quarta-feira, 22 de maio de 2013

Crítica: Super 8 | Um Filme de J.J. Abrams (2011)


"Super 8" (Super 8, 2011) é uma espécie de raro entretenimento. Homenagens bem feitas ao cinema de aventura dos anos 80 são raras, e principalmente, as que são providas de carisma e uma realização técnica competente. E nesta produção, podemos ver um nível surpreendente de competência, ao começar pelo cartaz, que homenageia o estilo dos cartazes de produções oitentistas - a soma de tudo referente ao filme em um conjunto de imagens que se misturam - de acordo com o enredo. Depois pelo trailer que agrada, lhe conferindo um marketing de mistério, mostrando pouco e deixando a imaginação a mil - a cena onde há um descarrilamento de um trem que levava no interior de um dos vagões uma sugestiva ameaça - foi de arrepiar, além de uma progressão simpática, com personagens divertidos e homenagens pontuais ao cinema. Em miúdos: pura diversão. Essa produção é nostalgia materializada numa aventura de ficção científica dirigida e roteirizada pelo genial J.J. Abrams, e produzida pelo experiente cineasta Steven Spielberg. E como esperado de sua premissa, com personagens bem ao estilo de seu produtor, esse filme faz uma homenagem aos icônicos filmes de Spielberg que marcaram sua filmografia, com marca narrativa de Abrams. Em sua trama acompanhamos um grupo de adolescentes no ano de 1979, numa cidade industrial de Ohio, que estão tentando filmar um filme de zumbis com uma câmera Super 8. Numa noite dessas, durante as filmagens, acabam se deparando com a colisão de um trem de carga com um caminhão. Sem que eles saibam, de seu interior saiu uma criatura desconhecida e perigosa. Mas não demora muito para perceberem que algo está errado, assim que muitas pessoas começam a desaparecer e a cidade é tomada por uma movimentação militar. 


Se à primeira vista o título pareceu confuso para definir o trabalho de Abrams, basta saber que Super 8 foi um formato cinematográfico muito popular entre os anos 50 aos 80 em função da Kodak. Tratava-se de uma película de 8 milímetros cheia de possibilidades que caiu em desuso e que justamente o jovem Joe (Joel Courtney, membro do elenco principal) usa nas filmagens do curta fictício de zumbis. Daí a razão do título. Abrams se usou de um elemento circunstancial para intitular seu trabalho e salientar sutilmente onde mora o foco principal da trama, que até começou acanhado e foi obtendo o devido destaque no decorrer do tempo. A ameaça alienígena oculta é somente um dos elementos chamativos que são dispersos pela produção. Por isso, além do conteúdo instigante da premissa, Abrams recheia seu trabalho com várias subtramas claramente inspiradas numa mistura dosada de passagens e conflitos pessoais de "Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, “Jurassic Park”, “E.T. – O Extraterrestre” e “Os Goonies”, inegavelmente repletos de clichês funcionais e expressivamente cativantes. O que de certo modo fluem com naturalidade e de forma positiva. Tem uma excelente climatização, ora tensa, ora humorada, perfeitamente equilibrada na história. Exibe uma bela direção de fotografia de responsabilidade de Larry Fong (Watchmen, 2009), uma trilha sonora que funciona, apesar de não impressionar, e um elenco mirim fabuloso, com cada um com suas particularidades bem delineadas. Se a aparição do tão famigerado alienígena demora, sua revelação não demonstra ser o grande clímax como é esperado em teoria, e que por sinal se apresenta inclusive exagerado e de menor importância em comparação ao resto. Em sua totalidade, “Super 8” é envolvente e divertidíssimo. Sua estrutura técnica é bem realizada, valorizando a nostalgia e o valor que certas obras de Spielberg tiveram, não para o cineasta propriamente, mas para os saudosos espectadores.

Nota:  8,5/10

2 comentários:

  1. Esse filme é fantástico!

    Lembro que saí do cinema com uma sensação de novidade/nostalgia. Foi como ver 'Os Goonies'. ( Não comparando claro)

    ResponderExcluir
  2. Mas essa produção remete a lembrança de 'Os Goonies', sim. Pelo menos de certo modo também. Essa sensação que você teve não é um caso isolado. Obrigado pela visita déh!

    abraço

    ResponderExcluir