quinta-feira, 26 de novembro de 2015

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Crítica: Guardiões da Galáxia | Um Filme de James Gunn (2014)


Em 1988, após a morte da mãe, o jovem Peter Quill (Chris Pratt) é raptado por um grupo de alienígenas. Esses alienígenas não passam de piratas espaciais e são liderados por Yondu Udonta (Michael Rooker). Duas décadas depois, Peter que agora é um aliado de seus sequestradores se lança em uma manobra sorrateira e rouba um precioso e poderoso artefato que quem o possui-lo pode dominar a galáxia. Sob o nariz de seus parceiros do crime, Peter o rouba com a pretensão de vendê-lo. Mas esse artefato também é o objeto de desejo de Ronan (Lee Pace), que está determinado a tê-lo para destruir o planeta Xandar. O que se inicia como uma caça a recompensas vem a frustrar o plano de Ronan, pois Peter une forças com um pequeno e excêntrico grupo de mercenários, onde a assassina Gamora (Zoe Saldana), o caçador de recompensas e mercenário, Rocket Racoon (com a voz de Bradley Cooper), seu amigo humanoide, Groot (Vin Diesel) e o vingativo Drax (Dave Bautista), passam a colaborar num plano para evitar que Ronan tenha o que deseja. “Guardiões da Galáxia” (Guardians of the Galaxy, 2014) é produção de aventura e ação pertencente ao universo da Marvel Comics. Produzido pela Marvel Studios, esse longa-metragem é adaptado e dirigido por James Gunn. Mesmo sendo mais supervalorizado do que impressionante, há uma dose considerável de genialidade em seu lançamento, que como grata consequência levou milhares de pessoas em 2014 aos cinemas para ver o resultado fazendo dessa produção um dos filmes da Marvel de maior sucesso.

Na fileira de produções da Marvel, “Guardiões da Galáxia” é uma surpresa para quem nunca ouviu falar de sua fonte nas HQs. E por assim dizer, visto por um olhar mais crítico pode se dizer que é uma produção tão arriscada quanto fascinante. Com história e personagens quase que desconhecidos do grande público, diferentemente de populares figuras da cultura pop como Hulk, Thor ou Capitão América, a Marvel apostou suas fichas e acertou em cheio na expansão cósmica de seus filmes. Saem de cenas os populares personagens e entra um pequeno grupo de incorrigíveis heróis envoltos em uma rede de intrigas politicamente incorreta. Essa reunião de um grupo de anti-heróis disfuncionais não poderia ter rendido uma transposição tão divertida quanto inesperada ao espectador comum, alheio as ramificações elaboradas do universo que a Marvel tem construído desde o primeiro filme do “Homem de Ferro”. Mesclando com um nível magistral de eficiência, que lança aos olhos dos espectadores todos os requintes típicos dos filmes do selo da Marvel, a ação, o humor e os personagens bem compostos que são permeados durante as poucas mais de duas horas de duração do filme, o cineasta e roteirista James Gunn casa bem com a proposta de cinema que a Marvel busca aos seus filmes e entrega um das melhores produções da produtora. Ainda que esteja conectada com todo trabalho feito até então nos filmes anteriores, “Guardiões da Galáxia” também funciona sem restrições como filme solo sem diminuir a experiência aos menos familiarizados. Funciona, e funciona bem. A trama reserva emoções, nostalgia, reviravoltas e várias surpresas, além dos costumeiros easter eggs.

E muito da funcionalidade dessa produção se deve ao entrosamento dos personagens em cena, onde atores pouco conhecidos como Chris Pratt, ou até mesmo Dave Bautista rendem cenas memoráveis de humor e diversão. Com um elenco de apoio de grandes nomes, o filme também conta com a presença de Benicio del Toro, Karen Gillan, Josh Brolin, Djimon Hounsou e John C. Reily. É quase impossível apontar com precisão o melhor personagem da trupe. Até mesmo o Guaxinim que leva apenas a voz de Bradley Cooper se destaca como diversão sem fazer esforço. Na verdade, tudo nessa produção é voltada para isso: divertir. Seja na aplicação de efeitos visuais que criam um espaço sideral visualmente fascinante e sequências de ação tão brilhantemente orquestradas como também incessantes. Um grande destaque se encontra na trilha sonora, que virou coletânea de culto de muitos cinéfilos após o lançamento do filme e tornou-se uma das trilhas sonoras mais vendidas em 2014. Por isso, “Guardiões da Galáxia” foi um risco assumido que deu certo. Tem o seu charme próprio, diferente dos demais filmes da Marvel, embora siga um punhado de regras de sucesso comprovado desse universo que não para de crescer.

