sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Crítica: Na Natureza Selvagem | Um Filme de Sean Penn (2007)


Quem vê cara, não vê coração! Para quem conhece o famoso ator Sean Penn desde a época em que figurava em nervosos escândalos de tabloides por sua vida pessoal conturbada, nem imaginava que ele fosse capaz de conduzir um longa-metragem de difícil transposição como "Na Natureza Selvagem" (Into the Wild, 2007), filme escrito e dirigido por Sean Penn. Ele passou quase uma década namorando o projeto antes de finalmente materializa-lo. Trata-se de uma história contada na forma de um road movie, de modo emocionalmente intenso, sensível e de desenvolvimento desafiador devido a sua inspiração ser baseada em fatos reais, bem diferente dos seus trabalhos anteriores como realizador (A Promessa, 2001, Acerto Final, 1995 e Unidos pelo Sangue, 1991). Embora também tenha exercido a função de diretor com habilidade e arrematado boas críticas com esses trabalhos, é em "Na Natureza Selvagem" que ele mostra seu verdeiro talento. Visto isso, que esse trabalho lhe rendeu duas indicações ao Oscar (Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Montagem) e um prêmio no Golden Globe de Melhor Canção (pela música "Guaranteed") entre outros. Baseado no livro de Jon Krakauer sobre a vida de Chris McCandless, que com cerca de 22 anos abandonou sua estável vida de classe média rumo a uma aventura pelo desconhecido mundo selvagem do território americano em direção ao Alasca, onde o jovem também abandona seu nome verdadeiro como qualquer regalia turística. Ele passou a ser Alexander Supertramp (Emile Hirsch), um jovem sedento de liberdade e determinado a se livrar das amarras da sociedade contemporânea.


Se há um aspecto que faz de "Na Natureza Selvagem" uma produção exemplar dotada de genialidade em sua proposta, é a trilha sonora de responsabilidade Eddie Vedder (vocalista da icônica banda Pearl Jam), que combinada com imagens fantásticas de puro lirismo, acentuam o desenvolvimento da jornada de auto-conhecimento e reflexão de Emile Hirsch de modo tão orgânico quanto belo. Imagens deslumbrantes não faltam como belas e sonoras canções, que intensificam as interpretações de elenco igualmente afinado em suas entregas de personagens. Se a atuação de Emile Hirsch impressiona pela entrega ao personagem que completamente despreparado parte em uma viagem tão audaciosa quanto tentadora para muitos espectadores, atores e atrizes como Willian Hurt, Marcia Gay Garden, Hal Holbrook, Vincent Vaughn, Catherine Keener e Kristen Stewart não ficam para trás e contribuem de modo impecável na construção dessa lição de vida proferida pela história de Jon KrakauerDestaque surpresa para o experiente ator americano Hal Holbrook, famoso por seu papel de Garganta Profunda no longa "Todos os Homens do Presidente" (1976). Em resumo, "Na Natureza Selvagem" é um filme fantástico que merce ser descoberto (como o livro), e que sofre do mal de não ganhar seu devido reconhecimento seguido de seu lançamento, mas que nasceu para ser cultuado da mesma forma que sua fonte de inspiração (a obra literária de Jon Krakauer) é para milhares de fãs. De uma força inexplicável e de uma sensibilidade extremamente singela, esse longa nos ensina de uma forma belíssima a dar valor as pequenas coisas. Sobretudo, Alexander Supertramp não apenas se descobriu e transformou-se diante das circunstâncias, mas transformou no ensejo todos os que tiveram contato com ele, como "Na Natureza Selvagem" é capaz de transformar até hoje o espectador.  

Nota:  8/10 


6 comentários:

  1. É um filmaço, com ótimo elenco, trilha sonora e fotografia sensacionais também.

    Abraço

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    1. Realmente tem uma excelência em vários aspectos. Um filmaço!

      abraço

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  2. Também acho que esse filme merece ser redescoberto pelo grande público. A trajetória do personagem é tocante, especialmente para pessoas meio anti-sociais como eu. E a trilha é mesmo um grande diferencial. Que Penn volte a dirigir logo!

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    1. Acho que a atitude do protagonista em abandonar tudo e se aventurar pelo mundo é um desejo que mora na alma de qualquer pessoa (anti-social ou não), pelo menos em algum momento da vida. Em mim já se tornou um sonho superado pelas convenções sociais obrigatórias, mas uma lembrança tentadora de se realizar.
      Talvez por essa razão o trabalho literário que inspirou esse filme é considerado um grande sucesso. Pelo menos penso eu....

      abraço

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  3. A trilha sonora que se encaixou no filme! O resultado foi um filme sensível e crítico a respeito daquilo que podemos ser como indivíduos e que tipo de sociedade queremos viver.

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    1. Trata-se de um filme para ser descoberto. É uma pena que seja pouco conhecido pelo grande público. Sempre quando posso procuro recomendá-lo.

      abraço

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