terça-feira, 9 de abril de 2019

Crítica: A Guerra dos Sexos | Um Filme de Valerie Faris e Jonathan Dayton (2017)


A Guerra dos Sexos” (Battle of the Sexes, 2017) é um drama baseado em fatos reais escrito por Simon Beautoy e dirigido por Valerie Faris e Jonathan Dayton (a dupla responsável pelo sucesso indie de “Pequena Miss Sunshine”, de 2006). Estrelado por Emma Stone, Steve Carrel, Bill Pullman e Elisabeth Shue, esse drama teve sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Toronto em setembro de 2017. O filme é uma retratação histórica de uma amistosa partida de tênis entre atletas de diferentes sexos que ocorreu no Astrodome de Houston, nos Estados Unidos, em 20 de setembro de 1973. Assistido por mais de 30 mil pessoas, estima-se que quase 90 milhões de pessoas viram esse duelo na TV em todo o mundo. Em sua trama acompanhamos a iniciativa da tenista, Billie Jean King (Emma Stone), a número 1 do tênis feminino lutando pelos direitos das mulheres de terem o mesmo valor de premiação dos tenistas. Até então, as tenistas recebiam um valor oito vezes menor do que a premiação masculina. A razão dada pelos organizadores dos torneios era de que as mulheres eram inferiores aos homens, e por isso deveriam receber menos. Defensora dos direitos femininos por igualdade, Billie Jean King é levada a um confronto na quadra com Bobby Riggss (Steve Carrel), um famoso tenista profissional aposentado e declaradamente machista. O confronto foi uma revanche que aconteceu após Margaret Court (Jessica McNamee) ter uma derrota vexaminosa para Riggs. Confiante de estar prestes a ter mais uma vitória avassaladora sobre as mulheres, Billie Jean King mostrou do que as mulheres são feitas e porque merecem ter os mesmos direitos que os homens.

A Guerra dos Sexos” tem um enredo tão necessário quanto agradável. Embora os eventos retratados nesse filme tenham ocorrido no passado, a busca por direitos de igualdade ainda é um tema imprescindível a ser discutido por ser de uma luta ainda muito contemporânea. Todavia o filme não se refere ao resultado do jogo como uma vitória ou derrota, mas uma conquista pelo direito de igualdade no esporte. O filme trata a jornada Billie Jean King como uma luta pela libertação de valores sociais ultrapassados. Brilhantemente protagonizado por Emma Stone e Steve Carrel, ambos conquistam o espectador a sua maneira. Enquanto Emma Stone nos sensibiliza com sua luta contra as decisões arbitrárias de uma elite machista, Steve Carrel nos diverte com seu desempenho de showman e ações patéticas de alguém que busca a qualquer custo ser famoso novamente (suas absurdas declarações lembram muito as trocas de ofensas proferidas por lutadores de MMA antes de uma luta). Por isso, você não precisa gostar ou muito menos entender o esporte para ter um bom proveito desse drama, pois o filme tem apenas o esporte como o alicerce, já que o desenvolvimento é voltado para os personagens e seus dramas pessoais. Enquanto Billie Jean King é consumida por dúvidas sobre a solidez de seu relacionamento conjugal, Bobby Riggss vive numa gangorra em função de seu vício por apostas que inevitavelmente pode leva-lo ao chão. Um filme tecnicamente impressionante, onde a reconstituição de época é formidável e as caracterizações dos protagonistas são impecáveis.

A Guerra dos Sexos” é uma retratação espantosa que precede um icônico evento esportivo. Para a satisfação de muitos, também é um programa que levanta um debate responsável e descontraído sobre direitos de igualdade. A única tristeza é que, ele também proporciona uma ligeira sensação de que algumas decisões em relação à presença das mulheres no esporte, a igualdade de remuneração e direitos não avançaram muito desde 1973.

Nota:  7,5/10

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