sábado, 28 de setembro de 2013

Crítica: Guerra Mundial Z | Um Filme de Marc Forster (2013)


Se Hollywood fosse uma concessionária de carros, a maioria dos Blockbusters lançados nos últimos anos seriam de certo modo como relíquias customizadas. Antigos sucessos que cativaram milhares de pessoas no passado e que agora ganham uma nova estética visual, um melhor acabamento e proporções inimagináveis bem superiores ao seu primeiro modelo para continuar a fazer sucesso. E "Guerra Mundial Z" (World War Z, 2013) seria sem dúvida alguma o relançamento de um clássico dos anos sessenta monstruosamente potencializado pelos infinitos recursos que a industria atual dispõe. Sobretudo a seu favor, ainda teve a sua disposição o melhor garoto propaganda que qualquer especialista em marketing desejaria, já que essa produção era constantemente mencionada como o filme de Brad Pitt, e não dos zumbis que levam o mundo ao completo caos. Baseado no livro de Max Brooks, e com o roteiro escrito a três mãos (Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard e Damon Lindelof), essa produção traz ao espectador a velha premissa de uma doença desconhecida que se espalha rapidamente pelo mundo, transformando as pessoas em vorazes zumbis. A velocidade com que a doença se espalha é assombrosa, obrigando o governo americano a recrutar Gerry Lane (Brad Pitt), um ex-investigador da ONU (Organização das Nações Unidas) para investigar a origem da epidemia que toma proporções catastróficas. Relutante por abandonar sua família, sua esposa Karen (Mireille Enos) e suas duas filhas, que ficaram sob os cuidados da ONU, Gerry viaja pelo mundo em busca da cura, indo da Coréia do Sul a Israel sob constantes perigos. Percorrendo o caminho inverso da contaminação, Gerry vai juntando pistas que podem ser a salvação da humanidade diante de uma infestação descontrolada, ou pelo menos uma forma de evitar que ela se propague ainda mais.


Antes de mais nada, talvez seja imprescindível que se mencione que "Guerra Mundial Z" é sobretudo, uma surpresa positiva. Por quê? Após vários problemas em sua realização (praticamente o terceiro ato foi todo refilmado estourando o orçamento em milhões, além dos constantes atritos entre Brad Pitt e o diretor Marc Forster que tiveram diversas divergências quanto ao rumo da história), esse longa-metragem se mostrou bem superior do que se esperava de uma produção problemática feito essa. Abordando a contaminação em âmbito global (geralmente os filmes de zumbis restringem a um local específico, apenas objetivando a sobrevivência) acompanhamos a cruzada de Gerry Lane por vários cantos do mundo em busca de uma cura, ou pelo menos algo que possibilite a proximidade disso. Com um desenvolvimento eficiente de personagens, tanto do protagonista, quanto dos personagens que cruzam seu caminho, a experiencia de Marc Forster em contar histórias de apelo dramático se fez notável, conseguindo criar um exemplar eficiente desse subgênero do terror. Com uma tensão angustiante precedendo sequências de ação monstruosas (o surgimento dos zumbis na Filadelfia é avassaladora pelos contornos de caos de origem desconhecida, como a tomada de Israel é angustiante por parecer que não há para onde fugir) Forster se mostra habilidoso em equilibrar os distintos momentos. A tensão que antecede os ataques dos zumbis, prende os olhos na película, enquanto os ataques dos zumbis (capazes de correr de modo sobre-humano) tornam-se consequentemente assustadores. Se em "007 Quantum of Solace" Forster pecou profundamente nas cenas de ação, aqui ele se redime: estão ótimas independente dos exageros. Apesar de algumas escolhas e soluções forçadas em sua estrutura, ainda assim se mostram inofensivas diante da linearidade do conjunto acentuado por uma trilha sonora fascinante de responsabilidade de Marco Beltrami.

Em resumo,"Guerra Mundial Z" cumpre seu papel com eficiência. Ao se arriscar em expandir os limites de uma praga capaz de dizimar a natureza humana da face da terra, aposta alto em sua escolha pretensiosa e acerta em reduzir o ambiente de desfecho a um campo menor. Aplica os grandes momentos de ação computadorizada e perseguições no melhor estilo Blockbuster em seu desenvolvimento, gerando cenas de ação emocionantes nunca antes visualizadas com zumbis, e confere uma grande dose de tensão e dramaticidade ao gran finale proporcionado pelo astro Brad Pitt . Apesar da ação ser o combustível motor dessa produção, o que levou naturalmente milhares as sessões de cinema, o espectador ganha também uma trama ligeiramente cerebral e bem amarrada que desperta carisma com facilidade. E pelo reconhecido e promissor resultado dessa produção, que já foi anunciado ter uma sequência confirmada, o espectador ganha por ter a chance de ver o primeiro episódio de uma promissora franquia. 

Nota:  8/10

4 comentários:

  1. hahahaha ótima analogia meu amigo, Hollywood é mesmo uma concessionária, rs!

    Eu me decepcionei com esse filme, sei lá. certamente irei revê-lo e vou confessar que tenho mais predileção pelos zumbis mais clássicos a la Romero e o tipo de retomada, ainda nesse estilo "menos agitado" que a série The Walkind Dead vem fazendo. Curti "Madrugada dos Mortos" e "Extermínio" onde os monstros comedores de carne humana eram consumidores de Red Bull, pq, né? rs Até gosto de novas propostas em qualquer seguimento e gênero (agora é comum os filmes de Zumbis trazerem um cenário mais lastimável, hospitais, epidemias, uma espécie de hiper-realidade), o problema desse filme é o roteiro e as complicações durante sua realização. As brigas entre o diretor Foster e o astro Brad Pitt que hoje tem controle absoluto nos filmes que produz e atua (exceto em algumas exceções como produções do amigo Soderbergh e filmes do Tarantino). Enfim, Guerra Mundial Z não foi tudo aquilo que eu esperava. Veremos a tal continuação.

    Abs.

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    1. Particularmente o julgo um bom filme, justamente porque esperava um completo desastre (muito disso porque acompanhava atento aos problemas de pré-exibição). Não esperava nada além de monte de efeitos visuais e muita correria, embora haja também. Mas eu fiquei surpreso com a carga dramática conferida a essa produção (apesar da aparência mecânica com que ela se desenvolve) que me cativou não somente por essa produção em especial, mas também por me convencer da necessidade real, e não somente mercadológica, de haver uma sequência. Um filme com os acontecimentos anteriores a esse filme seria interessante (com uma abordagem sobre a origem do vírus de modo original, o qual a introdução suponho eu já tenha dado pistas), como um desfecho que desencadeie esperança por um futuro melhor para um terceiro episódio seria essencial para se tornar uma franquia memorável. Opinião minha é claro!

      abraço

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  2. Mais um filme de Zombies, gostei da cena da muralha e de não encontrarem a cura, acho que a sequecia só vai ter mais correria e se tiver um terceiro vai ser como Against the Dark com Steven Seagal kkk.
    Eu acho que o ultimo filme de Zombies que eu assisti e gostei foi Exit Humanity :s

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    1. A cena da muralha é top mesmo. Imagino que a sequência venha ser algo como "Guerra Mundial Z - A Origem". Imagino pelo menos... isso não é fato.

      abraço

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