sábado, 10 de junho de 2017

Crítica: Sin City: A Dama Fatal | Um Filme de Robert Rodriguez e Frank Miller (2014)


A cidade do pecado continua servindo de palco para o desdobramento de várias histórias diferentes, mas conectadas por seus personagens. Para começar, o detetive particular Dwight (Josh Brolin) é procurado por sua ex-esposa, Ava (Eva Green) afirmando querer reacender a chama do amor depois de demonstrar estar sofrendo abusos de seu atual marido. Rapidamente seduzido pelas lembranças que teve com a femme fatale no passado, Dwight envolve-se numa trama criminosa que somente Marv (Mickey Rourke), um segurança de boate sanguinário pode ajudar. Paralelamente a dançarina da boate, Nancy (Jessica Alba), ainda traumatizada pelo assassinato de Hartigan (Bruce Willis) busca todas as noites coragem para matar o Senador Roark (Powers Boothe), pai do homem que tentou mata-la ainda quando criança e o responsável pelo destino de Hartigan. Por fim, o jovem e talentoso jogador de cartas, Johnny (Joseph Gordon-Levitt) desafia nos bastidores da boate o Senador em um perigoso jogo de poker de apostas altas que podem custar a sua vida. “Sin City: A Dama Fatal (Sin City: A Dame to Kill For, 2014) é um longa-metragem de suspense policial adaptado da famosa graphic novel de autoria de Frank Miller e dirigido por Robert Rodriguez e pelo próprio Frank Miller. Continuação do filme “Sin City: Cidade do Pecado” (2005), essa produção se destacou na época por trazer com fidelidade para as telas do cinema a estética dos quadrinhos e sua atmosfera noir com competência e criatividade.  Nove anos depois, sua sequência mantêm essas mesmas qualidades, inclusive melhoradas, ao mesmo tempo em que perde outras tão importantes.

Sin City: A Dama Fatalmostra que a parceria de Frank Miller e Robert Rodriguez foi promissora. O significativo hiato de nove anos entre um filme e outro foi muito bem aproveitado na confecção de aprimoramentos agradáveis do visual, ao mesmo tempo em que preservou intacta muitas outras de suas consagrações. O bom uso das sombras, das cores, dos enquadramentos incomuns, da trilha sonora e dos efeitos de som demonstra o quanto essa produção foi bem acabada nesses aspectos técnicos (o orçamento de sessenta e sete milhões de dólares acabou tornando esse filme o mais caro que Robert Rodriguez á havia dirigido). Mas o problema “Sin City: A Dama Fatalé outro. É mais sensorial. Curiosamente são suas histórias que prejudicam a elevação dessa produção a outro patamar de excelência. Das três tramas retratadas, apenas uma se destaca com louvor e desencadeia o devido fascínio do espectador. Enquanto a jornada de crime e castigo traçada para Dwight ao lado de Ava (Josh Brolin e Eva Green em performances fantásticas) rouba a atenção do espectador com facilidade a cada reviravolta, sequência sensual e a cada exibição de violência, as outras duas histórias carecem de magnetismo. Para começar a violenta missão de vingança arquitetada por Lucy contra o Senador Roark (num desempenho assustador de Jessica Alba) e depois ainda, a banalização cômica dos propósitos de Johnny (com Joseph Gordon-Levitt dizendo ao mundo que ele tem presença de tela suficiente para protagonizar um filme só seu), além da clara pretensão de remeter sua trama à outra graphic novel de sucesso de Frank Miller (“300”).

Há várias subtramas as margens das três histórias com o propósito de enriquecê-las e um desfile de personagens bastante eclético interpretados por nomes curiosos (Ray Liotta, Lady Gaga, Christopher Loyd, Jeremy Piven, Dennis Haysbert, Rosario Dawson, Christopher Meloni, entre outros mais. Mas uma herança de elenco promissora do primeiro filme se encontra na figura de Marv, brilhantemente interpretado por Mickey Rourke. Particularmente acho que ele está para o universo de Sin City na mesma proporção que o Wolverine está para os X-Men. É dele as melhores passagens, os melhores diálogos e as cenas de ação mais explosivas dessa produção. Além dele ser uma conexão inteligente das tramas, sua presença sempre se mostra um diferencial para todos os enredos onde o personagem consegue ser tão engraçado quanto violento na película. 
   
Era lógico que superar o reverberante impacto de seu antecessor era mesmo quase impossível. A reprodução sabida de todo o estilo visual da graphic novel de Miller, os personagens incomuns e a transposição da essência do excelente material original, embora estejam presentes em cada frame dessa sequência, com algumas melhorias razoáveis inclusive, o ar de inovação não existia mais. A necessidade e a pressão de melhorar o que o público dava como certo de rever não seria o suficiente para elevar as qualidades dessa sequência. Por isso “Sin City: A Dama Fatalsofre de todas as aflições possíveis, e não apenas falha ao se igualar ao antecessor por causa do pouco magnetismo dos enredos abordados, o filme carece de um clímax realmente válido que o arco de Jessica Alba não consegue oferecer. Sobretudo, ainda assim trata-se de um bom filme, que não insulta a suas origens, mas que não facilita para Robert Rodriguez a realização de outra trilogia.

Nota:  7/10

2 comentários:

  1. eu adoro esses dois filmes. e esse pôster é demais. sempre impactante. gosto que as mulheres são fortes e determinadas. eu comentei aqui http://mataharie007.blogspot.com.br/2015/04/sin-city-dama-fatal.html

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    1. Verdade. Se no primeiro filmes as mulheres tinham um papel meio secundário, na continuação elas ganham papéis mais fortes e relevantes na trama causando um espécie de equilíbrio. Bom filme.

      bjus

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