sexta-feira, 24 de maio de 2019

Crítica: Mademoiselle Vingança | Um Filme de Emmanuel Mouret (2018)


França, no ano de 1750. Madame de La Pommerayne (Cécile de France) é uma nobre aristocrata que depois de viúva passa a viver reclusa em sua casa distante dos círculos sociais de Paris e alheia aos assuntos do mundo. Concedendo hospedagem ao obstinado Marques de Arcis (Edouard Baer), o galanteador homem tenta astutamente por vários meses conquistar o coração de sua anfitriã. Embora ela tenha resistido a atender as constantes investidas do homem, sua determinação a conquistou e ela decide assumir um compromisso que a leva ao casamento. Mas anos de união se passaram e o tédio tomou o relacionamento algo sufocante e o Marques pede a separação. Mas mesmo depois da separação, ainda que Madame estivesse magoada e ressentida pelo abandono, eles mantem uma espécie de amizade e confidência. Mas em meio a essa doce e pacífica relação, Madame arquiteta em segredo um plano de vingança para que o Marques prove de seu próprio veneno. “Mademoiselle Vingança” (Mademoiselle de Joncquières, 2018) é um drama de época francês escrito e dirigido por Emmanuel Mouret. Inspirado no romance Jacques the Fatalist, de Denis Diderot, o filme aborda a temática clássica da vingança em um produto visualmente belo e requintado, porém de pouca força e pouco bom senso.


Mademoiselle Vingança” tem em sua aparência e argumento seu maior atrativo. Seu visual que é cuidadosamente bem feito e os diálogos dados em tom de poesia que são bastante característicos do período em que se passa a trama são de uma alegria para os olhos e de uma musicalidade para os ouvidos. Existe uma reconstituição de época bastante competente na tela dada por um conjunto técnico excepcional e uma trama de vingança de natureza bastante contemporânea em sua essência. Seu enredo se encaixaria perfeitamente em uma comédia romântica norte-americana se não fosse pela sua aparência vitoriana. Mas os diálogos grandiloquentes e o enredo que pouco se movimenta de modo interessante, dado por passagens incoerentes e excessos de floreios, tornam sua trama uma longa viagem de marasmo onde muito se planeja e pouco acontece. Mesmo que o elenco atenda as necessidades do projeto, com atuações bem entregues e o plano de vingança proceda de acordo como foi articulado nas sombras, os eventos não possuem força e o resultado não proporciona impacto. Ainda que seu desfecho agrade (as caras e bocas de Cécile de France são bastante engraçadas),  o seu final também não impressiona quem alimenta muitas expectativas em relação a esse momento. Todo o capricho empregado em sua aparência e forma se torna um pouco raso quando se espera algumas emoções inesperadas. A verdade é que falta um pouco de tempero a esse produto francês

Por isso, “Mademoiselle Vingança” pode ser considerado um bom drama de época que não passa de um satisfatório passatempo que possivelmente vai apenas agradar os fiéis apreciadores de filmes de época que tem sua trama desenvolvida sobre as terras do Velho Mundo. Embora esteja longe de ser um filme ruim por suas comuns deficiências, também está distante de ser algo memorável mesmo que ostente agradáveis qualidades.

Nota:  6,5/10

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