quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Crítica: Bata Antes de Entrar | Um Filme de Eli Roth (2015)


Evan Webber (Keanu Reeves) sempre se mostrou ser um bom marido e pai de família. Algo bem evidenciado ao percorrer os corredores de seu lar que está repleto de lindas fotografias de momentos agradáveis de sua sólida vida familiar. Mas quando em uma noite chuvosa, duas jovens garotas, Bel (Ana de Armas) e Genesys (Lorenza Izzo) batem inesperadamente a sua porta pedindo ajuda por estarem perdidas justamente numa noite em que Evan se encontra sozinho em casa, pois sua esposa e filhos estão viajando, seu futuro dá uma drástica guinada. Lentamente essas duas jovens começam a seduzi-lo e Evan não resistindo à tentação, se envolve em um esquentadíssimo ménage à trois. E o que parecia ser apenas uma quente noite de sexo, para sua surpresa logo pela manhã elas se revelam duas perigosas psicopatas dispostas a tudo para punir os seus pecados com o devido rigor. “Bata Antes de Entrar” (Knock Knock, 2015) é uma produção de terror psicológico escrito por Guillermo Amoedo, Nicolás López e Eli Roth, o qual o último também assume a direção e é inspirado em um longa-metragem de 1977, chamado “Jogo da Morte”. Roth, famoso por realizar filmes mais sanguinários como “Cabana do Inferno” e “O Albergue”, adota uma postura mais contida e nada radical em sua mais recente realização, buscando o efeito apavorante sobre os espectadores através do desempenho do elenco principal composto pelo astro Keanu Reeves, pela, Ana de Armas e por Lorenza Izzo, também esposa do diretor Eli Roth.

De premissa interessante, o potencial de “Bata Antes de Entrar” desaparece com a mesma lógica que a postura de marido exemplar que Keanu Reeves detinha nos primeiros minutos dessa produção. Em um arquitetado teste de fidelidade elaborado por duas convenientes femme fatale (com intenções semelhantes a da atriz pornô Marcia Imperator que abalou uma série de relacionamentos em um programa de auditório orquestrado pelo apresentador João Cleber durante muitos anos), ele cai previsivelmente numa armadilha tão inesperada quanto desconexa, digna de um reality show sensacionalista. O que até poderia render alguns momentos de tensão psicológica bastante propício ao conjunto da obra, na verdade os acontecimentos decorrem de forma cansativa ao espectador. Se de um lado da câmera temos Eli Roth que já não é um realizador associado a projetos exuberantes em termos de desenvolvimento de trama, do outro temos um elenco acuado pelo rumo esquisito da história, o que consequentemente reduz o trabalho dos envolvidos a um enrolado jogo de levar justiça aos pecadores sem a adequada construção de personagens afetada pelo ritmo acelerado e nervoso das atuações. Se havia uma intenção de desencadear algum efeito de reflexão no espectador, o filme falha grosseiramente nessa tarefa. Tudo se mostra um extenso jogo sem comprometimento crível.

Embora o roteiro lance algumas boas sacadas criativas, como um deturbado jogo de perguntas e respostas conduzido pelas duas desequilibradas beldades, onde o vulnerável personagem de Keanu Reeves é entrevistado e as respostas erradas aos olhos das duas é punido com tortura, o desenvolvimento da trama se rende a um progresso acomodado se mostrando excessivamente limitado e negativamente repetitivo. Como também as reviravoltas que lançadas sobre o espectador são apenas um aglomerado de acontecimentos burocráticos e que não possuem a força necessária para manter a atenção do público como teoricamente idealizado. Assim sendo, “Bata Antes de Entrar” se mostra uma perda de tempo bastante inferior aos filmes mais conhecidos de Eli Roth, e que dificilmente irá agradar até quem desconhece seu estilo de fazer cinema. Particularmente julgo o seu desfecho um desperdício de uma fantástica canção, que tem “Where is My Mind”, dos Pixies antes da subida dos créditos finais.

Nota:  5/10

6 comentários:

  1. Esse está na minha lista faz tempo...

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    1. Sei como você se sente. Eu também tava na espera para conferir o resultado depois que vi a premissa. Esperava muitas coisas diferentes do que eu vi, embora o filme siga a risca o que sugeria ser nos trailers.

      Espero que veja logo.

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  2. Ah, e verei mesmo correndo o risco de me ver numa perda de tempo. :-)

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    1. Mais soft do que eu esperava, menos interessante do que realmente poderia ser.

      abraço Kleiton

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  3. Se o sr colocasse um link para download no final dos posts, seria melhor. E o Pawn Sacrifice? Algum progresso?

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    1. Boa noite Ozy!

      Nem todos os filmes aos quais eu post são frutos de downloud, e os links de baixar filme nem sempre tem uma longa vida útil. Um ou dois meses depois eles param de funcionar sem explicação. Depois de um tempo viram decoração no post. Por isso nem me motivo a estabelecer esse tipo de serviço. Além do mais, a maioria eu assisto em canais pagos de tv.

      Pawn Sacrifice: ainda nada. Mas se eu souber de algo, eu dou um feedback no mesmo instante.

      Abraço

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