sábado, 27 de abril de 2019

Crítica: Eu te Matarei Querida | Um Filme de Roger Michell (2017)


Inglaterra, no ano de 1830. Phillip (Sam Claflin) é um órfão de família aristocrata que foi levado e adotado por seu primo, Ambrose (Deano Bugatti), ainda quando era apenas uma criança. Porém o tempo passou e Ambrose depois de muitos anos se casou, mas não viveu muito para aproveitar esse momento, pois morreu pouco tempo depois do seu casamento. Responsabilizando a desconhecida viúva, Rachel (Rachel Weisz), pela sua fatídica perda de seu pai adotivo e também primo, Phillip traça um plano de vingança contra a misteriosa mulher que até então somente sabia da existência dela por cartas enviadas por Ambrose. No entanto os planos não correm de acordo como o planejado quando ele passa a viver sob o mesmo teto que ela, onde se apaixona profundamente pela envolvente prima. “Eu te Matarei, Querida” (My Cousin Rachel, 2017) é um drama de romance e mistério escrito e dirigido por Roger Michell, cineasta que ficou famoso após o sucesso da comédia romântica chamada “Um Lugar Chamado Nothing Hill”, de 1999, que havia sido estrelado por Julia Roberts e Hugh Grant. Adaptado de um romance da escritora britânica Daphne du Maurier publicado em 1951 (autora de obras que inspiraram filmes como “Rebecca” e “Pássaros”, ambos realizações cinematográficas de Alfred Hitchcock), esse longa-metragem é uma refilmagem de um filme de 1952, estrelado por Richard Burton e Olivia de Havilland e dirigido por Henry Koster. Entre erros e acertos, essa produção divide facilmente o público ainda que se mostre competente em sua proposta.

Eu te Matarei, Querida” é uma sutil crítica a uma sociedade machista que não aceita a possibilidade de que uma mulher tenha liberdade, independência e opinião própria. Ponto para essa produção. Com a trama se passando numa Inglaterra vitoriana brilhantemente caracterizada por um conjunto técnico impecável e sem exageros visuais, uma narrativa que envereda por uma atmosfera de suspense funcional e ainda tendo em sua linha de frente uma dupla de protagonistas de respeito como Sam Claflin e Rachel Weisz no elenco principal, que provavelmente são as duas melhores coisas desse longa-metragem, fica difícil acreditar que o filme nunca realmente deslancha na tela. Ainda que as atuações sejam boas, o enredo demostre engenhosidade e o apuro crítico passe sua mensagem com descrição e clareza, é curioso ver a pouca força que essa produção exerce sobre o público e como ela rendeu críticas negativas ao longo do tempo. Embora eu já conhecesse sua reputação de longa data, algumas críticas odiosas a seu respeito não conferem com a excelência que Roger Michell imprimiu em seu trabalho. O filme tem uma iniciativa positiva em sua essência, boas ideias em seu desenvolvimento e uma construção de atmosfera dada por atuações que merecem toda a consideração do público, mas deve por um desfecho mais cinematográfico. Se Roger Michell acerta na construção de expectativas sobre as reais e nunca claras intenções da aproximação de Rachel com a figura de Phillip, erra feio ao entregar um desfecho que funcionaria melhor nas paginas de um romance qualquer.

A difícil tarefa dos personagens de ganhar a empatia do espectador, que em alguns casos se mostrou fracassada, limitam o alcance e a força desse longa-metragem. Erro que levou essa produção a angariar inúmeras críticas negativas. Por isso, “Eu te Matarei, Querida” é um filme capaz de fazer o espectador amá-lo ou odiá-lo. Mas independente do seu veredicto, não anula as suas qualidades mesmo que elas não sobressaiam seus defeitos.

Nota:  6,5/10

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