quinta-feira, 6 de junho de 2019

Cartaz Retrô: Blade Runner 2049 (Blade Runner 2049, 2017) de Denis Villeneuve

Cartaz Alternativo do filme estrelado por Ryan Gosling e Harrison Ford

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Crítica: A Dama Dourada | Um Filme Simon Curtis (2015)


Maria Altmann (Helen Mirren) é uma jovem mulher que fugiu de Viena por causa dos avanços dos nazistas sobre a Áustria durante a Segunda Guerra Mundial e se refugiou em Los Angeles. Sessenta anos depois da fuga, Maria começa uma jornada para recuperar os bens de sua família que foram roubados pelos nazistas, entre eles a obra-prima do pintor Gustav Klimt, chamada de “Retrato de Adele Bloch-Bauer”. Para isso ela conta com a ajuda do inexperiente advogado Randol Schoenberg (Ryan Reynolds), numa batalha judicial com o Governo da Áustria para que eles devolvam sua herança e tragam justiça ao que aconteceu com sua família durante a guerra. “A Dama Dourada” (Woman in Gold, 2015) é um drama biográfico escrito por Alexi Kaye Campbell e dirigido por Simon Curtis. O filme teve a sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Um hábil realizador de cinebiografias, Simon Curtis já havia realizado o fascinante “Sete Dias com Marilyn”, em 2011. Em “A Dama Dourada” o cineasta consegue elaborar um longa-metragem adequado a sua proposta, que exibe um tratamento visual requintado aos eventos e com uma performance fabulosa de Helen Mirren e Ryan Reynolds, mas de pouca emoção apesar da história dramática que é contada.

A Dama Dourada” apresenta uma narrativa que alterna a retratação dos eventos que Maria Altmann sofreu em sua juventude, durante a ocupação nazista, com a difícil cruzada que foi levar seu caso a justiça em diferentes instâncias dos tribunais norte-americano e Austríaco. Seu caso se arrastou por quase uma década até se obter um veredicto justo. Entretanto, é curioso ver que os eventos passados no período onde os nazistas ocupavam o território austríaco que desencadearam manifestações de preconceito em Viena são infinitamente mais dramáticos e por vezes mais representativos em emoção do que a jornada judicial a que Helen Mirren é submetida. A atriz Tatiana Maslany que interpreta Maria na juventude faz um ótimo trabalho não devendo em nada para a estrela Helen Mirren. E quando as narrativas se mesclam de modo cinematográfico, Simon Curtis realiza passagens de grande inspiração visual. Mas o problema de “A Dama Dourada” é justamente esse: seu passado é mais fascinante de ser acompanhado do que propriamente seu presente. Enquanto toda a angústia dos eventos que retratam a ocupação nazista se mostra perceptível aos sentidos, a rebuscada reconstituição do processo judicial denota pouca força. Entre a reconstituição dos fatos e algumas liberdades poéticas necessárias, o roteiro demonstra uma forte inclinação em querer repousar no convencional.

Longe de ser uma cinebiografia ruim, mas distante de ser algo memorável, “A Dama Dourada” é um filme muito bem feito, com um elenco de apoio funcional e bem produzido. Embora Simon Curtis entregue uma produção agradavelmente competente que equilibra bem seus defeitos e suas qualidades, há nesse subgênero exemplares mais redondos. Se em alguns momentos da história alguns aspectos são enaltecidos pelo comum verniz cinematográfico, também há momentos tediosos que não lhe caem bem.

Nota:  7/10


domingo, 2 de junho de 2019

sábado, 1 de junho de 2019

Crítica: Nocaute | Um Filme de Antoine Fuqua (2015)


Billy Hope (Jake Gyllenhaal) é um boxeador profissional que tem em sua esposa, Maureen (Rachel McAdams) seu braço direito e maior conselheira para os assuntos da família e dos negócios. Mas quando uma tragédia acontece na vida de Hope, sua vida profissional entra em decadência e as estruturas de sua família são abaladas. Derrotado nos ringues, falido e prestes a perder definitivamente a guarda e o amor de sua filha Leslie, Billy tenta se levantar novamente e superar a depressão que atinge sua vida. Para isso ele procura o treinador Tick Wills (Forest Whitaker), um homem temperamental e com uma personalidade difícil, mas é a ferramenta que pode ajudar Billy a consertar seus erros do passado e fazer as pazes com seu presente. “Nocaute” (Southpaw, 2015) é um drama esportivo estadunidense escrito por Kurt Sutter e dirigido por Antoine Fuqua. O filme teve sua estreia no Shangai International Film Festival e foi o último trabalho a ser assinado pelo compositor James Horner (1953-2015) antes de sua morte. Apesar do enredo clichê que “Nocaute” disponibiliza ao espectador, possivelmente já utilizado centenas de vezes em filmes semelhantes, a forma como a história se desenvolve na tela e é contada ao espectador o torna bem diferente e muito melhor do que em inúmeros outros filmes que o antecedem.

