quinta-feira, 20 de junho de 2013

Crítica: Vidas em Jogo | Um Filme de David Fincher (1997)


Nicholas Von Orton (Michael Douglas) é um multimilionário de poucos amigos. Separado da esposa, vive sozinho em uma mansão de propriedade antiga de sua família, apenas na companhia da governanta que o acompanha desde a infância. Na data em que completa 48 anos de idade - mesma idade em que seu pai tinha, quando cometeu suicídio ao jogar-se do telhado da casa – seu distanciado e irresponsável irmão Conrad (Sean Penn) lhe presenteia com um inesperado convite, para participar de um jogo de regras enigmáticas conduzido por uma empresa misteriosa que pode mudar a sua vida, como presente de aniversário. Assim, o mundo monótono de Nicholas se transforma em caos, quando começa o jogo e coisas misteriosas começam a acontecer. “Vidas em Jogo” (The Game, 1997) é um trabalho pouco mencionado da filmografia de David Fincher, entretanto, não deixa de ser igualmente relevante em comparação a outros longas do cineasta, que ganhou o mundo com “Seven” (1995) e se afirmou definitivamente com outros trabalhos posteriores na década seguinte. Essa produção não é um suspense qualquer, mas um exercício de estética e narrativa, que mais tarde se definiria em “Clube da Luta” (1999), que também prega em seu enredo, o desprendimento do materialismo e uma atitude reacionária diante do conformismo do sistema social que consome o ser humano. “Vidas em Jogo” é o irmão mais velho de uma ideia que se tornou mais expressiva através de “Clube da Luta”.


Seu brilhantismo mora em parte no roteiro de John Brancato e Michael Ferris, que trás uma trama improvável e ao mesmo tempo interessante, bem traduzida no simples título. Um fracasso de bilheteria estadunidense (e aqui também) muito se deve ao contexto pretensioso de delicado da trama, que se diferia expressivamente do produto comum de Hollywood. O elenco composto por estrelas como Michael Douglas, Sean Penn e Deborah Kara Unger, funciona afinado numa trama bem amarrada que revela pouco, e numa medida que prende a atenção do espectador, mostra que nada é o que parece, sob um clima de tensão conspiratória impressionante – confunde e dá voltas na mente do espectador – até culminar num desfecho imprevisível (deveras exagerado) e impactante. Toda estrutura técnica colabora para acentuar excelentes interpretações, através de uma narrativa que esbanja talento de um cineasta que se mostrou no futuro inquestionavelmente capaz. “Vidas em Jogo” não é impecável, mas ao mesmo tempo, não justifica a pouca repercussão que teve na carreira do cineasta. Trata-se de uma produção elegante e conduzida com genialidade a altura de produções peculiares da época. Naturalmente não é revolucionário como “Clube da Luta”, mas se mostra um bom suspense que merece ser visitado.

Nota: 7,5/10

2 comentários:

  1. Complicado falar. Sou fã de David Fincher desde Seven (bem lembrado no topo do pôster do filme, acima). Este filme me pegou de jeito, quando o vi pela primeira vez quando lançaram em vídeo.

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    1. Assisti no cinema. Fiquei tonto com o final que não terminava, onde a farsa não se confirmava em sua totalidade. Show! Lamentável que muitos espectadores desconheçam esse longa ainda hoje, devido a falta de menção sobre a obra.

      abraço

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