segunda-feira, 11 de março de 2019

Crítica: Infiltrado na Klan | Um Filme de Spike Lee (2018)


Em 1978, Ron Stallworth (John David Washington) é um policial negro do Colorado que consegue se infiltrar na Ku Klux Klan local. Contornando as barreiras dadas por sua cor, ele se comunica com os membros do grupo por meio de telefonemas e cartas, e quando precisava estar fisicamente presente diante do grupo de investigados, Philip Zimmerman (Adam Driver), um policial branco entrava em cena. Depois de meses de investigação, Ron fica próximo das lideranças da Klan, onde sabota uma série de crimes de ódio que eram planejados pelos racistas. “Infiltrado na Klan” (BlacKkKlansman, 2018) é uma comédia dramática policial co-escrita e dirigida por Spike Lee. O roteiro de Spike Lee, David Rabinowitz, Charlie Wachtel e Kevin Willmott, o filme é baseado no livro autobiográfico escrito por Ron Stallworth. Prestigiado com inúmeras indicações de prêmios em diferentes festivais de cinema em diferentes categorias, “Infiltrado na Klan” ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Depois de anos, Spike Lee finalmente retorna novamente aos holofotes do sucesso que estão voltados a grandes obras do cinema e entrega uma produção a altura de sua reputação conquistada após o distante “Faça a Coisa Certa”, de 1989.

Você não precisa ser um crítico formado de cinema para entender o sucesso de “Infiltrado na Klan”. O filme tem um brilho especial pela abordagem apurada sobre o racismo dada com uma leveza comercial cômica. Sua premissa inspirada em fatos reais, ainda tem aquele tom de ficção latente devido ao rumo do enredo. Filmes como “Feito na América”, “Cães de Guerra” e “Eu, Deus e Bin Laden” tem a mesma tonalidade que imprime um relato que equilibra fatos verídicos com liberdades poéticas de modo saudável. Porém, o trabalho de Spike Lee possui um diferencial por abordar e debater sobre um tema atual tão urgente quanto necessário para o cinema: o racismo. Outra coisa: as atuações de “Infiltrado na Klan” são brilhantes, cujo os desempenhos fecham precisamente com a história contada. John David Washington está formidável no papel de policial afro-americano, onde seus telefonemas para as lideranças  racistas dão o tom da obra. Sobretudo ainda apresenta mais um desempenho fascinante de Adam Driver, um ator que tem enfileirado ótimas atuações em bons filmes. A reconstituição do período no qual o filme se passa é bem retratado, em sua aparência e na atmosfera de hostilidade que reinava nas ruas. A força e o alcance de “Infiltrado na Klan” são inegáveis pela abordagem centrada e segura do roteiro que alterna momentos cômicos com cenas de dramaticidade fluente (as cenas finais adicionadas que se passam em um passado mais recente demonstram a importância desse longa-metragem).

Infiltrado na Klan” não poderia ser filmado por ninguém menos que Spike Lee, já que o filme aborda um tema o qual o cineasta tem demonstrado ao longo dos anos grande interesse, ainda que em outros trabalhos a coisa não tenha funcionado de modo tão redondo. Um retorno satisfatório do cineasta as telonas, considerando que seu último trabalho relevante foi em “O Plano Perfeito”, em 2006.

Nota:  8/10

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