terça-feira, 4 de março de 2014

Crítica: Conquistas Perigosas | Um Filme de Fredik James Bond (2013)


Existe uma evidente diferença geográfica entre Bucareste e Budapeste. Mas isso passou despercebido pela mãe de Charlie Countryman (Shia LaBeouf), que em uma visão mediúnica sugeriu ao filho que larga-se tudo e fosse para Bucareste. Tardiamente em outra visão o erro havia sido corrigido, mas já era tarde demais. Charlie Countryman já havia desembarcado na Romênia, se apaixonado pela linda violoncelista Gabi (Eva Rachel Wood), conhecido seu perigoso ex-marido Nigel (Mads Mikkelsen), cruzado o caminho do dono de uma boate de strippers, Darko (Til Schweiger) e se envolvido em uma série de encrencas ligadas a uma gangue criminosa que buscam uma fita de vídeo cassete que contém uma gravação incriminadora e que apenas Charlie sabe onde se encontra. “Conquistas Perigosas” (The Necessary Death of Charlie Countryman, 2013) é um drama com uma pitada de humor negro escrito por Matt Drake e dirigido pelo estreante de cinema Fredik James Bond (Moby Play – O DVD, 2001). Em uma Bucareste retratada como desprezível, repleta de pichações e que responde com violência e grosseria a questões corriqueiras de sociabilidade, Fredik James Bond tenta criar um romance contemporâneo em uma terra estrangeira com muitas referências e pouca sustentabilidade. Mesmo com um elenco primoroso (Shia LaBeouf, Mads Mikkelsen, Eva Rachel Wood, Til Schweiger entre outros) que se entregam aos seus papéis, Fredik não tem em mãos um roteiro bem definido que se mostre satisfatório, ou tenha substância que sustente uma história de 107 minutos. Sendo assim, Fredik bombardeia o espectador com inúmeras sequências visuais e sonoras (sobretudo brilhantes) apoiadas em sua especialidade: vídeos musicais.


Conquistas Perigosas” começa confuso transparecendo indecisão ao flertar com obras como “O Sexto Sentido” de M. Night Shyamalan, ou “A Praia” de Danny Boyle. Inclusive muito do trabalho de Fredik remete a lembrança de antigos longas de Boyle devido a sua sonoridade e energia latente, mas sem ter a fluência de um hábil condutor de tramas e histórias que sabe mesclar tudo com equilíbrio fazendo prevalecer em seu trabalho à substância escrita e não somente o aspecto visual. Se o primeiro ato é definitivamente confuso, o segundo se mostra demasiadamente lento evidenciado por um terceiro ato em que tudo acontece e se resolve ligeiramente sem nenhuma profundidade. Assim Fredik desperdiça uma boa premissa que surge como um atrapalhado road movie, mas que quando mostra em qual gênero quer estar, como um filme de crime que tem como pano de fundo um improvável romance, Conquistas Perigosas” acaba por dizer nada ao espectador. Shia LaBeouf havia cedido lugar para Zac Efron para protagonizar o papel de Charlie Countryman, mas retornou ao projeto após regularizar suas divergências com sua agenda. Entre qualidades e falhas, “Conquistas Perigosas” tem em sua trilha sonora sua maior genialidade. Com várias canções do músico/DJ Mobi (com quem Fredik já havia trabalhado antes na realização de um DVD de vídeos musicais) o diretor emoldura com habilidade cenas de correria, devaneios e momentos delicados de romance que surgem seguidamente no decorrer do longa. Trata-se de um filme interessante por sua beleza estética, mas obviamente limitado por não saber aproveitar todos os elementos que compõem essa obra, como os talentosos atores. 

Nota:   5,5/10



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