É curioso ver como o diretor Antoine Fuqua evoluiu muito como realizador nos últimos anos. Trabalhador incessante, sua carreira deslanchou após “Dia de Treinamento”, de 2001. Entretanto foi ao decorrer dos anos que sua filmografia foi muito mal preenchida com filmes pouco expressivos como “Rei Arthur”, de 2004 e “Atirador”, de 2007. Mas nota-se uma aparente evolução suficientemente positiva desde “O Protetor”, de 2014, onde retorna com um novo trabalho bastante competente em uma nova parceria com o astro Denzel Washington, que inclusive gerou uma promissora sequência em 2018. O astro ganhou um merecido Oscar de Melhor Ator em “Dia de Treinamento” por seu papel de policial corrupto. Sobretudo, é bastante perceptível a sua evolução em “Nocaute”, quando o diretor pega um enredo deveras clichê e apresenta um produto bem alinhado com sua proposta. O filme tem todas as passagens típicas de um filme que enaltece a esperada busca de redenção, mas são inegavelmente bem feitas. Brilhantemente protagonizado por Jake Gyllenhaal, o ator confere a força necessária para um personagem em declínio que necessita dar a volta por cima antes que seja tarde. Da mesma forma que Gyllenhaal entrega muito com pouco, Fuqua faz o mesmo ao entregar um ótimo filme com base em um enredo previsível, estereotipado e sem novidades. A sensação agradável que esse filme proporciona é unicamente possibilitada por sua excelência na execução. As cenas de luta são muito bem filmadas, o elenco de apoio é genial (onde Forest Whitaker naturalmente se destaca ainda que Rachel McAdams tenha seus momentos), e a ambientação do universo do boxe é bastante realista e convincente.

Nocaute” é um bom filme esportivo, com atuações sólidas e uma carga dramática bastante funcional. O filme funciona ao que se propõe e prende a atenção do espectador pelos desempenhos de atuação dos grandes nomes que habitam o elenco. Sobretudo, a de Jake Gyllenhaal. A difícil jornada pela qual Jake Gyllenhaal passa para encontrar sua inalcançável redenção, que mais batida que possa ser aos olhos dos fãs de filmes assim, ainda é vitoriosa pela consequente soma de pontos positivos.

Nota:  7,5/10

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Crítica: Fahrenheit 451 | Um Filme de Ramin Bahrani (2018)


Em um futuro distópico onde os livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas crimes e o pensamento crítico não são incentivados, o bombeiro é um profissional desfigurado na imagem de um incendiário e responsável por queimar livros e caçar pessoas que são contrárias às ideias do regime totalitário que regem as regras do sistema em vigor. Guy Montag (Michael B. Jordan) é um bombeiro e uma ferramenta bastante funcional ao sistema e aos propósitos de seu chefe, o Capitão Beauty (Michael Shannon), que o tem treinado a muitos anos para sucede-lo no cargo. Mas o seu contato com Clarisse McClellan (Sofia Boutella), uma espécie de estorvo para o governo o faz com que comece a questionar suas atitudes e todas as regras dominantes dessa sociedade. “Fahrenheit 451” (Fahrenheit 451, 2018) é uma produção estadunidense de drama escrita e dirigida por Ramin Bahrani. Inspirada no livro Fahrenheit 451 de Ray Bradbury, o filme é estrelado por Michael B. Jordan, Michael Shannon, Sofia Boutella, Lilly Singh, Laura Harrier, Andy McQueen e Martin Donovan. Produzido pela HBO Films, a sua estratégia de releitura das páginas de sua inspiração preserva de certo modo os seus conceitos revolucionários, adiciona novas ideias ao enredo e apresenta uma dupla de protagonistas fantástica. Mas o filme desperdiça os atrativos do romance de Ray Bradbury em uma produção equivocada (há também um filme de 1966, estrelado por Oskar Werner, Julie Christie e Cyrill Cusak), e não sequer se aproxima de fazer uma homenagem à altura da excelência de sua inspiração.

Embora a maioria das séries produzidas pela HBO consegue alcançar um nível de excelência bastante satisfatório, nem sempre, ou quase nunca suas produções de longa-metragens atingem o mesmo nível de qualidade. Esse é o caso de “Fahrenheit 451”. O filme falha em vários aspectos, ao não conseguir construir uma atmosfera cinematográfica adequada; ao não aproveitar as qualidades literárias de sua inspiração; e desperdiçar o talento e carisma de uma dupla de protagonistas que andam se envolvendo em outras produções muito boas. Seu futuro distópico tenta dialogar com as novas gerações adeptas de lives e likes ao fazer transmissões ao vivo de prisões e incentivar a ação inútil de curtir o resultado das missões. O livro lança uma mensagem crítica sobre um sistema totalitário e manipulador que o filme não passa com a devida fluência. O texto de Ray Bradbury em certos momentos até está presente, mas sem força devido à má construção do conjunto. Enquanto Michael B. Jordan é vitimado pela pouca profusão do roteiro de Ramin Bahrani, o ator Michael Shannon sobrevive melhor diante de várias escolhas narrativas equivocadas. Seu personagem que oscila entre a obediência cega e a consciência das falhas do sistema, se mostra sendo a melhor coisa de um filme repleto de falhas. Uma curiosidade: o número 451 é a temperatura (em graus Fahreinheit) para a queima do papel.

