terça-feira, 6 de junho de 2017

Crítica: Onde os Fracos Não Têm Vez | Um Filme de Ethan e Joel Coen (2007)


Entre a fronteira dos EUA e o México, Llewelyn Moss (Josh Brolin) faz uma típica caça de coiotes no deserto do Texas quando se depara com um provável acerto de contas protagonizado por cartéis de drogas. Moss encontra uma maleta com milhões em dinheiro e desaparece desse cenário de violência e sangue, mas o caçador vira uma presa quando, o impiedoso assassino Anton Chigurh (Javier Bardem) segue seus rastros enquanto o descrente xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) ao mesmo fecha o cerco sobre a desastrosa situação iniciada no selvagem deserto. “Onde os Fracos Não Têm Vez” (No Country for Old Men, 2007) é um suspense dramático escrito e dirigido pelos irmãos Coen. Baseado no romance do premiado escritor Cormac McCarthy (o escritor é vencedor do National Book, do National Book Critics Circle Award e do Prêmio Pulitzer de ficção que recebeu em 2007), esse longa-metragem que estreou com glória no Festival de Cannes, ganhondo quatro prêmios no Oscar 2008 (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante dado a Javier Bardem). Em suma, “Onde os Fracos Não Têm Vez” é uma somatória excepcional de talentos que levaram essa produção a ser um fenomenal sucesso de crítica. 

Onde os Fracos Não Têm Vez” é sombrio, violento e perspicaz. E de alguma maneira estranha chega inclusive a ser cômico de um modo assustador. Dá para entender o quão perturbadora é a violência alimentada pelas drogas, e como ela gera mais e mais violência. Mas os simbolismos arquitetados pelo enredo e articulados pela direção dos irmãos Coen para esse aspecto óbvio é o seu maior trunfo. O discurso pessimista elaborado pelo xerife que não consegue ver a possibilidade de melhora no mundo, e que não consegue ver a menor chance de sobrevivência para “os fracos” é um pouco do título dessa produção impresso na essência de Onde os Fracos Não Têm Vez. Sendo que ele como representante da lei e da ordem, não importa o que e como faça seu trabalho não representará importância alguma diante de um panorama tão descontrolado ao qual está sendo confrontado. A violência é quase uma doença sem cura. E a atmosfera criada pelos irmãos Coen para representar o quanto é pequeno um homem diante de tanta loucura é espetacular em diferentes escalas. A fuga de Josh Brolin é apenas um prolongamento do inevitável, um jogo de gato e rato que produz um fio esperança que tem um fim certo num breve futuro. O personagem de Woody Harrelson é uma outra demonstração do quanto é incerto o universo do crime gerado pelo narcotráfico. O filme está repleto de momentos memoráveis ao longo de sua duração. A tensão que ronda o personagem de Javier Bardem é outro ponto marcante: um psicopata convincente e articulado; uma figura brilhantemente perturbadora. Seja apenas com sua presença de tela ou em suas declarações tão sombrias quanto provocativas.

Onde os Fracos Não Têm Vez” tem uma grande história contada no ritmo certo (a história é desprovida de atropelos narrativos e dá muito espaço para reflexões bem inspiradas).  E para sua legitima funcionalidade, o desenvolvimento sempre seguro de personagens e um atraente visual que remete a uma atmosfera de faroeste contemporâneo que se instala na película, transporta o espectador para o filme de forma surpreendente. O clima filosófico que toca na superfície de assuntos complexos sobre a vida, a morte e os riscos inevitáveis que não possuímos  o total controle é mesclado genialmente ao focado arco das histórias contadas nessa produção. O que a propósito sem falta deve ser mencionado: os cineastas Ethan e Joel Coen demonstraram ao longo do tempo serem ótimos contadores de histórias. 

Nota:  9/10


4 comentários:

  1. é realmente incrível esse filme. eu não sei se o motivo da violência é as drogas, acho que algumas pessoas viveram sempre em ambientes violentos e não sabem viver de outra forma. eu tb comentei no meu blog. bardem está fantástico. http://mataharie007.blogspot.com.br/2009/02/onde-os-fracos-nao-tem-vez.html beijos, pedrita

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    1. Aqui o estopim da violência é o narcotráfico. Outro filme interessante sobre o assunto também é "Sicario", que aborda esse universo de forma crua e implacável.

      bjus

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  2. Filmaço, talvez o melhor dos irmãos Cohen. Entre as ótimas atuações, o assassino de Javier Bardem é um dos mais assustadores da história do cinema.

    Abraço

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    1. Acredito que Javier Bardem é cotado como um dos vilões mais assustadores do cinema. Nesse filme ele nem precisa dizer nada, para causar arrepios. Atuação perfeita!

      abraço

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