segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Crítica: O Homem do Tai Chi | Um Filme de Keanu Reeves (2013)


Há vários astros do cinema que já arriscaram a incursão na cadeira de diretor. Nomes como Ben Affleck, George Clooney, Sean Penn, Mel Gibson, Jodie Foster e Joseph Gordon-Levitt são alguns exemplos de grandes atores e atrizes que buscaram elevar seus sucessos pessoais através da direção de longa-metragens. Mas naturalmente, nem todos foram tão bem atrás das câmeras quanto enfrente delas, ou pelo menos permaneceram no auge por muito tempo nessa função. Por isso, “O Homem do Tai Chi” (Man of Tai Chi, 2013) é uma produção de ação ambientada na China focada nas artes marciais que também é a estreia de Keanu Reeves como realizador de um longa-metragem. Anulando esse interessante aspecto, o da estreia de Reeves como diretor, essa produção carece infinitamente de qualidades. Ainda que tecnicamente impecável até certa altura do desenvolvimento, com todos os requintes visuais típicos de filmes made in Hong Kong, seu filme se perde pela estrutura clichê que foi adotada e pela história pouco fundamentada sobre a essência do Tai Chi. Reeves limita-se a realizar uma história desnecessária de ser contada que ressoa sobre produções B protagonizadas por Jean-Claude Van Damme como “O Grande Dragão Branco” (1988). Em sua trama acompanhamos um jovem praticante de Tai Chi que se distancia de sua vida pacata em Pequim e se envolve em um jogo de lutas ilegais comandado por um grupo criminoso que faz desses combates mortais um reality show direcionado para seletos espectadores.

 
O Homem do Tai Chi” é protagonizado por Tiger Hu Chen (artista marcial presente em filmes como Matrix Reloaded e Kill Bill), que como ator ele é um exímio lutador. Pouco expressivo e limitado pelo roteiro simplista, sua participação só não é mais constrangedora quanto à do próprio Reeves, que após uma desconcertante participação em “47 Ronins” (2013), prova o quanto alheio está sobre as particularidades do Oriente. Enquanto Tiger Chen não convence como protagonista e não desperta o carisma necessário para envolver o espectador em sua jornada para a redenção, como Keanu Reeves se mostra deslocado como vilão, tanto nas passagens de interpretação quanto em um combate de força desproporcional que parece oriundo de alguma sequência de “Matrix” (1999). Automaticamente se reduz em seu próprio filme. Por isso “O Homem do Tai Chi” é, sobretudo um espetáculo visual garantido por ótimas cenas de luta e nada mais. Coreografadas e executadas com precisão, os embates são violentos e por vezes exaustivos aos oponentes, mas completamente desprovidos de sangue para desagrado dos mais aficionados por violência crua. A inserção de uma trama policial paralela aos eventos em volta de Tiger Hu Chen vem somente para engordar um material desprovido de foco, como o próprio romance dele que não esboça a menor química e empolgue os mais sensíveis. “O Homem do Tai Chi” é cercado de propósito, embora jamais se firme nele com o devido embasamento. Se para os espectadores dessa produção o Tai Chi ainda está cercado de mistérios, isso é porque Keanu Reeves ainda não entende o Oriente e muito menos de direção.

Nota:  4/10

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