quinta-feira, 27 de junho de 2013

Crítica: Eu Sou a Lenda | Um Filme de Francis Lawrence (2007)


Robert Neville (Will Smith) é um cientista-militar que vive sozinho em Nova York após uma pandemia que ocorreu três anos antes. Um vírus se espalhou rapidamente pelo mundo, convertendo a população em uma espécie de vorazes zumbis-vampirescos que tem aversão a luz solar, e que aniquilou quase toda a população mundial, inclusive a da cidade de Nova York. Na solidão de ser um dos poucos sobreviventes, senão o último da maior metrópole do mundo, alterna sua rotina entre fazer contato com outras pessoas não infectadas, e a busca da descoberta da cura à doença que praticamente dizimou a raça humana. Neville tem apenas em sua companhia, um inseparável cão pastor. Tanto a busca por outros sobreviventes, como a cura do vírus ao qual ele se apresenta imune, demonstra-se distante. Mas quando uma jovem e uma criança cruzam seu caminho, Neville começa a ver a possibilidade desse pesadelo que inclusive tem abalado sua sanidade se reverter. "Eu Sou a Lenda" (I Am Legend, 2007) é baseado no livro de Richard Matheson, publicado em 1954 e que já havia sido transposto pela primeira vez para película em 1964, com o título "Mortos que Matam", de Ubaldo Ragona - uma evidente inspiração à George Romero materializada em "A Noite dos Mortos Vivos", de 1968. Sobretudo, esse remake conduzido pelo diretor Francis Lawrence confere uma roupagem mais dinâmica a premissa de Matheson em um produto explicadamente de consumo rápido com alguma carga dramática bem-vinda encrustada em sua estrutura. 



O diretor Francis Lawrence, famoso por dirigir vídeos musicais de mega bandas, e de sucesso a contento após seu longa "Constantine" (2005), consegue criar seu conceito de fim de mundo, e de personagem que conduz o espectador por ele de modo formidável. Porém, o longa é inevitavelmente dividido em três atos desiguais, onde acaba por perder força no segundo, até culminar em um desfecho ineficaz e desinteressante - inclusive no final alternativo que compõe os extras do DVD. Se o ator Will Smith acerta no tom de sua desolação - muito pelo competente roteiro - a atriz brasileira Alice Braga, surge como um equívoco na história - ironicamente por culpa também do roteiro. Diálogos dissonantes permeiam a interação entre Smith e Alice, onde muitas vezes soam forçados, quando não inúteis para o andamento da história (não há química no contato deles como inclusive o surgimento dela se apresenta em ações excessivas). Entretanto a produção tem suas riquezas, como na estética visual desse mundo pós-apocalíptico retrocedido com ajuda de uma dose medida de efeitos visuais e uma direção de arte extraordinária. A narrativa que usa flashbacks, surpreendentemente necessários que dão a noção precisa do enredo, peca por não saber conduzir o espectador a algum lugar diferente do esperado. Contudo, "Eu Sou a Lenda" é um bom filme de entretenimento, e muito disso se deve a presença do astro Will Smith, que sustenta solitariamente bem a produção, tanto na emoção, quanto na ação de sua trajetória pela cidade.  Infelizmente Alice tornou-se um desvio de rumo fatal, que ao contrário de seu parceiro de tela, ainda não tem o carisma necessário que pode fazer a diferença dentro de uma produção de entretenimento para a massa.

Nota: 7,5/10  

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Crítica: Senhores do Crime | Um Filme de David Cronenberg (2007)


