segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Crítica: Jogo do Dinheiro | Um Filme de Jodie Foster (2016)


Lee Gates (George Clooney) é um descontraído apresentador de um programa de televisão que dá dicas de investimentos da bolsa de valores para seus espectadores. Mas quando durante uma transmissão do programa ao vivo, o estúdio é invadido por um intruso armado chamado Kyle (Jack O’Connell), que faz Gates e toda a sua equipe de refém, nada do que consta no roteiro daquele dia será seguido. Kyle recentemente perdeu todas as suas economias devido a uma dica dada por Gates e quer tomar satisfação dos responsáveis de sua ruina.  Aproveitando as circunstâncias do imprevisto, a diretora do programa, Patty Fenn (Julia Roberts) vai transmitindo tudo o que acontece em tempo real nesse cenário onde a audiência do programa cresce de acordo com a tensão dos acontecimentos. “Jogo do Dinheiro” (Money Monster, 2016) é um thriller de suspense estadunidense escrito por Alan Di Fiore, Jim Kouf e Jamie Lindem, e dirigido por Jodie Foster. Famosa por seus trabalhos como atriz em filmes como “Taxi Driver” (1976), “Silencio dos Inocentes” (1991), “Deus da Carnificina” (2011), entre muitos outros mais; ela também já dirigiu alguns episódios piloto para seriados e uns poucos longa-metragens de pouca expressividade. Curiosamente seu mais recente trabalho como diretora surpreende por aproveitar bem suas poucas qualidades.

De premissa sensacionalista e desenvolvimento bem ajustado ao propósito de prender a atenção do espectador do começo ao fim, “Jogo do Dinheiro” articula bem suas pretensões críticas com boas performances do elenco principal. George Clooney, Julia Roberts e Jack O’Connell se mostram ótimas escolhas de elenco que se adequam bem ao enredo que busca emplacar reviravoltas expressivas num contexto de ideias contemporâneo. Simplificando ao máximo os aspectos técnicos de um investimento na bolsa de valores, o roteiro lança uma crítica interessante sobre a posição de impotência em que investidores comuns estão diante da complexidade do confuso universo do mercado financeiro. Esses investidores estão às vezes sendo reféns de ações administrativas irresponsáveis e muitas vezes gananciosas sem ter direitos realmente válidos além do poder de venda antecipado antes de um inevitável prejuízo. O mercado se mostra cruel de formas diferentes. Isso é um ponto positivo para o filme. A forma como a importância do investidor está no necessário depósito, porém numa possível queda, seu direito a explicações são irrelevantes é genial. Mas o roteiro se eleva a outro patamar quando ainda mescla uma crítica aos critérios utilizados por emissoras na cobertura de eventos extraordinários. E principalmente a manipulação da cobertura, em sua forma ou substância. A forma como o extraordinário é imprescindível no momento, mas cai numa transição de banalização é curioso.

Jogo do Dinheiro” articula bem os complexos desdobramentos da trama, que transmitidos em tempo real, tanto Fenn quanto Gates precisam encontrar uma maneira de se manterem vivos enquanto algumas verdades escondidas não são descobertas. Desde o surgimento de Kyle na tela a certa altura do primeiro ato, o tom de urgência e tensão é implantado com um nível de eficiência moderado, mas sempre presente nas entrelinhas. Trata-se de um bom filme, acessível e pretensioso de uma forma agradável pelas interpretações do elenco principal. Talvez um dos melhores filmes já realizados por Jodie Foster. Mas é claro, atrás das câmeras.

Nota:  7/10

4 comentários:

  1. nossa, não achei ele nem um pouco descontraído. achava-o muito tenso mesmo nas piadas. eu achei o roteiro incrível e muito atual. não só nas questões americanas, mas o brasil mesmo teve uma especulação criminosa muito recentemente. http://mataharie007.blogspot.com.br/2017/04/jogo-do-dinheiro.html

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    1. No começo do filme eu o achei artificial. Um ator interpretando um papel que não era para ser seu. Entendi que essa artificialidade era meio que intencional. Como o formato do programa era meio debochado e ele interpretava um personagem assim, me referia mais a sua apresentação inicial. Um tremendo falastrão que não sabe de nada, mas ainda dá conselhos. Porém quando o homem armado entra em cena, aí as coisas mudam. Todo o filme muda junto com a atmosfera. Bom o filme!

      bjus

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  2. O filme acerta no tom enquanto a trama fica dentro da estação da tv. A mistura de drama e comédia sobre um tema atual é bem interessante.

    A história perde pontos reviravolta da parte final.

    Abraço

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    1. Achei interessante como tudo tinha um caráter de urgência e interesse para o público só naquele momento da transmissão. Depois... voltamos ao rumo de nossas vidas. Entendi no contexto de que a luta de Jack O’Connell, o seu alerta e desejo de ter respostas não somente para ele, mas para todos aqueles que o estão vendo é banalizada não somente pelos canais de informação, mas pelos os espectadores também. Algo assim.

      abraço

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