sexta-feira, 31 de maio de 2019

Crítica: Fahrenheit 451 | Um Filme de Ramin Bahrani (2018)


Em um futuro distópico onde os livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas crimes e o pensamento crítico não são incentivados, o bombeiro é um profissional desfigurado na imagem de um incendiário e responsável por queimar livros e caçar pessoas que são contrárias às ideias do regime totalitário que regem as regras do sistema em vigor. Guy Montag (Michael B. Jordan) é um bombeiro e uma ferramenta bastante funcional ao sistema e aos propósitos de seu chefe, o Capitão Beauty (Michael Shannon), que o tem treinado a muitos anos para sucede-lo no cargo. Mas o seu contato com Clarisse McClellan (Sofia Boutella), uma espécie de estorvo para o governo o faz com que comece a questionar suas atitudes e todas as regras dominantes dessa sociedade. “Fahrenheit 451” (Fahrenheit 451, 2018) é uma produção estadunidense de drama escrita e dirigida por Ramin Bahrani. Inspirada no livro Fahrenheit 451 de Ray Bradbury, o filme é estrelado por Michael B. Jordan, Michael Shannon, Sofia Boutella, Lilly Singh, Laura Harrier, Andy McQueen e Martin Donovan. Produzido pela HBO Films, a sua estratégia de releitura das páginas de sua inspiração preserva de certo modo os seus conceitos revolucionários, adiciona novas ideias ao enredo e apresenta uma dupla de protagonistas fantástica. Mas o filme desperdiça os atrativos do romance de Ray Bradbury em uma produção equivocada (há também um filme de 1966, estrelado por Oskar Werner, Julie Christie e Cyrill Cusak), e não sequer se aproxima de fazer uma homenagem à altura da excelência de sua inspiração.

Embora a maioria das séries produzidas pela HBO consegue alcançar um nível de excelência bastante satisfatório, nem sempre, ou quase nunca suas produções de longa-metragens atingem o mesmo nível de qualidade. Esse é o caso de “Fahrenheit 451”. O filme falha em vários aspectos, ao não conseguir construir uma atmosfera cinematográfica adequada; ao não aproveitar as qualidades literárias de sua inspiração; e desperdiçar o talento e carisma de uma dupla de protagonistas que andam se envolvendo em outras produções muito boas. Seu futuro distópico tenta dialogar com as novas gerações adeptas de lives e likes ao fazer transmissões ao vivo de prisões e incentivar a ação inútil de curtir o resultado das missões. O livro lança uma mensagem crítica sobre um sistema totalitário e manipulador que o filme não passa com a devida fluência. O texto de Ray Bradbury em certos momentos até está presente, mas sem força devido à má construção do conjunto. Enquanto Michael B. Jordan é vitimado pela pouca profusão do roteiro de Ramin Bahrani, o ator Michael Shannon sobrevive melhor diante de várias escolhas narrativas equivocadas. Seu personagem que oscila entre a obediência cega e a consciência das falhas do sistema, se mostra sendo a melhor coisa de um filme repleto de falhas. Uma curiosidade: o número 451 é a temperatura (em graus Fahreinheit) para a queima do papel.

Fahrenheit 451” insiste em se distanciar de uma obra que não precisava modernizações radicais para ganhar valor. Suas mudanças são apenas artifícios de embelezar um produto (com a adição de efeitos visuais batidos) que não agregam nada as mensagens que a obra literária emplaca. Não se trata apenas da queima de livros, mas da destruição de um longínquo legado de história, cultura e filosofia construída pela humanidade. Embora o filme até toque nesse aspecto em seu enredo, a narrativa se mostra desconexa com o propósito e mais desaponta com sua história moderninha do que é capaz de causar algum fascínio.

Nota:  5/10

2 comentários:

  1. Uma história muito mal desenvolvida.

    O filme é uma grande perda de tempo.

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    1. É bem ruim mesmo. Fazer o que? O jeito é esperar uma outra refilmagem.

      abraço

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