terça-feira, 30 de abril de 2019

Crítica: Bird Box | Um Filme de Susanne Bier (2018)


Diante de um suicídio em massa ocasionado por uma entidade de origem desconhecida, os poucos sobreviventes desse fenômeno lutam para se manterem vivos. Depois de cinco anos sobrevivendo em meio a uma sociedade que foi incitada a cometer suicídio sem razões aparentes, Malorie (Sandra Bullock) e duas crianças põem em prática um plano desesperado de encontrar um lugar seguro. Porém essa perigosa jornada torna-se ainda mais longa e difícil por terem que fazer as cegas, pois expor o sentido da visão diante da misteriosa criatura que vaga as redondezas pode ser fatal. “Bird Box” (Bird Box, 2018) é uma produção estadunidense de suspense e terror escrita por Eric Heisserer e dirigida pela cineasta dinamarquesa Susanne Bier (responsável por filmes como “Depois do Casamento”, “Em um Mundo Melhor”, “Serena”, entre outros mais). Inspirada no livro de mesmo nome de Josh Malerman, publicado em 2014, o filme é estrelado por Sandra Bullock, John Malkovich, Trevante Rhodes, Sarah Paulson, Rosa Salazar, entre outros. Um dos maiores hype lançados pela Netflix nos últimos tempos, seu enredo é contado através de duas narrativas distanciadas por uma linha de tempo de cinco anos.  Onde uma demonstra os eventos que levam as pessoas a cometerem o suicídio, e outra que acompanha Malorie e as duas crianças, descendo completamente vendados um rio por uma floresta em direção a um suposto lugar seguro.

Os aspectos peculiares impressos no enredo e na narrativa de “Bird Box” são determinantes para amá-lo ou odiá-lo. Isso vai variar muito de espectador para espectador. Entre muitos dos comentários que li sobre essa produção em portais de cinema como o IMDB, muitas de suas qualidades eram apontadas por uma boa parcela de espectadores como defeito. O enredo que lança uma premissa curiosa na tela que é explorada como uma espécie de combinação elaborada de outros filmes em um único enredo. O desenvolvimento tenso proporcionado pelo ritmo da narrativa que alterna numa inteligente edição entre as duas linhas de tempo é de uma elaboração bastante funcional para prender a atenção do espectador. O filme que é dotado de pouca transparência quanto às circunstâncias as quais os personagens são submetidos ao longo do desenvolvimento do enredo, agrega muitas sutilezas aos detalhes, tornando esse filme tão obscuro quanto fascinante. Recheado apenas com pistas, alguns questionamentos nunca foram esclarecidos. A decisão de nunca mostrar um corpo físico para a ameaça presente que sempre se sugeria estar nas proximidades, tornou-se uma decisão da direção tão delicada quanto inteligente. O medo do desconhecido acaba ultrapassando os limites da tela e os receios dos personagens são absolvidos pelo espectador, que também desconhece a face do mal que aflige os suicidas. O sentimento de imersão se eleva no lado de cá da tela e as regras propostas aos personagens passam a ser obrigatoriamente do público também. O elenco que é encabeçado pela talentosa Sandra Bullock, ganha um elenco de apoio à altura e bastante funcional.

Bird Box” oferece uma boa dose de mistérios sem respostas claras, mas um desenvolvimento consciente sobre esse aspecto. Os derradeiros questionamentos presentes no filme ganharam a internet, onde teorias acerca da ameaça da qual toma a humanidade é associada como uma espécie de metáfora como sendo a doença da depressão. O final esperançoso é um brinde concedido pela direção de Susanne Bier, habituada a se envolver em projetos melodramáticos. Em resumo, o filme tem um potencial que naturalmente poderia ser mais bem explorado, mas ainda assim se mantem interessante com o material que apresenta. “Bird Box” é um daqueles filmes que após a sessão fazem o espectador pensar, o que ao meu ver merece algum respeito.

Nota:  7,5/10

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