama a atenção nos pôsteres dos filmes é quando as distribuidoras colocam pequenas fotos do elenco principal para destacar de forma complementar as informações do longa e valorizar o mesmo. Valorizar o elenco ou cumprir com alguma cláusula de contrato que exija esse implemento. A narrativa adotada pela direção, que sustenta a trama prioritária de "À Beira do Abismo", onde há a negociação, mesmo sendo mantida até o ultimo segundo, descarta qualquer esforço para torná-la realmente relevante na história. Enquanto isso, a execução da trama paralela, rouba literalmente a cena. Enfim, com uma proposta ambiciosa e uma execução sem grandes surpresas, "À Beira do Abismo" nos apresenta um thriller de suspense despretensioso e comercial, distante da realidade, em um cenário meramente monótono diante das possibilidades. Com um desfecho bagunçado e de difícil compreensão, a satisfação do espectador fica por conta do formato tradicional que a história tomou, ao qual é feito para agradar o mais comum dos espectadores.

2 comentários:

  1. Assisti esses dias. É, dá pra tapear, mas é bem previsível. Abraços!

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    1. gosto do Sam, mas se ele não tivesse tirado o diamante do bolso do Ed teria dado um côco. Uhmmmm!

      Abraço

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