Nota:  9/10

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Crítica: O Abrigo | Um Filme de Jeff Nichols (2011)


Curtis (Michael Shannon) é um pacato cidadão de uma pequena cidadezinha da zona rural de Ohio. Homem de família íntegro, um competente trabalhador da construção civil, ele é casado com Samantha (Jessica Chaistain), uma complacente esposa com a qual possui uma delicada filha com deficiência auditiva. Em meio a tudo isto, algo vem a atrapalhar o sossego dessa família, quando sem explicação Curtis passa a ter alucinações que o fazem crer que estão prestes a serem abatidos por uma tempestade de proporções épicas e de consequências apocalípticas. Pondo em xeque sua própria sanidade, sendo que sua própria mãe mesmo se encontra internada em uma clínica psiquiátrica com diagnóstico de esquizofrenia, Curtis se questiona quanto a sua condição: ele está louco ou está mesmo sendo o mensageiro de uma premonição assustadora? Assim, oscilando entre a razão e a insanidade ele coloca em prática um plano de restaurar um abrigo anti-nuclear localizado nos fundos de sua casa que coloca consequentemente todas as pessoas ao seu redor em polvorosa. “O Abrigo” (Take Shelter, 2011) é uma produção dramática de suspense escrita e dirigida por Jeff Nichols. Um dos melhores filmes estrelados por Michael Shannon (que em 2008 havia sido indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme “Foi Apenas Um Sonho”), o ator retorna a fazer parceria com o cineasta Jeff Nichols (com quem o ator trabalhou em “Separados pelo Sangue) entregando para deleite dos espectadores um longa-metragem pouco conhecido, singular, fascinante por sua capacidade de ser intrigante do começo ao fim e que resultou em um suspense superlativo em vários quesitos.

Se distanciando com total segurança de soluções fáceis do cinema contemporâneo, a história em si, de “O Abrigo” reserva uma dose considerável de surpresas e competência em sua realização que o diferencia de um punhado de outras produções semelhantemente medíocres. Jeff Nichols demonstra total consciência do produto que quer realizar. Deixando de lado sustos elaborados e exageros gritantes que são solicitações de produtores equivocados, o roteiro de Jeff Nichols é bem mais centrado no poder da sugestão. Essa objetividade confere contornos fascinantes ao filme. O desenvolvimento da trama, inegavelmente enxuto, não deixa pistas fáceis para o desfecho, nos prendendo ao turbilhão de emoções vividas pelo protagonista. E essas emoções são brilhantemente materializadas pela interpretação de Michael Shannon, um ator que de posse de um bom roteiro e um papel de profundidade é capaz de surpreender como poucos atores em vigor no cinema hollywoodiano. Sobretudo, a presença da belíssima Jessica Chaistain colabora com perfeição para o conjunto de interpretações que ainda tem nomes como Kathy Baker, Tova Stewart e Shea Whigham. Apresentando efeitos visuais atinados e uma trilha sonora que proporciona intensidade nos momentos certos, há uma série de aspectos que impulsionam essa obra para nível de excelência espetacular. No final das contas, “O Abrigo” é um filme brilhantemente erguido por um conjunto de elementos bem escolhidos, que vão de sua teoria a sua materialização, mas sem duvida nenhuma sustentado pela inspirada interpretação de um ator muitas vezes subestimado nos corredores de Hollywood.

Nota:  8/10

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Crítica: O Agente da U.N.C.L.E. | Um Filme de Guy Ritchie (2015)


Na década de 60, e com a Guerra Fria a pleno vapor, o agente da CIA Napoleon Solo (Henry Cavill) e o espião da KGB, Illya Kuryakin (Armie Hammer) estão obviamente em lados opostos. Mas quando após uma constrangedora missão na Alemanha Ocidental onde esses dois se confrontam, ambos vêm a trabalhar juntos em uma missão conjunta com a filha de um renomado cientista, Gaby Teller (Alicia Vikander) para frear uma perigosa organização criminosa que tem o intuito de utilizar os conhecimentos científicos do pai de Gaby para construir uma bomba nuclear. Deixando de lado suas óbvias diferenças, esse inesperado trio terá que colaborar, apesar das suas diferenças em prol da paz mundial. “O Agente da U.N.C.L.E.” (The Man from U.N.C.L.E., 2015) é uma produção de comédia e ação de espionagem baseada em uma série de televisão exibida entre 1964 e 1968, e criada por Sam Rolfe. Naturalmente o trabalho do cineasta Guy Ritchie é um regresso nostálgico aos filmes de romance e espionagem da época em que se passa, realizados em preto e branco e que inspiraram a série original. Embora a história se mostre pouco ambiciosa, e certamente um dos aspectos mais frágeis dessa empreitada de Guy Ritchie, essa produção reúne um conjunto de elementos físicos e emocionais bastante expressivos para o divertimento do público.

Carregado de estilo e com uma dose de presunção quase imperceptível, “O Agente da U.N.C.L.E.” não se difere em muito dos trabalhos anteriores do cineasta londrino. Os famosos ritchismos (os maneirismos de câmera e edição comuns nos trabalhos anteriores do cineasta) estão lá, diferentes dos conhecidos dos fãs, mas ainda assim presentes. O cinema de homenagem de Ritchie agora tem menos recursos estilizados e mais burocracia. Mais contido nesse aspecto, o filme ganha pontos tendo um ótimo entrosamento do elenco principal, com destaque para Henry Cavill em meio às ideias comuns de filmes desse gênero. Armie Hammer também tem deixado para trás desempenhos negativos do passado (o longa-metragem da Disney chamado o “O Cavaleiro Solitário) e obtido performances agradáveis como nos tempos de “A Rede Social” e “J. Edgar”. E a presença de Alicia Vikander fecha essa trinca de boas atuações com louvor. Mas o filme perde sua força pela história genérica, que oscila entre a odiosa confusão causada pela excessiva agilidade narrativa e a desagradável complexidade dos acontecimentos, e sem ter grandes momentos memoráveis ou reviravoltas que se destaquem aos sentidos, o desenvolvimento dos acontecimentos ainda consegue felizmente ganhar o espectador pelo apuro do argumento que sempre se mostra bastante arrojado nos filmes do cineasta. Temperado com boas doses de humor (destaque para cena de tortura onde a cadeira elétrica demonstra uma má funcionalidade), Guy Ritchie enriquece ainda mais seu trabalho com uma trilha sonora nada óbvia e ao mesmo tempo bastante funcional que confere uma agradável sonoridade a ação que rola pela película.

O conjunto de regras que reina de forma intocada no desenvolvimento dessa produção (o alarmismo da ameaça nuclear, os vilões caricatos e as bugigangas de espionagem pouco críveis ao seu tempo), faz com que “O Agente da U.N.C.L.E.” seja tão previsível quanto competente. Mas isso não deve ser encarado resumidamente de forma negativa, e sim, mais precisamente necessária. E consequentemente isso talvez seja o aspecto mais incômodo dessa produção, mesmo que não prejudique o resultado de forma implacável. Diverte como deve ser, mas não agrega nada ao gênero como a maioria de produções similares. Sobretudo, essa tem a seu favor a justificativa de ser uma refilmagem de uma fonte tão antiga quanto andar para frente. No final das contas, o trabalho de Guy Ritchie tem a mesma funcionalidade agradável que seus outros projetos confeccionados em um grande estúdio.

Nota:  7/10

domingo, 22 de novembro de 2015

Crítica: Esporte Sangrento | Um Filme de Sheldon Lettich (1993)


O ex-militar e habilidoso capoeirista, Beret Louis (Mark Dacascos) recentemente retorna do Brasil a sua terra natal. Em Miami, nas redondezas do bairro onde cresceu, Beret é confrontado com um panorama bem diferente do que imaginava do lugar onde cresceu, onde no decorrer dos anos em que esteve afastado a criminalidade e o tráfico de drogas tomaram o controle do futuro do bairro e consequentemente dos jovens que ali habitam. Buscando fazer a diferença, Beret reúne através da escola um pequeno grupo de jovens delinquentes e rebeldes sem causa num rigoroso treinamento de capoeira que pode conferir a eles além de curiosas habilidades marciais, também lhes proporcionar um senso de respeito mútuo e esperança que jamais imaginavam ter. Mas uma tarefa que naturalmente já seria difícil de ser executada por Beret, ainda tem num perigoso chefe de gangue outro obstáculo, pois o criminoso fará de tudo para manter o panorama inóspito do bairro que lhe oferece lucratividade. “Esporte Sangrento” (Only The Strong, 1993) é uma produção de ação estadunidense que tem contornos de pioneirismo ao abordar a Capoeira (arte marcial típica da cultura brasileira) de forma expressiva, não somente nas sequências de ação marcial, mas no próprio enredo. Dirigida por Sheldon Lettich e protagonizada por Mark Dacascos, um dos grandes astros de filmes B de ação dos anos 90 (e que até chegou a virar membro de elenco de apoio de luxo em produções hollywoodianas na década seguinte), o resultado dessa produção se nivela positivamente na memória de muitos espectadores, embora esteja repleto de clichês e nenhuma originalidade válida além de sua iniciativa pioneira.

