sábado, 3 de junho de 2017

Crítica: Assassin´s Creed: O Filme | Um Filme de Justin Kurzel (2016)


Através de uma tecnologia revolucionária que via memória genética consegue reviver as lembranças de seus ancestrais, Callum Lynch (Michael Fassbender) um homem que escapou do corredor da morte vislumbra ativamente alguns eventos importantes de seu antepassado, Aguilar, na Espanha do século XV. Essa tecnologia criada pela Fundação Abstergo, chamada Animus, revela que Callum é o último descendente de um membro de uma Ordem de Assassinos que estava em guerra contra os Cavaleiros Templários. A Abstergo que está diretamente ligada aos Templários tem um objetivo: encontrar um artefato que é a chave para encontrar a paz mundial chamado a “Maça do Éden”. Porém Callum pode ser a diferença entre o sucesso da Abstergo nessa tarefa ou a retomada de uma antiga disputa por poder iniciada no período da Inquisição Espanhola. “Assassin´s Creed: O Filme” (Assassin´s Creed, 2016) é uma produção de ação e aventura baseada na franquia de jogos eletrônicos criada pela Ubisoft. Dirigida pelo cineasta australiano Justin Kurzel (responsável pelo elogiado “Macbeth: Ambição e Guerra”, de 2015) e estrelada por Michael Fassbender, Marion Cotillard e Jeremy Irons, o filme se passa no mesmo universo do game, mas como uma história original com a pretensiosa ideia de expandir toda a mitologia da série.

Pretensão é a palavra que melhor define “Assassin´s Creed: O Filme”. A iniciativa é pretensiosa e o resultado é extremamente limitado. Há uma clara pretensão de exploração mercenária da reputação do jogo pelo trio de renome que compôs Macbeth: Ambição e Guerra(o cineasta Justin Kurzel e os astros Michael Fassbender e Marion Cotillard) e consequentemente falham em transpor para o formato cinematográfico todo o sucesso da mitologia dos games. A história simplesmente não convence: há uma sensação de déficit de informações e esclarecimentos sobre a mitologia em volta dos Templários e dos Assassinos; existe uma ausência de exploração plausível em torno do mito da “Maça do Éden”; e os personagens ambíguos pouco aprofundados e a ação caótica de poucos atrativos visuais e estéticos prejudicam ainda mais o resultado. O espectador comum alheio às qualidades do jogo simplesmente não se conecta ao filme e não se deixa enganar pela farsa instaurada na tela. A ausência de elementos narrativos válidos que são adotados em qualquer produção cinematográfica, como tensão, suspense ou empatia estragam as possibilidades cativar o espectador com a trama. Os primeiros problemas se formam rapidamente quando a linha do tempo se torna instável e confusa de acompanhar, pois vai do presente misterioso que assombra o personagem mal desenvolvido de Michael Fassbender para uma Espanha irreconhecível de violência e perigo. Essa articulação apenas funciona para gerar boas cenas de ação que na verdade, não empolgam tanto quanto necessitavam para o conjunto debilitado dessa produção. Os efeitos visuais que mesclam presente e futuro também não exibem nenhuma excelência estética inovadora ou que se destaque.

Assim sendo, “Assassin´s Creed: O Filme” se mostra como vários exemplares anteriores na contramão de uma necessária evolução aos filmes baseados em jogos de grande reputação. Carente de ideias acessíveis, bagunçado e de elenco pouco otimizado apesar do brilhantismo comprovado por outros filmes e da direção relapsa de Justin Kurzel, o filme não entretém com eficiência e gera muitos obstáculos para poder ser elogiado. No final das contas, “Assassin´s Creed: O Filme” só serve para aumentar uma pilha de fitas esquecíveis de filmes baseados em icônicos jogos de console.

Nota:  4,5/10
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4 comentários:

  1. Tem um erro no primeiro paragrafo sobre a ligação entre Abstergo e os Templários.

    Eu já estava imaginando que o filme não teria uma qualidade boa quando ouvi que ia ser produzido, mas não imaginei que seria tão ruim. A história da serie já é complicada o suficiente dentro dos jogos não funcionaria na tela grande e em vez de adaptar somente partes que funcionam com esse meio de comunicação eles resolveram fazer uma salada com tudo relacionado ao enredo do jogo e ainda dar um foco bastante equivocado na abstergo, quanto mais mistério sobre as motivações e ações da empresa melhor, ao menos ao meu ver.

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    1. Em uma conversa com um amigo que também não jogou o game, ele me perguntou: "Afinal... quem era o vilão da história?" Porque ele teve a sensação de que ninguém prestava no enredo do filme. Quer queira, quer não, Fassbender foi salvo do corredor da morte e ele não estava lá por bater carteira. Ele achou meio confuso esse aspecto de salvar um condenado a morte para atingir os objetivos da Abstergo. Em momento algum ele se declarou inocente. Isso causa uma sensação de falta alguma coisa, somente pelo fato de não ter sido abordado.

      Acho que o filme deveria pelo menos como pontapé inicial ser mais acessível aos que não estão familiarizados com todos os aspectos da mitologia e da história do jogo que está no mercado alguns pares de anos.

      Não é toa que o filme foi extremamente criticado por muita gente. Ele vive no extremo de ser amado ou odiado.

      Particularmente não gostei pela decepção que gerou. Confesso que esperava bem mais do filme.

      abraço

      PS: Obrigado pela dica do texto:)

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  2. Nos prós e contras, pontos negativos para o roteiro de Michael Leslie, Adam Cooper e Bill Collage que consegue demonstrar a raiz do jogo fielmente. Jeremy Irons é inteligente para escolher os projetos no que trabalha, faz pouco tempo que a vi em Raça e acho que é extraordinária. Sei que a vão passar na TV, é algo muito diferente aos que estávamos acostumados a ver.

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    1. Alguns gostaram, outros não. Mas a maioria não se convenceu da proposta e o filme ruiu. Uma pena!

      Abraço

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