Anna (Naomi Watts) é uma parteira, que na noite de Natal ajuda uma criança a nascer, onde ao final, sua jovem mãe, Tatiana, não resiste ao parto e lamentavelmente morre. Anna decide por conta própria levar a notícia da morte da jovem, e o recém-nascido a família para que não se torne mais um órfão sem raízes. No entanto, com poucas informações ao seu dispor, tendo apenas em mãos um diário pessoal escrito em uma língua (russo) que não tem domínio, segue uma trilha de migalhas de pão que a leva ao endereço de um restaurante russo, onde conhece o proprietário Semyon (Armin Mueler-Stahl) que se presta ao serviço de traduzir o conteúdo do diário. O problema é que esse simpático senhor também comanda uma organização criminosa envolvida em prostituição, e o diário contém segredos sobre seu afetado filho, Kirill (Vincent Cassel) que pode abalar os alicerces do submundo do crime. Nessa armadilha, Anna ganha um aliado em Nikolai (Viggo Mortensen) um estranho motorista e guarda-costas, que se propõe a impedir que não se machuque nesse universo de violência, sexo e criminalidade. Em "Senhores do Crime" (Eastern Promises, 2007) o cineasta David Cronenberg constrói mais uma vez trama emblemática, apesar da forma convencional com que é contada, sobre a natureza violenta e conflitante do ser humano. Novamente o cineasta equilibra crueza (a cena da luta na sauna é visceral) e ternura (embutida na atitude de Naomi em não se conformar com o destino da criança) numa história bem delineada, extraída de atuações marcantes e um clima sombrio repleto de contrastes impactantes. 

"Senhores do Crime" repete a dobradinha Cronenberg/Mortensen, que fez de "Marcas da Violência" (2005) um longa fenomenal e mais acessível ao grande público. O trabalho de Cronenberg tem tido um crescente foco em uma temática clássica (violência), mas dado por ele um tom autoral que foge consequentemente do previsível. E a expressividade de seu trabalho, recompensada com um número crescente de fãs, vem muito de boas parcerias, como a que tem realizado com o ator Viggo Mortensen. Nessa produção, Mortensen compõe um personagem misterioso, discreto e assustador. Mas ao mesmo tempo, ainda assim com um toque de humanidade que bem representa o espectador que ele tanto cativa e inspira confiança. Trata-se de um personagem de camadas, como o vilão de Armin Mueler-Stahl que num proposital paradoxo, tem na figura pacata e carismática, há uma ocultação de um homem sinistro de uma crueldade temível. Mas todo o elenco tem suas singularidades, além de uma profundidade metafórica em seus contornos. Esse longa ganha pontos pelas tonalidades sombrias coerentes com o clima do enredo. Uma direção de fotografia bem escolhida, aplicada em locações que enriquecem o detalhamento do visual dessa produção. E é nos detalhes que muitas vezes passam desapercebido na película, que os filmes de Cronenberg demonstram sua riqueza. "Senhores do Crime" nos instiga acompanharmos a bem intencionada atitude de Anna, que nos leva ao enigmático Nikolai. Por fim, o cineasta nos conduz a um profundo universo de transformações humanas invisíveis, nos inserindo na psique de homens tão maus quanto possível serem descritos. 

Nota: 9/10

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Crítica: Busca Implacável 2 | Um Filme de Olivier Megaton (2012)


Menos é mais. Menos ação e mais filme. Se o primeiro episódio de “Busca Implacável” (2008), após uma convencional apresentação dos personagens passa para uma progressão marcada com ação interrupta que acompanha a cruzada de resgate da jovem filha de Liam Neeson pelas vielas de Paris, tem-se aqui, em “Busca Implacável 2” (Taken 2, 2012) uma produção onde acompanhamos uma profusão de tensão superior as cenas de perseguição e tiroteios frenéticos que marcaram o primeiro longa-metragem. Apesar da estética e narrativa serem similares, nesse segundo filme há a surpreendente substituição do previsível foco na busca incessante do caçador, por frases impactantes e tensão climática focada nas consequências do desfecho do filme anterior. Se de um lado perde-se seu maior atrativo, a ação frenética, do outro há um ganho de ritmo diferenciado que mesmo sendo diferente do primeiro filme, o torna ainda assim muito interessante aos olhos e aos sentidos. Em sua trama acompanhamos as consequências da matança aplicada por Bryan Mills (Liam Neeson), ao resgatar Kim (Maggie Grace) sua filha, das garras de traficantes de mulheres Albaneses, na França. Agora em Istambul, Bryan e Lenore (Famke Janssen) são raptados pelo pai de um desses traficantes, com o intuito de fazer justiça em nome dos mortos. Mas ao contrario de seus pais, Kim escapa, e é ela que se obstina a salvar os pais dessa retaliação, naturalmente sob o comando do pai através de um telefone celular escondido, até que ele possa assumir as rédeas da situação e dar finalmente um basta a essa missão de vingança.


