sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Crítica: Millennium: A Garota na Teia de Aranha | Um Filme de Fede Alvarez (2018)


Estocolmo, Suécia. Graças às matérias escritas por Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason) para a revista Millennium, Lisbeth Salander (Claire Foy) ficou conhecida como uma espécie de anti-heroína, que ataca homens que agridem mulheres. Apesar da fama repentina, ela se mantém distante da mídia em geral e leva uma vida as escondidas. Um dia, Lisbeth é contratada por Balder (Stephen Merchant) para recuperar um programa de computador chamado Firefall, que dá ao usuário acesso a um imenso arsenal bélico. Balder criou o programa, mas deseja apaga-lo por considera-lo perigoso demais. Lisbeth aceita a tarefa e consegue roubá-lo da Agência de Segurança Nacional, mas não esperava que esse trabalho a fizesse cruzar com seu traumático passado. “Millennium: A Garota na Teia de Aranha” (The Girl in the Spider’s Web, 2018) é um suspense dramático escrito Steven Knight, Fede Alvarez e Jay Basu e também dirigida pelo uruguaio Fede Alvarez. Inspirado na trilogia Millennium escrita por Stieg Larsson (1954-2004), essa produção é uma continuação cinematográfica baseada na obra de literária escrita David Lagercrantz, que assumiu as rédeas dos personagens após a morte de Larsson. Reformulado, “Millennium: A Garota na Teia de Aranha” pode surpreender o espectador desprendido de sua inspiração.

Há algo em “Millennium: A Garota na Teia de Aranha” que é curioso. Essa continuação não é tão fraca quanto presumidamente seria após o indubitável sucesso e excelência do remake realizado por David Fincher em 2011. O filme tem um brilho diferente, e ainda que não reluza do mesmo modo e intensidade consegue apresentar um resultado satisfatório para quem busca um thriller de ação e espionagem moderno e perspicaz. Assim sendo, é importante que seja dito que “Millennium: A Garota na Teia de Aranha” tem uma boa quantia de qualidades. Para começar por sua protagonista, agora interpretada por Claire Foy, que apresenta um desempenho fascinante que não deixa a desejar em nada para as suas antecessoras no papel de Lisbeth Salander. A atmosfera é outra, mais voltada para a ação do que para o suspense, mas ainda assim trazida com competência para tela. Seja pelo conjunto técnico primoroso ou pela direção de Fede Alvarez que denota competência em conduzir cenas de ação rigorosas com o cronômetro, o roteiro ligeiramente previsível segue um conjunto de regras de forma bastante funcional aos propósitos da produção entregando inclusive umas boas passagens. Uma pena que a escolha de Sverrir Gudnason no papel de Mikael Blomkvist, completamente apagada em desempenho e subaproveitada dentro da trama principal seja apenas uma de tantas más escolhas de elenco.

É importante que “Millennium: A Garota na Teia de Aranha” seja conferido como um produto solo, desconexo de referências antepassadas. Embora muito dos ingredientes do trabalho de Larsson estejam presentes naturalmente (os personagens), a atmosfera de tensão não possui a mesma força, os eventos impactantes resultantes de suas ideias para trama são outros e o ritmo adotado para essa produção é mais enlouquecido. O filme envereda para um gênero no qual não soa atraente para fãs de sua inspiração, ainda que não faça feio ao que se propõe. A meu ver, um ganho vindo de um provável caça-níquel de grande estúdio.

Nota:  7/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário