sexta-feira, 17 de maio de 2019

Crítica: Green Book: O Guia | Um Filme de Peter Farrely (2018)


O ano é 1962 e o preconceito racial é visível em boa parte dos Estados Unidos. Quando Tony “Lip” Vallelonga (Viggo Mortensen), um segurança ítalo-americano bastante fanfarrão que fica desempregado após a boate na qual ele trabalhava fechar para reformas, Tony consegue um trabalho de motorista particular para o Dr. Don Shirley (Mahershala Ali), um famoso pianista de jazz negro que necessita fazer uma turnê pelo sul dos Estados Unidos. Seguindo as dicas do “Green Book”, um guia de sugestões direcionado a negros com várias opções de hospedagem e restaurantes indicados para afro-americanos, os dois atravessam o país de carro numa difícil jornada. Submetidos ao longo da turnê aos efeitos nocivos do racismo, ambos devem deixar de lado suas diferenças para conseguir sucesso nessa perigosa jornada. “Green Book: O Guia” (Green Book, 2018) é uma longa-metragem estadunidense do gênero comédia dramática escrita por Nick Vallelonga (filho de Tony Vallelonga), Brian Hayes Currie e Peter Farrely. Dirigido por Peter Farrely, essa produção é inspirada em fatos reais baseados em entrevistas dadas por Tony e Shirley, além das cartas enviadas a sua mãe por Tony. O filme teve sua estreia no Festival de Cinema de Toronto e recebeu o People´s Choice Awards, uma honraria dada a filmes populares no festival. Entre várias indicações e prêmios obtidos em diferentes festivais, o filme também recebeu o Oscar em 2019 nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Mahershala Ali), Melhor Roteiro Original e Melhor Filme.

Green Book: O Guia” tem uma familiar combinação de sucesso. Esse choque de realidades, onde personagens de diferentes naturezas físicas, sociais e comportamentais são colocados frente a frente em meio a circunstâncias às vezes incomuns já foram exploradas em realizações como em “Melhor é Impossível”, de 1998 ou “Intocáveis”, de 2011. Igual a esses filmes, “Green Book: O Guia” também tem no desenvolvimento de uma inesperada amizade esse curioso choque que é igualmente delicioso de se acompanhado. O filme que tem uma reconstituição de época elegante, uma atuação de Mahershala Ali de grande presença e uma performance impagável de Viggo Mortensen, que fazem desse filme uma experiência cinematográfica super divertida sem deixar sua força crítica ser prejudicada. Embora os aplausos sejam voltados pela entrega competente de Mahershala Ali, é de Viggo Mortensen as melhores passagens do roteiro. Aquelas que fazem de uma obra dramática séria ganhar o tom leve e cômico que levam multidões aos cinemas. Além de abordar um tema relevante e delicado que se passa em momento complicado da história americana, o filme consegue ser acessível sem cair no abismo do banal. E esse sucesso possivelmente é atribuído pela química que flui nas atuações dos dois personagens principais.

Embora “Green Book: O Guia” não traga ao espectador nada de inédito, seu material de sucesso poderia a meu ver ser fabricado em escala industrial, pois tamanho é o meu agrado por filmes assim. O diretor e roteirista Peter Farrely apresenta um filme simples e bem realizado, objetivo em sua proposta e profundamente divertido que vale ser conferido não apenas por seu reconhecimento de público e crítica, mas porque deveria haver mais exemplares feito esse a disposição do público todos os anos.

Nota:  8,5/10

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