Essa produção foge um pouco da repetição, e estabelece um diferencial expressivo em relação ao primeiro filme, podendo agradar apreciadores do gênero (ação) que não estão exclusivamente focados nele. Essa produção, agora conduzida por outro costumeiro colaborador do produtor Luc Besson, o diretor Olivier Megaton (Colombiana, 2011) vem com momentos mais tensos e instigantes, e com menos tiros do que o primeiro. O diretor segue o curso do promissor roteiro, dando oportunidade ao ator Liam Neeson, de equilibrar no mesmo personagem, a dramaticidade e agilidade necessária para criar um herói convincente e marcante na memória do espectador. O filme infelizmente perde pontos pelo destaque necessário dado a atriz Maggie Grace, por suas óbvias limitações, ainda que haja de modo funcional dentro do conjunto. Mas o filme é definitivamente de Neeson, se afirmando como um acerto para produções como essa de adrenalina, encabeçadas por um significativo intérprete, apesar da idade, demonstrando fôlego na película e credibilidade a produção. Através de “Busca Implacável 2”, o produtor Luc Besson entrega ao espectador uma produção tecnicamente impecável, recheada de situações e frases bem colocadas, demonstrando ao seu modo todo o potencial de filmes menores com cara de blockbusters. Com todas as suas limitações, ainda assim demonstra um toque de genialidade encrustada em sua materialização.


Nota: 8/10
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domingo, 23 de junho de 2013

Crítica: Jack Reacher – O Último Tiro | Um Filme de Christopher McQuarrie (2012)


Jack Reacher (Tom Cruise) é um ex-militar, aposentado de uma Unidade de Investigações Especiais do Exército, vive a margem da sociedade em completo anonimato. Quando um misterioso atirador alveja cinco pessoas em uma área pública, levando as investigações a um criminoso de guerra impune dos tempos do Iraque e antigo conhecido dele, James Barr (Joseph Sikora), que sofreu agressões que o levam a ficar em coma sem perspectiva de sobrevivência ou chances para uma defesa, Reacher reaparece deixando a advogada de defesa, Helen Rodin (Rosamund Pike) e o chefe das investigações de homicídios assombrados. Sem dúvidas da culpa do atirador, devido ao conhecimento sigiloso que detém sobre sua pessoa, e as indubitáveis provas contra o assassino, aos poucos Jack Reacher começa a perceber que as pistas que levaram a polícia ao perturbado atirador, não passa de uma distração para encobrir uma verdade conspiratória oculta nesses assassinatos. Jack Reacher – O Último Tiro (Jack Reacher, 2012) é um filme de ação policial estadunidense baseado no personagem de livros policiais do escritor britânico Lee Child, que leva o nome do protagonista ao título dessa produção. Com uma estrutura de composição afinada e uma trama expressivamente ágil e marcada pelos clichês do gênero, essa produção impressiona pelo progresso metódico do enredo conduzido por um protagonista igualmente metódico, resultando em programa inteligente que envolve o espectador desde os créditos iniciais.


Se “Jack Reacher – O Último Tiro” não é nenhum exemplo de inovação narrativa, muito por estar arraigada em outras produções, esse longa demonstra fluência em sua proposta de entretenimento, aqui co-escrito e dirigido por Christopher McQuarrie, responsável pelo brilhante roteiro de “Os Suspeitos” (1996) e pela direção do desinteressante “A Sangue Frio” (2000). E se McQuarrie se apresenta competente em sua transposição cinematográfica do lendário investigador Jack Reacher, Tom Cruise demonstra à vontade em sua interpretação: meticuloso, ímpeto, convenientemente durão e com ataques de espontaneidade improvisada. Certos contornos de seu personagem nessa produção remete a lembrança a outros personagens interpretados por ele, como Ethan Hunt (Missão Impossível, 1996) ou Roy Miller (Encontro Explosivo, 2010) demonstrando seu gosto pelo perfil de herói inteligente e obstinado - Jack Reacher vê na justiça algo maior do que a importância do certo e errado. Em contraposição temos Jay Courtney como ferramenta inquisidora a serviço de um vilão sinistro e intimidador, interpretado pelo cineasta Werner Herzog.

