sábado, 25 de julho de 2015

Crítica: Chappie | Um Filme de Neil Blomkamp (2015)


África do Sul, a cidade de Johanesburgo sofre com os crescentes índices de criminalidade e violência. Em detrimento desse panorama, a empresa Tretavaal responsável pela criação de robôs policiais que são vendidos ao governo consegue reduzir essa caótica situação. Entretanto, Deon (Dev Patel), o responsável direto por essa nova corporação policial não se contenta somente com a eficiência de sua criação. O jovem busca criar uma evolução de sua própria criação, ao conferir a máquina uma consciência mais próxima da humana. Ideia vetada pela diretora da empresa, por questões corporativas, que desencadeia a iniciativa rebelde de Deon em reutilizar uma sucata de um robô abatido em serviço que serviria para sua experiência de melhora da figura robótica. Com a obtenção de sucesso nessa sua empreitada, para sua própria surpresa, o robô batizado de Chappie (que usa a voz de Sharlto Copley) surpreende seu criador e a todos com quem tem contato. Seu desejo de viver se torna tão grande quanto seu criador imaginava. Tanto que isso irá inflamar alguns temperamentos dentro e fora das limitações da corporação a qual trabalhava e ressuscitar o caos pelas ruas da cidade. “Chappie” (Chappie, 2015) é uma produção de ficção científica dirigida por Neil Blomkamp, sendo seu terceiro longa-metragem tendo roteiro do próprio em parceria com Terri Tatchell. Baseado em um curta-metragem chamado Tetra Vaal lançado em 2004 (também de Blomkamp), seu longa-metragem ganha dimensões maiores de enredo, personagens mais complexos e se mostra um bem-vindo exemplar ao gênero.


São inúmeros os filmes que tocam o tema da inteligência artificial no cinema, onde invariavelmente surge um novo lançamento. “Chappie” é um bom exemplar da nova safra de produções que abordam essa temática. Embora ressoe sobre filmes como “RoboCop” de Paul Verhoeven e “Short Circuit – O Incrível Robô”, ele tem sua identidade própria. Aperfeiçoando os conceitos de seu curta-metragem, Neil Blomkamp consegue evoluir ao combinar a liberdade que a sci-fi possibilita aos seus realizadores, efeitos visuais de grande funcionalidade e excelência, a personalidade humanamente genial do personagem título e o caráter de reflexão social que essa produção apresenta reunido num único trabalho. Uma melhoria de realização se comparado ao seu filme antecessor “Elysium”, lançado em 2013. Embora “Chappie” sofra de um subdesenvolvimento de ideias, que resultaram em soluções fáceis e mal resolvidas (os criminosos são estereótipos da ameaça criminal que as autoridades combatem), que não fluem de forma natural aos olhos, Blomkamp permeia seu trabalho com inúmeros acertos que vão de seu olhar atento sobre assuntos da vida e da sociedade, como a criação de um personagem imensamente cativante e divertido criado a partir de uma máquina padrão. Com um bom desenvolvimento de personagens secundários que colocam em movimento toda a trama (com destaque para Hugh Jackman e seu projeto que rivaliza com os robôs sensação de Deon), e algumas cenas de ação e conflitos armados que beiram a um grande espetáculo visual, “Chappie” pode até não superar o nivelamento positivo de opiniões que marcaram “Distrito 9”, e que como “Elysium”, não se mostre uma mistura de ideias perfeita. Mas o filme tem potencial, e que como seu realizador, pode surpreender mesmo tendo falhas.

Nota:  7,5/10

2 comentários:

  1. A originalidade dos trabalhos de Blomkamp merece elogios.

    Considero "Distrito 9" sensacional e os dois filmes seguintes acima da média.

    O sujeito tem tudo para fazer uma bela carreira.

    Abraço

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    1. Realmente "Distrito 9" é sensacional em vários aspectos. No entanto, vejo o cineasta Neil Blomkamp como um realizador competente como poucos, mas que necessita fazer uma melhor lapidação de ideias. Seu segundo filme é mais premissa do que realização e funciona mais como um bom filme de ação do que propriamente uma sci-fi profunda. "Chappie" já equilibra mais as coisas e ganha pontos pela composição do personagem principal que é muito boa.
      Gostei mais desse filme do que de "Elysium" e eu acho que poderia ter rendido um filme ainda muito melhor do que ficou, embora tenha gostado dele.

      abraço

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