Fahrenheit 451” insiste em se distanciar de uma obra que não precisava modernizações radicais para ganhar valor. Suas mudanças são apenas artifícios de embelezar um produto (com a adição de efeitos visuais batidos) que não agregam nada as mensagens que a obra literária emplaca. Não se trata apenas da queima de livros, mas da destruição de um longínquo legado de história, cultura e filosofia construída pela humanidade. Embora o filme até toque nesse aspecto em seu enredo, a narrativa se mostra desconexa com o propósito e mais desaponta com sua história moderninha do que é capaz de causar algum fascínio.

Nota:  5/10

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Crítica: Quando as Luzes se Apagam | Um Filme de David F. Sandberg (2016)


Sophia (Maria Bello) é uma mulher que tem segredos em seu passado que desencadearam um efeito negativo sobre seu filho, Martin (Gabriel Bateman), que passou a ver uma inexplicável mulher toda vez que as luzes se apagam. Sua irmã mais velha, Rebecca (Teresa Palmer) também em sua infância via essa fantasmagórica mulher e agora junto com seu irmão volta sofrer do mesmo problema. Decidida a descobrir a razão desse assustador fenômeno que parece estar ligado a sua mãe, Rebecca e seu irmão  iniciam uma perigosa investigação que fará da escuridão da noite uma jornada interminável e assustadora. “Quando as Luzes se Apagam” (Light Out, 2016) é uma produção estadunidense de suspense e terror escrita por Eric Heisserer e dirigida pelo sueco David F. Sandberg (responsável pela sequência "Annabelle 2: A Criação do Mal", de 2017 e o sensacional “Shazam!”, de 2019). Inspirado em um curta-metragem de cerca de 3 minutos de mesmo nome lançado em 2013, e também dirigido pelo próprio Sandberg, o seu trabalho viralizou na internet a alguns anos e despertou o interesse de James Wan que produziu apadrinhando um longa-metragem inspirado no curta. Repleto de clichês, boas atuações por parte de Teresa Palmer e Gabriel Bateman, uma atmosfera competente, o filme rende bons momentos de tensão e explora com uma boa dose de criatividade as infinitas possibilidades da escuridão. 

O medo do escuro é talvez um dos medos mais clássicos da humanidade e a adição concreta de um fantasma a esse medo não é uma das ideias mais originais do mundo. Mas “Quando as Luzes se Apagam” explora esse aspecto com alguma consciência do risco e adiciona obviamente uma trama de mistérios em volta disso que manifesta uma necessária investigação que até funciona muito bem. Embora filmes como os da franquia “O Chamado” ainda são imbatíveis nesse quesito. Os momentos tensos permeados pelas sombras que resultam eventualmente em sustos ganham um fôlego com o acender das luzes, e o elenco segura bem o material de pouco peso do roteiro que tinha como base uma inspiração minimalista. O filme não chega a ser a reinvenção da roda, mas mantem a atenção do espectador com um bom nível de funcionalidade. A história é necessariamente engordada para justificar sua duração e a realização segue uma cartilha de produções semelhantes do gênero que aborda dramas de família sobrenaturais. É fato que realizar algo original nesse âmbito é um desafio quase que intransponível diante de milhares de filmes de terror parecidos como esse. Por essa razão que “Quando as Luzes se Apagam” não se arrisca a fazer. Sua proposta é mais de apresentar algo bem feito em termos de aparência, com desenvolvimento enxuto, atmosfera bem construída que leva a um desfecho ligeiramente ousado que o liberta de qualquer frustração comum. 

Por isso “Quando as Luzes se Apagam” é um bom filme de terror despretensioso, realizado com um orçamento modesto e sem astros e estrelas no elenco. Pode-se afirmar que até entrega muito considerando o pouco que tinha a sua disposição. De certa forma, apenas entrega o que sugeria ter em mãos, sendo que nunca havia feito mesmo, promessas grandiosas ao seu público. E talvez seja por isso que ele se saia tão bem diante do público, pois não quer ser algo memorável. Eu diria que apenas um bom filme de entretenimento em seu gênero.  

Nota:  7/10

X-Men: Fênix Negra (2019)