Jack Reacher – O Último Tiro” envolve o apreciador de produções arrojadas com ar oitentista encrustado em sua estética de ‘tira bom e tira mal’ - nessa produção Tom Cruise deu folga ao tira bom, além de uma participação Hollywoodiana a Robert Durvall em um desfecho extremamente exagerado. Trata-se de uma produção bem realizada, conduzida com astúcia, que apresenta um amadurecimento de Christopher McQuarrie na direção, dando consequentemente indícios dele se tornar uma possível promessa para o futuro.

Nota: 8/10

James Gandolfini (1961-2013)


Irá deixar saudades!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Crítica: O Novato | Um Filme de Roger Donaldson (2003)


Para quem já assistiu alguns thrillers como “Jogo de Espiões” ou “Dia de Treinamento”, e até mesmo “Insônia”, talvez não haja nada nesse longa intitulado “O Novato” (The Recruit, 2003) que irá surpreendê-lo. “O Novato” é recheado de truques de roteiro, para prender a atenção em meio a várias reviravoltas que a trama disponibiliza. Nem tudo funciona como deveria, e muito se atribui ao desgaste da aplicação da fórmula Mestre/Aluno de se fazer sucesso idealizado por roteiristas nos bastidores. No entanto, esse filme pode até agradar os menos críticos e inclusive divertir aqueles menos familiarizados com as pretensões do filme. Certamente, quanto menor sua taxa de conhecimento da proporção do filme, maior será sua surpresa quanto ao destino de seus protagonistas. Em uma trama onde que enfatiza frases como: “nada é o que parece ser” e “tudo é um teste”; o roteiro impulsiona James Clayton (Colin Farrel), focado em uma carreira na Dell, transformar-se em um jovem aspirante a agente da CIA, recrutado pelo misterioso Walter Burke (Al Pacino) um veterano da agência e instrutor de treinamento de novos agentes. Aos poucos, Clayton se vê rodeado em uma trama de espionagem, traição e mentiras, onde as palavras de seu persuasivo conselheiro fazem todo sentido do mundo.



Tanto Farrel quanto Pacino estão ótimos em seus papéis, dando a emoção necessária a seus personagens envoltos em dúvida e mistério. Enquanto Farrel procura uma aproximação com Pacino em busca de informações sobre o desaparecimento inexplicável de seu pai há muitos anos atrás, porque Pacino insinuou o tê-lo conhecido, o astro não responde nada e confunde ainda mais seu curioso recruta. E mesmo que Pacino apenas reinterprete o papel de “voz da experiência”, por sua filmografia repetitiva, seu talento sempre traz à tona momentos memoráveis de atuação, como quando convence Farrel, de que sua expulsão do campo de treinamento foi apenas uma aparente fraude, feita com segundas intenções, voltadas para uma missão muito importante que somente ele poderia desempenhar devido a um envolvimento romântico com uma propensa agente dupla chamada Layla (Brigdet Moynahan) que conheceu no treinamento.

Com direção de Roger Donaldson, de filmografia composta de sucessos como “O Inferno de Dante”, e outros filmes menos relevantes, mantém o clima de suspense e de ação necessária, requisitada ao gênero, bem produzido – as locações e métodos de treinamento aplicados pela CIA - e dando espaço até mesmo a homenagens bem humoradas como a feita aos filmes de James Bond. Hilária como poucas piadas acerca do ícone. Por fim, “O Novato” é um bom filme; com boas atuações; com ritmo forte e envolvente. E apesar dos filmes de Al Pacino sempre criarem uma expectativa enorme por sua capacidade de interpretação, lembrem-se: “nada é o que parece ser” e “tudo é um teste. E se olharmos para o passado, veremos bem que Al Pacino não tira boas notas faz algum tempo.