Numa mistura de “Mentes Perigosas” com cenas de luta que usam a arte da capoeira para denotar a ação essencial do filme, o longa-metragem “Esporte Sangrento” não chega a ser tão sangrento quanto o título nacional sugere, embora o perigo da eficiência dos golpes seja explícito aos espectadores. Mas o filme em si não é apenas um desfile de vislumbrastes acrobacias, sendo que há uma necessária busca de redenção em seu enredo que o difere de um simples filme de artes marciais atochados de pancadaria. A antiga filosofia da capoeira é mais aplicada pelo protagonista nos jovens como forma de ressureição de caráter e autoestima (algo quase clichê em filmes esportivos norte-americanos), que segue as exigências do enredo em uma dura realidade. A capoeira é uma forma de recuperar jovens sem perspectivas que se encontram abandonados à própria sorte pelo Estado, ainda que ela também seja usada como recurso de ação. Com atuações niveladas com a produção de baixo orçamento, trilha sonora coerente com a capoeira, um argumento preso às burocracias do objetivo de inspirar atitudes benevolentes e um desenvolvimento que atende aos ávidos fãs de filmes de artes marciais numa boa medida, “Esporte Sangrento” é uma antiguidade comercial bem charmosa do gênero. Longe de ser magistral como vários outros filmes onde o Kung-fu é supremo, mas divertido como deve ser, o filme atende bem as suas necessidades. Os movimentos da capoeira, dos básicos aos mais complexos são bem retratados em boas sequências de luta, onde Dacascos se sai bem e não deixa naturalmente a desejar.

Nota:  7/10

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sexta-Feira 13


Lafar 88 Friday the 13th: Alternative Movie Poster

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Crítica: Velocidade Máxima | Um Filme de Jan De Bont (1994)


O que parecia ser apenas mais um dia na ensolarada cidade de Los Angeles, acaba se tornando um dia inesperadamente impressionante. Quando o psicopata Howard Payne (Dennis Hopper) coloca uma bomba em um ônibus do transporte coletivo da cidade, e que caso a velocidade do transporte venha a cair para menos de 80 km/h, o ônibus explode. Isso é o princípio de um plano terrorista que acaba de entrar em ação. Caso suas reinvindicações financeiras não sejam atendidas, o pior irá acontecer.  Assim o policial, Jack Traven (Keanu Reeves) entra no veículo e passa a contar com a ajuda da jovem passageira, Annie Porter (Sandra Bullock) para manter o ônibus em movimento independente das circunstâncias, isso dentro das reinvindicações do terrorista, enquanto o FBI tenta encontrar um meio de desarmar a bomba e impedir o sucesso do plano do terrorista. Numa corrida contra o tempo, todas as chances estão contra os passageiros e cabe a Jack mudar o rumo desse perigoso jogo, ao qual todos os passageiros desse ônibus estão sendo submetidos. “Velocidade Máxima” (Speed, 1994) é uma produção estadunidense de ação escrita por Graham Yost e dirigido por Jan de Bont. Sucesso de bilheteria da época, o impressionante resultado dessa produção continua a manter intacta uma expressiva quantidade de fãs que se formaram ao decorrer dos anos. Embora tenha gerado uma fracassada continuação (essa sem a presença de Keanu Reeves no elenco), que consta como sendo um desastre dos mais homéricos de Hollywood, o fato de ainda se discutir a possibilidade de um terceiro episódio mesmo depois de duas décadas, somente demonstra a força imbatível do filme original sobre os espectadores.

