quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Crítica: Clã das Adagas Voadoras | Um Filme de Zhang Yimou (2004)



Poucos são os filmes que despertam em mim o desejo de publicar um post todo composto por imagens da fita em questão. O “Clã das Adagas Voadoras” (House of Flying Daggers, 2004) é quase um exemplo materializado desse desejo. Dirigido por Zhang Yimou (Nenhum a Menos), esse longa repleto de belas imagens é um espetáculo visual raro da sétima arte oriundo do Oriente. Repleto de majestosas paisagens e uma direção de arte competente, amparada por uma direção de fotográfica esplêndida, esse filme trás todo o lirismo do cinema chinês e a atmosfera mágica dos grandes filmes de artes marciais para a película de forma magistral. Mesmo que narrativamente seja menos promissor que “Herói” - outro trabalho esteticamente similar de Yimou – o “Clã das Adagas Voadoras”, tem em seu visual apurado carregado de cor e magia, e nas coreografias marciais fantásticas por sua vez, seu maior trunfo. A história dessa fita se passa no século IX, quando a dinastia Tang na China tem se encontrado enfraquecida e corruptível, tendo ainda um exército rebelde chamado “Clã das Adagas Voadoras” em constantes confrontos contra as forças militares do império que assolam a nação com constantes roubos contra a burguesia. Numa estratégia de impedi-los, devido ao agravamento da situação, Leo (Andy Lau) e Jin (Takeshi Kaneshiro) dois capitães do exército imperial planejam encontrar o perigoso Clã através do uso de uma dançarina cega chamada Mei (Zhang Ziyi), que possivelmente tem ligação com os líderes desse movimento criminoso. Porém ambos nutrem um amor pela mesma, desencadeando desse triangulo amoroso um conflito que resulta em um duelo fatal.

Apesar do contexto político expresso na trama, o romance dos protagonistas é o elemento que movimenta toda a rede de intrigas dessa história. Amores proibidos, e não correspondidos, são as ferramentas que o roteiro se utiliza para intercalar as sequências de ação. Mais do que um filme de artes marciais, essa fita é um romance bem ambientado e com uma atmosfera incrível. Os interesses dos protagonistas se transformam no decorrer dos fatos e as motivações se alteram deixando as prioridades da nação a margem das paixões nas quais os protagonistas estão envoltos. Tudo bem condimentado pelo estilo lírico do cinema chinês que exaltar em sobreposição honra e amor numa trama abarrotada de tragédia. A insignificância da individualidade diante de um bem maior. E mesmo com direito a instigantes reviravoltas - um pouco para fugir da mesmice – é inegável que seja nas cenas de luta que reside as maiores qualidades do gênero. No caso desse longa, não precisamente nas coreografias da luta em si, mas na beleza do visual que cerca toda a ação. Cores enaltecidas e enquadramentos precisos em planos longos que transformam a mais corriqueira paisagem em uma pintura impressionista. Como no desfecho, onde a atmosfera se transforma ao redor ganhando contornos e cores diferentes – começa com sol e termina com uma doce nevasca numa transição pouco natural, mas esteticamente interessante. Os confrontos ocorridos numa cena clássica do gênero – nos bambuzais – têm as melhores qualidades da direção de fotografia. O verde do bambu nunca foi tão verdejante quanto possível como nessa sequência.

Naturalmente que o “Clã das Adagas Voadoras” está distante de um confronto a altura com o “O Tigre e o Dragão”, filme dirigido por Ang Lee e responsável pelo resgate do gênero as salas internacionais de cinema. Acompanha a pouca distância “Herói”, seu irmão mais expressivo dentro do cinemão, muito por ter tido como protagonista o astro Jet Li, sempre carismático aos olhos do Ocidente. Porém, mesmo com suas deficiências, não diria técnicas, ainda o julgo ser um belo exemplar do gênero do kung fu productions, mesmo que seja meramente decorativo. 

Nota: 7/10

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