Nota: 7/10

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Crítica: Vidas em Jogo | Um Filme de David Fincher (1997)


Nicholas Von Orton (Michael Douglas) é um multimilionário de poucos amigos. Separado da esposa, vive sozinho em uma mansão de propriedade antiga de sua família, apenas na companhia da governanta que o acompanha desde a infância. Na data em que completa 48 anos de idade - mesma idade em que seu pai tinha, quando cometeu suicídio ao jogar-se do telhado da casa – seu distanciado e irresponsável irmão Conrad (Sean Penn) lhe presenteia com um inesperado convite, para participar de um jogo de regras enigmáticas conduzido por uma empresa misteriosa que pode mudar a sua vida, como presente de aniversário. Assim, o mundo monótono de Nicholas se transforma em caos, quando começa o jogo e coisas misteriosas começam a acontecer. “Vidas em Jogo” (The Game, 1997) é um trabalho pouco mencionado da filmografia de David Fincher, entretanto, não deixa de ser igualmente relevante em comparação a outros longas do cineasta, que ganhou o mundo com “Seven” (1995) e se afirmou definitivamente com outros trabalhos posteriores na década seguinte. Essa produção não é um suspense qualquer, mas um exercício de estética e narrativa, que mais tarde se definiria em “Clube da Luta” (1999), que também prega em seu enredo, o desprendimento do materialismo e uma atitude reacionária diante do conformismo do sistema social que consome o ser humano. “Vidas em Jogo” é o irmão mais velho de uma ideia que se tornou mais expressiva através de “Clube da Luta”.


Seu brilhantismo mora em parte no roteiro de John Brancato e Michael Ferris, que trás uma trama improvável e ao mesmo tempo interessante, bem traduzida no simples título. Um fracasso de bilheteria estadunidense (e aqui também) muito se deve ao contexto pretensioso de delicado da trama, que se diferia expressivamente do produto comum de Hollywood. O elenco composto por estrelas como Michael Douglas, Sean Penn e Deborah Kara Unger, funciona afinado numa trama bem amarrada que revela pouco, e numa medida que prende a atenção do espectador, mostra que nada é o que parece, sob um clima de tensão conspiratória impressionante – confunde e dá voltas na mente do espectador – até culminar num desfecho imprevisível (deveras exagerado) e impactante. Toda estrutura técnica colabora para acentuar excelentes interpretações, através de uma narrativa que esbanja talento de um cineasta que se mostrou no futuro inquestionavelmente capaz. “Vidas em Jogo” não é impecável, mas ao mesmo tempo, não justifica a pouca repercussão que teve na carreira do cineasta. Trata-se de uma produção elegante e conduzida com genialidade a altura de produções peculiares da época. Naturalmente não é revolucionário como “Clube da Luta”, mas se mostra um bom suspense que merece ser visitado.

Nota: 7,5/10

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Crítica: Homem de Ferro 3 | Um Filme de Shane Black (2013)


É como certa vez me disseram: “Não precisa necessariamente gostar de revistas em quadrinhos para gostar do Homem de Ferro”. De certo modo, não deixa de ser verdade essa afirmação, pelo fato do primeiro episódio de "Homem de Ferro" (2008), ser regularmente mencionado como insuperável. Entretanto, o uso abusivo e sem responsabilidade dessa inesgotável fonte de inspiração, tem desgastado o público e fardando alguns icônicos personagens ao fracasso (se não de bilheteria, mas de crítica), em função de não encontrarem (porque não procuraram) o tom certo para sua transposição. Basta vermos a quantidade de lançamentos anuais oriundos das páginas de HQs. Praticamente criou-se consequentemente um subgênero cinematográfico sobre esse formato de cultura. E nessa infestação de produções similares que possuem como inspiração os famosos personagens dos quadrinhos, envolvidos em tramas fantásticas distantes da realidade,  nem todos conseguem encontrar a redenção na telona, em virtude da padronização do formato e da narrativa adotada - nem sempre o que funciona para um, funciona para todo mundo. Muitos personagens tem particularidades que requerem uma abordagem própria, distante de generalizações. Naturalmente, como já haviam me dito no passado, esse não é o caso de “Homem de Ferro 3” (Iron Man 3, 2013), produção escrita e dirigida agora por Shane Black, que dá continuidade ao sucesso do universo da Marvel Comics nas telonas. Um dos elementos que diferenciam o Homem de Ferro de outros super-heróis é o fato de que o seu alter-ego,  o excêntrico, arrogante e milionário Tony Stark (Robert Downey Jr.), com ou sem seu traje de herói, se mostra um show para essa produção e um lucrativo negócio para Marvel Studios. E provavelmente sabendo disso, os responsáveis por essa produção não se abstiveram de conceder mais tempo de tela ao ator do que propriamente ao personagem. Evidentemente, rechearam essa produção com repertório de trajes diferenciados, pois querendo ou não, o alcance do personagem vai além da tela (leia-se brinquedos).   
  
