domingo, 26 de maio de 2019

Crítica: A Mula | Um Filme de Clint Eastwood (2018)


Earl Stone (Clint Eastwood) é um senhor de 80 anos que é um falido veterano da Guerra da Coréia. Em Peoria, Illinois, ele já foi um bem-sucedido floricultor nos tempos áureos, mas hoje vive numa completa ruina financeira e vivencia as consequências de suas falhas com a família. Separado e odiado por sua filha, sua neta é seu único vinculo familiar que ainda resistiu a seus egoísmos. Necessitado por dinheiro, Earl aceita um trabalho de motorista oferecido por um desconhecido que conheceu na festa de casamento de sua neta. O trabalho consiste transportar nos moldes de uma “Mula” cargas de cocaína por Illinos para um cartel de drogas mexicano.  Obtendo seguidos sucessos em seu trabalho e carisma dos membros do Cartel, Earl tende a ver a sua sorte acabar quando uma força tarefa do DEA comandada por Colin Bates (Bradley Cooper) se aproxima cada vez mais de impedir que o Cartel continue a transportar suas drogas pelo território americano. “A Mula” (The Mule, 2018) é um drama estadunidense escrito por Nick Schenk e dirigido por Clint Eastwood. Inspirado em um artigo do New York Times escrito por Sam Dolnick, o filme conta a história real de Leo Sharp, um veterano de guerra que aos quase 90 anos passou a ser um transportador de drogas para o Cartel de Sinaloa. Estrelado por Clint Eastwood, Bradley Cooper, Laurence Fishburne, Michael Peña, Dianne Wiest e Andy Garcia, o filme tem um elenco de respeito.

A Mula” é um longa-metragem que nos deixa em um complicado dilema moral. Se por um lado somos lentamente cativados pelo papel de Earl, que vai ganhando à empatia dos espectadores na velocidade em que conquista a confiança de seus contratantes, todos sabemos que seu desejo de dar um rumo a sua vida é errado da forma que está fazendo. Mas como separar o certo do errado diante de uma figura tão pitoresca como a de Earl? É difícil. Somos tocados pela pressão natural que a vida exerce sobre o personagem de Clint Eastwood. Pois a vida cobra de um modo implacável de Earl uma conta alta pela má gestão com que a atravessamos. Idoso, falido e com uma consciência carregada de pendências incômodas com a família, a possibilidade de ganhar um bom dinheiro fazendo algo relativamente simples parece boa. Até certa altura da trama prova-se ser, mas quando o cerco das autoridades começa a recair sobre sua participação as coisas mudam de figura. E é nesse ponto em que o espectador passa a verdadeiramente se solidarizar com o personagem de Eastwood. Se por um lado torcemos pelo sucesso da justiça em impedir que o Cartel saia impune, também queremos que Earl consiga fazer as pazes com seu passado. Clint Eastwood entrega um personagem simples e de poucas camadas, mas adorável de ser acompanhado pelos seus comentários irreverentes e por causa de um punhado de outras peculiaridades que transitam na tela. De resto, Bradley Cooper, Laurence Fishburne e Michael Peña (o lado certo da lei) entregam personagens funcionais que atendem a proposta do filme.

A Mula” é um filme pequeno comparado a outras ótimas obras já realizadas por Clint Eastwood. Sem estrelar um de seus próprios filmes desde “Gran Torino”, em 2008, o cineasta mostra que ainda está em forma, na frente ou atrás das câmeras, mesmo que não tenha o mesmo gás do passado. “A Mula” é um filme cativante, de certo modo conectado com os fatos ocorridos com Leo Sharp e inegavelmente encantador como um simpático senhor e suas lições de vida.

Nota:  7,5/10

2 comentários:

  1. É muito legal ver Clint Eastwood ainda na ativa e entregando um bom filme.

    Abraço

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