quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Crítica: Ronin | Um Filme de John Frankenheimer (1998)


Poucos filmes hoje em dia trazem para película sequências de ação e perseguições alucinantes como o mestre John Frankenheimer fez através desse longa chamado "Ronin" (Ronin, 1998). O título desse longa-metragem faz referência ao nome concedido a uma espécie de samurai sem mestre do Japão Feudal. A perda do mestre (Daimiô) resultaria no cumprimento de um ritual de suicídio que por vezes não era cumprido, por diferentes razões, deixando esses homens em peregrinação na qual sua sobrevivencia dependia de pequenos serviços em troca de condições para se manter. Mais temidos do que os próprios samurais, por não estarem presos a um código de ética e conduta, acabaram se tornando verdadeiras lendas da cultura nipônica. Num contexto mais contemporâneo, os "Ronin" seriam como mercenários altamente treinados que se dispõem a trabalhar pelo melhor valor oferecido por seus serviços. E com o fim da Guerra Fria, agências secretas dos Estados Unidos e da antiga União Soviética deixaram seus agentes abandonados a própria sorte, onde esses profissionais militarizados e capazes acabam encontrando nesse nicho de mercado a serventia para suas raras habilidades. E assim com essa ideia, os roteiristas J.D. Zeik e David Mamet mesclaram inteligentemente história da cultura japonesa com espionagem numa trama movimentada que prende a atenção do espectador do começo ao fim.

O filme conta a cruzada de Sam (Robert DeNiro), um ex-agente da CIA, que com outros membros de sua equipe (Jean Reno, Stellan Skarsgard), pegam um trabalho aparentemente simples a ser feito - roubar uma maleta cujo conteúdo é desconhecido. Mas quando o que era para ser um simples trabalho transforma-se em um pesadelo, onde mentiras transparecem e traidores são desmascarados. E se a fita "Operação França" sempre foi a queridinha do gênero em si tratando de perseguições de carros bem feitas, "Ronin" não perde em nada. As sequências são perfeitas, orquestradas magistralmente numa edição impecável, com ângulos bem colocados e acentuados pela qualidade da direção de fotografia. A ação é de um realismo impressionante, que não apenas transcorre em tela, mas explode literalmente diante das manobras emocionantes nas estreitas ruas de Nice, na França, que naturalmente foram executadas por profissionais. Mas como não é só de aceleração que vive um filme assim, devo salientar, pois o elenco encabeçado por De Niro faz parte de um dos grandes trunfos dessa produção, bem ambientada na Europa. Portanto, "Ronin" não limita-se a ação desenfreada como único artificio de apelo para cativar o espectador, apesar da numerosa quantia de carros que foram destruídos para dar veracidade as cenas de ação (75 carros foram destruidos). O conjunto da obra é tão bom quanto possivel. Certamente foi o melhor filme de John Frankenheimer anos antes de seu falecimento em julho 2002.

Nota: 8,5/10

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