Após os eventos ocorridos em "Os Vingadores" (2012), Tony Stark/Homem de ferro (Robert Downey Jr) vem sofrendo de uma crise de ansiedade pós-existencial. Ele percebe que seu poder não é apenas único, como também não é supremo. Antigos conhecidos: a bióloga Maya Hansen (Rebecca Hall) e o cientista Aldrich Killian (Guy Pearce) entram em cena trazendo soluções e problemas para o milionário. Para piorar, surge um antagonista à altura de suas habilidades, tão ou até mais inteligente, e com plena consciência de suas fraquezas. Mandarim (Ben Kingsley) líder do grupo terrorista Dez Anéis espalha terror pelo mundo, destrói a vida pessoal de Stark, fazendo de uma meta pessoal impedi-lo. Mas as pessoas que ele tanto ama, como Pepper Pots (Gwineth Paltrow) e fiéis seguidores, como James Rhodes (Don Chandle) intitulado Patriota de Ferro, correm o risco de serem afetados em retaliação pela figura do herói Homem de Ferro. E nesse confronto de grandes mentes, vem a resposta a pergunta que não quer calar em sua mente: o homem faz o traje, ou é o traje que faz o homem? A resposta veio através desse longa-metragem que humaniza o herói por trás da armadura. 


De forma geral, esse filme dá sequência ao sucesso alcançado pelo personagem, que é armado com uma dose expressiva de humor (infantilizado, cortesia da parceria Marvel com a Disney) e ação (de efeitos visuais milionários mostrando o destino do orçamento aplicado de 200 milhões), se apresentando uma opção de entretenimento bem realizada, que não destrona o primeiro episódio, mas supera certamente o segundo. Shane Black, apesar da pouca experiência atrás da câmeras,  tendo apenas um longa-metragem sob seu comando (o excelente Beijos e Tiros, 2005) não decepciona e mantém uma boa regularidade. A sua participação na composição do roteiro - e sua larga experiência nessa função - provavelmente o favoreceu na condução da trama, que a ser ponto, apenas cambaleia sobre suas origens, onde alguns personagens foram articulados de modo mais funcional dentro da trama. Se os vilões anteriores pecavam por não oferecerem uma ameaça real ao personagem em seus filmes solo, o Mandarim era a promessa adiada que se cumpria, mesmo que um pouco diferente da apresentada nas páginas das HQs. A redução do Patriota de Ferro é que incomoda no enredo. Pepper Pots ganhou em contrapartida um destaque um pouco forçado e assumidamente Hollywoodiano. Sobretudo, Robert Downey Jr está para Tony Stark, como Christopher Reeve estava para o original "Superman" (1978): imbatível, mesmo que puritanamente mais sóbrio do que os fãs apreciem. Obviamente trata-se de um filme para a família, o que não lhe cabe bem a estampa de super-herói alcoólatra. Tem criança assistindo, e representando esse público na telona também. Mas "Homem de Ferro 3" não é apenas uma produção em prol da diversão garantida. Trata-se também, de uma produção cinematográfica que evidencia os rumos dos personagens da Marvel pós associação com a Disney. Enquanto a DC Comics procura espremer realismo de seus produtos, a Marvel demonstra sumo interesse em propagar fantasia e lirismo de seus produtos, ampliando sua gama de consumidores. Se de um lado ela ganha em quantidade, pelo outro perde pontos pela questão da qualidade representativa do que está vendendo. Por que no fim das contas mesmo, Homem de Ferro não passa mesmo de um brinquedo legal nas mãos de uma criança, que vai inevitavelmente perder a graça, até a próxima aquisição. 