De uma improvável premissa, “Velocidade Máxima” é materialização do que há de melhor do cinema de ação dos anos 90. A sequência de introdução que se passa dentro de um elevador já denota o valor da elaboração desse longa-metragem. Jan De Bont, que antes dessa produção somente detinha uma vasta experiência como diretor de fotografia em blockbusters de sucesso, se mostrou inspirado ao fazer a mudança de função para a cadeira de diretor e agraciou o público com um filme de estreia icônico. Equilibrando ação e tensão com um nível de precisão impressionante, Jan De Bont se arma com toda a estrutura de um cinema de ação de qualidade e entrega um filme que prende a atenção dos espectadores do começo ao fim com enorme firmeza e competência. Além dos requintes de uma produção bem feita, o cineasta é auxiliado por dois astros em ascensão do cinema da época (Keanu Reeves e Sandra Bullock) que rivalizando com um veterano do cinema norte-americano, o ator Dennis Hopper, todos sem exceção entregam desempenhos imbatíveis e mais do que funcionais ao improvável enredo no qual praticamente a dupla de protagonistas não saem das dependências de um ônibus circular de passageiros de Los Angeles. E esse aspecto, das impossibilidades que ganham contornos críveis é um dos aspectos mais charmosos desse filme. Não é difícil embarcar na viagem do roteiro e torcer pelas vítimas do acaso. Em resumo, “Velocidade Máxima” é mais um daqueles nostálgicos filmes de uma boa fase do cinema dos anos 90. Através de sequências carregadas de emoções vibrantes para o espectador, cenas de ação de tirar o fôlego que são margeadas por um inesperado romance, esse filme é um daqueles que você não se cansa de ver reprisar.

Nota:  9/10 
   

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Crítica: Relatos Selvagens | Um Filme de Damián Szifron (2014)


Através de seis pequenos contos da vida, todos provenientes do simplório cotidiano popular, nós somos confrontados com uma realidade tão imprevisível quanto crua, onde os personagens rumam por uma linha tênue entre a civilidade e a barbárie. Nessa reunião de contos acompanhamos os acontecimentos ocasionados durante um dia de fúria na vida de um homem, o retorno de tristes lembranças de uma garçonete, o destino brutal de uma briga de trânsito, a revolta de um homem pelo sistema burocrático e ineficaz dos serviços públicos, o asqueroso jogo de poder aos quais pessoas de influência se beneficiam e por fim, os estranhos caminhos de uma festa de casamento. Nesse conjunto de acontecimentos, o espectador pode notar que são nos pequenos detalhes da vida que sob as circunstâncias adequadas é que podem surgir atitudes irreconhecíveis nas pessoas. “Relatos Selvagens” (Relatos Salvajes, 2014) é uma inspirada comédia de humor negro que foi escrita e dirigida por Damián Szifron (responsável pelo filme “Tempo de Valentes”, de 2005), como também foi protagonizada por Rita Cortese, Ricardo Darín, Nancy Dupláa e Dario Grandinetti. Longa-metragem selecionado para a Palma de Ouro com o prêmio de maior prestígio do Festival de Cannes, o filme também foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na cerimônia do Oscar 2015. O filme, ao relatar os acontecimentos através de uma inspirada retratação, o cineasta Damián Szifron entrega um dos melhores filmes de vingança ocasionados pela perda do controle emocional que poderia surgir do cinema latino-americano.

As seis histórias sobre a perda de controle, e suas consequências são o material e a essência de “Relatos Selvagens”. Embora o filme tenha grandes nomes no elenco (leia-se Ricardo Darín, como sempre competente ator do cinema argentino), os personagens e seus desempenhos são bem divididos na tela e em proporções tão justas quanto impressionantes. Todos brilham em suas performances de modo bastante particular, como a direção de Damián Szifron, ao estabelecer um tom cômico às ações dos personagens, mostra mais do que um acerto ao desenvolvimento desse longa-metragem, mas sim, uma necessidade. Com um roteiro afinado pela mão de Damián Szifron, uma montagem funcional e atuações mais do bem entregues por parte de todo elenco, que equilibram bem a dramaticidade necessária para suas histórias com o teor cômico adotado pelo realizador, “Relatos Selvagens” surge como uma das melhores surpresas do cinema argentino em anos, e em meio a um vasto repertório de outros excelentes filmes que vem saindo de lá. As histórias de vingança protagonizadas por personagens que estão à beira, ou já ultrapassaram os limites da razão e perdem o controle, surgem de acontecimentos e circunstâncias casuais ganham desfechos tão inesperados quanto brutais e se alinham perfeitamente com a proposta oferecida pela direção, que acentua tudo com ares de comédia escapista que suaviza os contornos de sadismo que se encontram em seu desenvolvimento. “Relatos Selvagens” é uma brilhante comédia dramática que merece ser descoberta.

Nota:  9/10