segunda-feira, 22 de junho de 2015

Crítica: RoboCop | Um Filme de José Padilha (2014)


O ano é 2028. A OmniCorp é uma empresa de tecnologia cibernética que atua em vários segmentos da atualidade nos quais desenvolve implantes robóticos para pessoas que sofreram amputações e exo-esqueletos que potencializam a força e a velocidade humana. Além é claro, da produção de produtos direcionados para áreas de segurança, como sofisticados drones e gigantescos robôs utilizados em vários cantos do mundo como suporte para as autoridades com o foco na dissipação e preservação da paz. Mas nos Estados Unidos da América, esses robôs ainda são proibidos legalmente devido ao fato de que uma grande parcela da população tem receio em delegar a sua segurança a máquinas desprovidas de emoção. E com pretensão de expandir seus negócios, a OmniCorp busca uma solução mesclando homem e máquina no mesmo corpo, o que tornaria possível aumentar a lucratividade da empresa. Porém, quando a Omnicorp tenta suprimir a presença do homem dentro da máquina, anulando seu livre arbítrio e suas tomadas de decisões humanas para torna-lo mais eficiente encontra um obstáculo inesperado, pois a máquina jamais conseguirá anular por completo a presença do homem como simplesmente imaginavam. “RoboCop” (RoboCop, 2014) é um remake de ficção cientifica estadunidense de um clássico dos anos 80. Redesenhado pelas mãos do cineasta brasileiro José Padilha, o clássico cult oitentista ganha contornos diferentes ao apresentar um produto atualizado de boas ideias, elegante e imaginativamente potencializado pelos recursos do cinema contemporâneo, mas que ao mesmo tempo se mostra limitado diante do potencial que sua premissa proporciona.

RoboCop” é a incursão do cineasta José Padilha na bem-sucedida e lucrativa Hollywood. Trata-se de uma estreia auspiciosa e dotada de coragem, já que as refilmagens de grandes clássicos é um território ligeiramente perigoso a ser percorrido por desencadear inevitáveis comparações que nem sempre surgem de forma agradável. Mas o RoboCop de Padilha (como por muitos foi chamado) tem o seu brilho próprio mais impulsionado pelo contemporâneo do que pelo nostálgico. Numa única comparação pode-se afirmar que ele entrega um filme bem diferente do original dirigido pelo holandês Paul Verhoeven, e que somente por isso já merece alguma atenção, ainda que em sua essência o personagem como o próprio enredo original esteja de certo modo presente nas quase duas horas de duração sem o mesmo peso. E isso resulta numa funcionalidade questionável: se no passado o original que ostentava uma irônica crítica sócio-política da cultura norte-americana fortemente ligada à era da presidência Reagan, essa refilmagem não ambiciona nada mais do que fazer uma modernização sofisticada e elegante do personagem. Na verdade o filme em si busca muito mais se aprofundar no personagem do que no ambiente propriamente. Mas curiosamente se perde em conferir um aprofundamento significativo aos personagens principais, ao qual tem no elenco atores como Joel Kinnaman no papel principal e se completando com Abbie Cornish, Gary Oldman, Michael Keaton, Samuel L. Jackson e Jay Baruchel.

Embora o longa-metragem possua em sua originalidade a canção “If I Only Had a Heart” do famoso filme “O Mágico de Oz”, de (1939) em uma cena chave do filme, são canções como “Hocus Pocus” da banda Focus e “I Fougth The Law” do The Clash que dão a sonoridade ideal ao produto que tem um foco visivelmente comercial em seu renascimento. No final das contas, “RoboCop” pré-moldado de Padilha entrega boas cenas de ação com um toque de modernidade bem-vindo ao gênero da ficção científica, uma remodelagem estética bem realizada e algumas boas ideias de funcionalidade digna de aplausos, mas no fim tudo resulta num filme que causa a triste sensação de ausência de algo mais inédito. Infelizmente o icônico personagem merecia algo mais relevante para anular o rumo desagradável que sua figura teve através de equivocadas sequências posteriores ao trabalho de Verhoeven. Vale apenas como um bom produto de entretenimento.

Nota: 7/10

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