segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Crítica: O Menino do Pijama Listrado | Um Filme de Mark Herman (2008)


A Segunda Guerra Mundial gerou material que serviu de inspiração para muitos cineastas do mundo. Dentre os quais concederam os contornos mais diversificados possíveis a esse capítulo da história da humanidade, de realistas aos ficcionais, que resultaram em alguns casos em obras fascinantes. Com um repertório de enredos diferentes ligados ao mesmo contexto (o Holocausto), há várias histórias diferentes desse período: algumas marcadas por tragédias particulares, operações militares que foram bem ou malsucedidas e acima de tudo, sobre heróis e vilões. Uma guerra que se depender da sétima arte, a humanidade jamais deixará de ser lembrada. E devido a uma infinidade de obras que usam esse período como referência, praticamente criou-se uma espécie de subgênero cinematográfico sobre a temática. "O Menino do Pijama Listrado" (The Boy With the Stripped Pyjamas, 2008) é um bom exemplo de uma retratação original de uma das facetas particular dessa guerra. Baseado no romance de John Boyne, essa produção traz uma perspectiva da guerra, vista sob o olhar de uma inocente criança que testemunhou um dos episódios mais marcantes da humanidade: quando as tropas alemãs à certa altura da guerra passam a "desaparecer" com os judeus. Essa produção se desenvolve ao contar um drama as margens dos campos de concentração de Auschwitz contado sob o olhar de uma criança de apenas oito anos, que não sabe nada sobre preconceito e desigualdade, mas sofre de uma solidão angustiante que encontra remédio num pequenino judeu aprisionado em um dos campos de concentração nazistas. Em sua história, uma família alemã cujo patriarca, um Comandante da SS em ascensão no regime nazista (David Thewils) se muda de Berlin para Auschwitz para comandar as "atividades" do regime nazista nessa região. Residindo nas proximidades do campo, seu filho, Bruno (Asa Butterfield) ele acaba conhecendo um garoto do outro lado da cerca, Shmuel (Jack Scanlon) com quem desenvolve uma grande amizade. Conforme a amizade desses dois garotos se intensifica, vários mistérios das redondezas de sua casa começam a ser esclarecidos.

Com direção e roteiro de Mark Herman, "O Menino do Pijama Listrado" exibe ao espectador uma fábula provida de inocência e sensibilidade, que respeita rigorosamente as qualidades de sua fonte de inspiração literária. Com excelentes interpretações do inexperiente elenco mirim, com destaque para Asa Butterfield, que confere leveza a seu personagem, e de sua mãe, Elsa (interpretada por Vera Farmiga), numa interpretação dramática desprovida de exageros desnecessários. Além disso, uma abordagem que recria com habilidade a atmosfera de uma Alemanha em plena guerra, Herman surpreende pela suavidade com que constrói as imagens que se espalham pelo longa-metragem. Sem apelar para derramamentos de sangue ou shows pirotécnicos comuns em filmes do gênero, ele desenvolve sua trama de modo unicamente dramático (o que basta para prender a atenção do espectador). Ganha expressivos pontos com a direção de fotografia de Benoit Delhomme, que traz brilho e cores a uma trama de enredo tenso que proporciona imagens de um visual de grande beleza e lirismo. Evidentemente tira sua força por não causar choque, mas não debilita a ponto de atrapalhar o desenvolvimento da história focada propriamente na relação dos personagens (principalmente no processo onde as crianças passam a se conhecer melhor, que certamente geram as melhores cenas). "O Menino do Pijama Listrado" é sem dúvida nenhuma um excelente filme que elucida o trágico episódio do Holocausto de modo envolvente. Mostrado com delicadeza, competência e consciente de sua proposta, Hermann gera uma ótima obra que merece ser conhecida.

Nota:  7,5/10

2 comentários:

  1. É, depois de ler o livro fiquei com muita vontade de assistir o filme. O livro não precisou relatar explicitamente nada do horror do Holocausto, mas através dos olhos de Bruno e suas indagações recebemos algumas informações, mas a nós fazem bem mais sentido do que ao inocente menino. O final me comoveu bastante.
    Obrigada por compartilhar o link da tua postagem :-)
    Um abraço!

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    1. O final, tanto no livro quanto no filme é o grande atrativo da história aqui retratada. Um ótimo filme. Obrigado pela visita!

      abraço

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