segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Crítica: O Presente | Um Filme de Joel Edgerton (2015)


Simon (Jason Bateman) e Robyn (Rebecca Hall) sãoo um casal comum como qualquer outro, que elaboram planos e os veem se realizando dentro de seu tempo. Mas um encontro casual com um antigo conhecido da escola dos tempos do ensino médio de Simon desencadeia algo inesperado. O encontro que rendeu alguns minutos de conversa e a promessa de voltarem a se falar novamente no futuro, torna-se preocupante quando esse antigo conhecido chamado Gordon Mosely (Joel Edgerton) aparece na porta do casal com convites e presentes tentando restabelecer o vínculo do passado. “O Presente” (The Gift, 2015) é um drama de suspense escrito e dirigido por Joel Edgerton (mais conhecido por suas atuações em filmes como “Guerreiro”, de 2011; “Êxodo: Deuses e Reis”, de 2015; e “Destino Especial”, de 2016). Responsável pela atuação de coadjuvante de seu longa-metragem, o australiano Joel Edgerton surpreende em sua estreia atrás das câmeras e entrega um thriller psicológico bem fundamentado ao que se propõe fazer, mesmo apresentando uma trama simples em sua forma e estética. Embora o diretor demonstre talento como diretor, ao demonstrar total domínio dos necessários ingredientes que o gênero necessita ter para se fazer um bom filme, o mérito de seu trabalho também se encontra no roteiro que a princípio se apresenta corriqueiro, mas aos poucos mostra ao que veio.

O Presente” concentra-se em dissecar questões mal resolvidas do passado dos personagens de Jason Bateman e de Joel Edgerton. Uma dissecação metódica e precisa pelo o nível de qualidade desse longa-metragem. Mas isso o espectador não será familiarizado, assim de imediato ou até mesmo nos primeiros minutos, mas após acompanhar um punhado de educadas formalidades sociais e trocas de relações amáveis entre os personagens ao longo de sua duração. Um jogo de aparência bem criado se instala na construção da atmosfera desejada para prender a atenção do espectador e funciona com um nível excelência formidável. Enquanto a direção de Edgerton demonstra talento e destreza, seu roteiro é outro atrativo que chama a atenção. Quando alguns segredos presumidamente enterrados, marcados de constrangimentos vão surgindo aos poucos através de umas poucas reviravoltas bem pontuais e revelações dosadas pela narrativa, o espectador acaba tendo a devida noção do que se trata essa produção e o alcance das ideias que Edgerton tenta imprimir em seu trabalho. Com um pé consciente e forte no realismo, o filme descarta desfechos violentos e foge do lugar comum de produções do gênero. A atuação dramática de Bateman se destaca enquanto Edgerton demonstra sabedoria em querer dividir a tela, mas não querer para si o papel principal.

Envolvente, angustiante e ligeiramente sombrio, “O Presente” se desenvolve para a surpresa do público de forma lenta na tela, mas nunca arrastada. O trabalho de Edgerton consegue imprimir ao seu modo o seu próprio ritmo. Bem elaborado e intenso, as revelações encrustadas na obra são capazes de causar reflexões, surpresa e uma grande expectativa pelos futuros trabalhos de Edgerton como diretor e roteirista.

Nota:  7,5/10

5 comentários:

  1. esse filme foi uma grande surpresa. não tinha ideia que teria tanta profundidade. eu gostei muito de irmos descobrindo aos poucos. como os segredos eram muito tenebrosos. as pessoas nao queriam mesmo q ninguém soubesse. e concordo, o diretor explorou muito bem essa questão. falei no meu blog, segue o link. adorei o seu texto.
    http://mataharie007.blogspot.com.br/2017/02/o-presente.html

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  2. Também gostei. As reviravoltas do roteiro e a construção dos personagens são bem interessantes.

    Quem sabe o bom ator Joel Edgerton faça também uma competente carreira como diretor.

    Abraço

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  3. Pedrita: Também fiquei surpreso com o filme. A princípio achei ser um típico drama americano, mas depois... fiquei bem satisfeito.

    bjus

    Hugo: Espero ansioso pelos próximos filmes de Joel Edgerton. Já gostava dele como ator, agora ainda mais como realizador.

    abraço

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  4. Nossa eu gosto muito de Joel Edgerton, ele é lembrado pelo filme Operação Red Sparrow, mas ele é muito mais que esse. Ele fez o Ao Cair da Noite, que é um dos meus favoritos. Se conseguirem, dá uma olhada nos horários em https://br.hbomax.tv/movie/TTL616539/Ao-Cair-Da-Noite e assistem esse filme na HBO. Fico feliz em saber que ele não é somente ator, e que está também como diretor. É uma pessoa muito talentosa e merece o reconhecimento com algum prêmio. Ao Cair da Noite em resumo Paul (Joel Edgerton) mora com sua esposa e o filho numa casa solitária e misteriosa, mas segura, até que chega uma família desesperada procurando refúgio. Aos poucos a paranoia e desconfiança vão aumentando e Paul vai fazer de tudo para proteger sua família contra algo que vem aterrorizando todos.

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