quinta-feira, 23 de maio de 2019

Crítica: American Animals | Um Filme de Bart Layton (2018)


Em 2004, quatro jovens universitários frustrados com o estado de inércia de suas vidas decidem roubar uma rara coleção de livros da história americana que vale milhões de dólares. Baseado em fatos reais, Warren Lipka (Evan Peters), Spencer Reinhard (Barry Keoghan), Chas Allen (Blake Jenner) e Eric Borsuk (Jared Abrahamson) planejam e executam um audacioso roubo a biblioteca da Universidade da Transilvânia, localizada em Lexington, no Kentucky. Durante o planejamento, execução e fuga, eles são confrontados por inúmeros questionamentos morais e cívicos sobre o propósito dessa ação criminosa em suas vidas e as consequentes mudanças colaterais do crime no futuro deles. “American Animals” (American Animals, 2018) é uma produção estadunidense de drama e crime escrita e dirigida por Bart Layton (responsável pelo elogiado documentário “O Impostor”, de 2012). O filme estreou no Festival de Sundance em 19 de janeiro de 2018, onde obteve para a sua felicidade inúmeras críticas elogiosas por parte de formadores de opinião e do público. Sua média de pontuação em portais de peso como Rottentomatoes e o IMDB já dá uma boa ideia sobre o alcance que a proposta de “American Animals” é capaz de imprimir com um conjunto de ideias bastante inovadoras que Bart Layton coloca em prática em sua realização desde o primeiro minuto até o fim. O resultado? O filme consegue dar a grata sensação de satisfação por sua abordagem original de um gênero bastante comum.

American Animals” lança um olhar diferenciado aos típicos filmes de roubo que são comuns na Sétima Arte. Um subgênero bastante explorado ao longo dos anos no cinema e que geraram filmes icônicos na mesma proporção de obras descartáveis. Quando Bart Layton adota uma narrativa interessante que mescla de modo alternado documentário e ficção ao mesmo produto, é impossível não deixar de notar seu diferencial.  Assim o cineasta além de criar um filme que por si só demonstra bastante força pela excelência da retratação dos eventos ocorridos, ainda consegue adicionar uma espécie de aditivo novo ao gênero.  A introdução que enfatiza que não se trata de um filme baseado em fatos reais, mas que são fatos reais não é somente jogada de marketing. O filme acomoda alternadamente depoimentos de pessoas envolvidas e que testemunharam os eventos, além de trabalhar as diferentes perspectivas que elas têm sobre a mesma história. Com um elenco genial onde Evan Peters se destaca, mas seguido de perto por Barry Keoghan, ambos possuem as melhores passagens do filme. É curioso perceber que cada jovem envolvido no crime possuía um objetivo diferente para realiza-lo. O roteiro trabalha esse aspecto confrontando essas diferentes perspectivas que cada um tinha um do outro e principalmente sobre o tão famigerado golpe.

American Animals” proporciona uma agradável sensação de satisfação por sua abordagem bastante adulta para uma trama sumariamente protagonizada por um grupo de adolescentes. Com uma trilha sonora impecável, várias referências à cultura pop e alguns toques de realismo perturbadores (a cena do roubo da coleção de arte é retratada sem nenhum verniz cinematográfico do tipo que habita produções como “Onze Homens e Um Segredo), “American Animals” é genial. O que supostamente parecia mais um produto embalado na vibe de produções baseadas em fatos reais, se mostra um produto bem mais inovador. Isso por causa das razões narrativas que são adotadas e pela forma envolvente que o conjunto da obra se desenvolve na tela. É bem melhor do que eu podia esperar.

Nota:  8/10

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