quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Crítica: Os 33 | Um Filme de Patricia Riggen (2015)


Em 2010, 33 mineiros da cidade de Copiapó, no Chile, que trabalhavam em uma mina passaram por um teste de resistência inédito para o mundo. A mina após demonstrar sinais de perigo, acaba desmoronando e soterrando os trabalhadores a centenas de metros de profundidade. A única saída da mina está bloqueada, o rádio para pedir ajuda está quebrado, o kit de primeiros socorros está vazio e os poços de ventilação que não possuem as escadas a certa altura se tornam inúteis. Além do mais, há pouca comida armazenada para tantos homens, e considerando as dificuldades de acesso do resgate, talvez não haja tempo suficiente. Quando os donos da mina afirmam não terem condições de fazer o resgate, os dando como mortos, o governo chileno decide intervir na ação com uma ajuda internacional e contra todas as probabilidades, um milagre acontece quando após 69 dias todos os mineiros são resgatados com vida. “Os 33” (The 33, 2015) é um drama biográfico escrito por Mikko Alanne, Craig Borten e José Rivera. Dirigido pela diretora mexicana Patricia Riggen, o filme é baseado em eventos reais retratados no livro do jornalista americano Hector Tobar. Estrelado por Antonio Banderas, Rodrigo Santoro, Juliette Binoche, James Brolin, Lou Diamond Phillips e Gabriel Byrne, o filme transporta o espectador para deserto do Atacama e apresenta o desenrolar dos acontecimentos que fizeram por cerca de mais de dois meses os olhos do mundo se voltarem para Chile com solidariedade.

Rico em detalhes, brilhantemente interpretado e intenso nas emoções, “Os 33” funciona ao que se propõe: contar o quanto difícil foi resgatar os mineiros das profundezas da terra. O filme conta com diferentes perspectivas os acontecimentos que ocorreram, ao demonstrar os obstáculos das equipes de resgate de encontrar e salvar os mineiros na superfície. Isso ao mesmo tempo em que eles, soterrados precisam se manter vivos até a chegada do resgate. O tempo, a geografia do lugar e a proliferação de temperamentos inflamados devido ao estresse proporcionado pelas poucas chances de vida que os mineiros têm são desafios que precisam ser superados enquanto o resgate não ocorre. A diretora consegue preencher com competência o tempo, criando cenas lirismo (o banquete imaginário tido como a última refeição dos mineiros que estão desacreditados quanto à possibilidade de serem salvos), cenas de emoção protagonizadas pela atuação da atriz Juliette Binoche que se recusa a aceitar a possibilidade de perder o irmão e as escolhas certeiras de elenco dadas por nomes como Antonio Banderas e Rodrigo Santoro que conferem ao filme atuações de grande brilho aos olhos e aos sentidos. Santoro que normalmente se encontra apagado em filmes estrangeiros, encontra nesse trabalho um de seus melhores desempenhos.

Assim sendo, “Os 33” é um conto de esperança baseado em fatos reais e com um final feliz verdadeiro. Convincente e dramático em sua forma, sua história se trata de uma experiência cinematográfica bem contada narrativamente que aborda a cruzada de diferentes personagens que rondavam a empreitada, e não apenas a dos mineiros. Um dos poucos lamentos talvez esteja no fato do idioma escolhido que renega o nacional do Chile e adota o inglês como escolha, mas que não atrapalha a retratação do trágico desastre e o heroico salvamento desses homens que ao final ainda recebem uma discreta homenagem durante a subida dos créditos finais.

Nota:  7,5/10

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