sábado, 18 de maio de 2019

Crítica: Bem-Vindo à Marwen | Um Filme de Robert Zemeckis (2018)


Em 8 de abril de 2000, o aspirante a desenhista de quadrinhos Mark Hogancamp (Steve Carell) torna-se vítima de um violento ataque onde cinco homens o espancaram na rua e o deixaram para morrer. A motivação do crime? Mark revelou após alguns drinques que era eventualmente adepto de crossdresser. Após o ataque, Mark teve danos cerebrais que apagaram da memória quase tudo sobre sua vida anterior ao crime. Como medida de terapia para recuperar as memórias de seu passado, Mark constrói em sua casa uma pequena vila em miniatura ambientada na Segunda Guerra Mundial chamada Marwen para tratar as sequelas do ataque e se recuperar do trauma que o crime causou. Mas os demônios que usurparam sua paz voltam a atormentá-lo quando sua figura é solicitada como necessária no tribunal e seu testemunho imprescindível para levar justiça aos seus algozes agressores. “Bem-Vindo à Marwen” (Welcome to Marwen, 2018) é uma produção estadunidense dramática dirigida por Robert Zemeckis, que co-escreveu o roteiro com Caroline Thompson. Inspirado no elogiado documentário “Marwencol”, de 2010, realizado por Jeff Malmberg, que explora a vida e a obra do artista e fotógrafo Mark Hogancamp, o cineasta Robert Zemeckis entrega um filme recheado de efeitos visuais bacanas e com mais uma ótima performance de Steve Carell, que já tem enfileirado excelentes atuações as vezes em filmes nem sempre tão bons.

O cineasta Robert Zemeckis tem na sua carreira filmes de um brilhantismo único, tanto no quesito técnico ou narrativo que o ajudaram a construir uma reputação de sucesso que atravessa décadas. Porém também há filmes menores, ainda que funcionais e providos de grandes qualidades na sua essência, mas que ficam devendo ao espectador mais emoção. “Bem-Vindo à Marwen” é um desses filmes. Uma catástrofe de bilheteria (o filme custou 40 milhões de dólares e não faturou nem 3 milhões), ainda foi bastante criticado por críticos pelo resultado. Embora a atuação de Steve Carell tenha seu brilho, a narrativa que alterna a sua realidade com mundo imaginário de Marwen criado por efeitos visuais de primeira linha seja de um brilhantismo impecável, o conjunto da obra não tem força. O problema é que o aspecto que mais desencadeia elogios, que é o quesito técnico também prejudica os outros aspectos do filme. “Bem-Vindo à Marwen” não proporciona emoção ou pelo menos não na proporção necessária. As engenhosas inserções digitais ligadas ao mundo de Marwen quebram a conexão humana do espectador com a difícil condição da realidade de Mark Hogancamp. Em tese a ideia é muito boa, mas na prática ela não funciona com o devido efeito causando a sensação da necessidade de ajustes.

Sobretudo, “Bem-Vindo à Marwen” é um filme interessante de se acompanhado que apenas precisava de um trabalho mais atento no roteiro. O arco da trama envolvendo sua pretensão amorosa pela recém-chegada vizinha interpretada por Leslie Mann dá e tira a esperança de um recomeço que não cai bem para a obra. As passagens envolvendo a bruxinha belga também são em sua maioria mais desagradáveis do que funcionais, apenas salvando-se em uma passagem onde Robert Zemeckis nos presenteia com uma nostálgica homenagem a um de seus clássicos filmes. Mesmo não sendo um grande filme de Zemeckis, estando mais na altura de “A Travessia” do que de suas icônicas realizações, “Bem-Vindo à Marwen” é um filme interessante para ser descoberto na telinha.

Nota:  6,5/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário