Xavier (Romain Duris) é um jovem estudante francês de economia que almeja um cargo no departamento governamental através de um contato influente da família. Profissionalmente limitado, o jovem é aconselhado pelo contratante a fazer um intercambio na Espanha para se familiarizar com sua economia e idioma. Assim ele decide viajar para Barcelona através de um programa de intercâmbio chamado “Erasmus” em busca de melhorias em relação a seus conhecimentos técnicos e culturais. Mantendo um relacionamento à distância com Martine (Andry Tautou), passa a morar provisoriamente na casa de um médico francês chamado Jean-Michel (Xavier de Guillebon) e de sua jovem esposa Anne (Judith Godrèche), quase sempre mantida no estado de solidão. Após algum tempo Xavier passa a morar em uma república com estudantes das mais variadas nacionalidades, que irão direta ou indiretamente render as mais diferentes emoções ao jovem estudante, além do que ele imaginava a princípio. “Albergue Espanhol” (L `Auberge Espagnole, 2002) é uma deliciosa comédia romântica com toques de dramaticidade bem nivelados escrita e dirigida pelo cineasta francês Cédric Klapisch. Trata-se de uma realização que também faz parte de uma trilogia que teve sequência com “Bonecas Russas” em 2005 e brilhantemente finalizada com “O Enigma Chinês” em 2013. “Albergue Espanhol” desencadeia nostalgia no espectador, onde acompanhamos seu protagonista em suas experiências de vida onde ele aprende a compartilhar barreiras verbais e culturais, a superar dificuldades profissionais e pessoais, a lidar com o amor e seus desejos sexuais, tudo de forma natural e conectada com uma realidade perfeitamente articulada em sua proposta.
Se o “Albergue Espanhol” tivesse sido realizado no Brasil, poderia muito bem ser oriundo ou destinado para a televisão. Sua narrativa e estética tem um forte ar televisivo em seu formato. Embora esse aspecto transpareça ligeiramente, seu realizador busca afirmar seu trabalho como sendo um longa-metragem. Um conto encantador com diversas passagens hilárias ligadas a assuntos bem humanos que se afirmam como universais ambientados numa Europa unificada. Cada personagem designa da nacionalidade que representa, como as nuances de suas origens vem a engrandecer a trama no todo. Longe das estereotipadas fraternidades americanas que enaltecem o estilo de vida rebelde de seus alunos, “Albergue Espanhol” está muito bem conectado com o realismo que rodeia a vida de jovens que traçam seu rumo em direção da maioridade na conquista de sua identidade própria e independência. Visualmente simples, ainda que a direção de fotografia venha a conferir certa beleza aos contornos da cidade de Barcelona, Cédric Klapisch não aplica floreios desnecessários para embelezar seu trabalho. A riqueza de seu filme consiste na harmonia dos acontecimentos que rondam cada personagem, sempre se conectando com os demais personagens no foco principal da trama: a jornada de transformação de Xavier por uma terra estrangeira. Grande sucesso de bilheteria no ano de seu lançamento, o filme agrada os mais variados públicos, embora seja composto em sua maioria por personagens jovens que sugere ser o público alvo. Mas curiosamente essa produção detem um ar nostálgico agradável a quem passou pela experiência retratada no filme, esse um público de uma faixa etária mais elevada. Ainda que “Albergue Espanhol” não seja perfeito, é surpreendentemente simples e divertido.
Nota: 8/10
Gostei deste filme, ele toca em temas como a globalização cultural e as experiências da juventude.
ResponderExcluirAinda não assisti aos outros dois filmes da trilogia.
Abraço
O segundo não assisti, mas "O Enigma Chinês" é bem interessante também. Recomendo!
Excluirabraço
Este filme lembra a minha época universitária longe de casa! hehehe
ResponderExcluirÉ comum que essa produção desperte nostalgia em uma boa parcela de espectadores, sendo que as situações nas quais o elenco se envolve estão bem casadas com o realismo.
Excluirabraço