Nota: 6,5/10          

Cartazes Alternativos de "Homem de Ferro 3"

Alguns cartazes alternativos do filme "Homem de Ferro 3" coletados de diferentes artistas, mas igualmente impressionantes. Confira:

  





segunda-feira, 17 de junho de 2013

Cartazes de Cinema: Os carros também viram ícones do cinema

Alguns carros usados em certas produções são tão famosos quanto seus próprios filmes, ganhando um certo status iconico complementar. Carros como o modelo DeLorean, do longa "De Volta Para o Futuro", ou o extravagante Cadillac/ambulância que serviu de viatura de combate aos ectoplasmas no filme "Os Caça-Fantasmas" tornaram-se veículos lendários na sétima arte. Como homenagem a esses extraordinários veículos, o artista Jesus Prudencio criou uma série de cartazes que ressaltam essa importância.
Com uma estética bem profissional e uma caracterização criativa, o artista desenvolve uma série de trabalhos bem interessantes e merecedores de atenção. 
Confira: 










 Fonte | 

Crítica: Depois da Terra | Um Filme de M. Night Shyamalan (2013)


Lamentavelmente a carreira do cineasta indiano M. Night Shyamalan tem tido uma guinada de difícil explicação. Após sucessivas produções que se alternavam entre unanimes sucessos, ou apenas filmes inteligentes e interessantes, começa a ser curioso o seu declínio. Sua incursão em produções encomendadas, como em "O Último Mestre do Ar" (2010), até pode ser vista com certa compreensão, porém a forma como suas habilidades tem se descaracterizado no decorrer dos tempos, é no mínimo curiosa. Sendo um cineasta que no passado chegou a ser comparado ao imbatível Steven Spielberg, por sua capacidade de dirigir atores mirins, hoje seus trabalhos se alternam entre ansiedade e frustração. As expectativas que se criam ao redor de seus filmes, caem por terra assim que são lançados. Seu estilo está irreconhecível. E se está difícil de agradar aos seus fãs ou aos cinéfilos religiosamente conectados a crítica especializada, "Depois da Terra" (After Earth, 2013), tem chances de agradar aos espectadores que buscam uma sci-fi de estrutura técnica competente focada em um belo visual. Mas ainda assim corre o presumido risco de fracassar pelo fato, de apesar do nome do carismático astro Will Smith nos créditos, o filme ser mesmo de seu filho, Jaden Smith - onde já fizeram dupla em "À Procura da Felicidade", pela direção de Gabriele Muccino - não ter o mesmo apelo ao público que possivelmente já cativou em suas experiências anteriores. A presença de tela é monopolizada pelo garoto. Em sua trama, acompanhamos uma missão espacial, quando o general Cypher Raige (Will Smith) e o filho Kitai (Jaden Smith) são alvejados no espaço por acidente e caem no planeta Terra, cerca de 1000 anos após um cataclismo que obrigou a humanidade se abrigar no planeta Nova Prime. Agora  a Terra é um planeta inóspito e repleto de perigos, onde caminhar sobre ela é correr um risco de vida eminente. Sendo os únicos sobreviventes da nave, precisam sair deste planeta antes que seja tarde. Mas Cypher está com as pernas quebradas e a única salvação para eles está nas mãos do garoto, já que Kitai precisa encontrar um sinalizador de ajuda perdido nos arredores do planeta. Agora, além dos perigos que esse planeta pode oferecer a Kitai, ele terá que enfrentar seu medo e provar a seu pai sua bravura.

O grande problema dessa produção talvez esteja em seu protagonista: Jaden Smith não tem o mesmo carisma que o pai - e como o roteiro foca a sua trama principalmente no garoto - perde-se por isso muito das possibilidades dessa produção, justamente porque Shyamalan também não têm conseguido as mesmas atuações inspiradas de seus jovens atores como antigamente, lhe conferindo o devido percentual de culpa pelo resultado pouco expressivo das interpretações. Além disso, a exploração pouco interessante dessa relação familiar entre pai e filho, não agrega muito ao conjunto, devido a artificialidade dos personagens e de suas emoções - é impossível ver Will Smith como um pai severo e durão, e cansativo ver Jaden Smith perdido em seu papel numa interpretação mecânica. Mas nem tudo é horror nessa produção, já que os contornos técnicos bem apurados e sempre presentes nos filmes de Shyamalan continuam afinadíssimos - som e imagem se completam brilhantemente. Uma belíssima direção de fotografia e uma produção de arte, que mesmo sem inovações expressivas, apresentam ideias bem funcionais para a proposta apresentada. Filmado em selvas da Costa Rica; Humboldt County, na Califórnia e em Aston, na Pensilvânia, a Terra do futuro foi bem delineada sem exageros e ao mesmo tempo, com um toque de brilhantismo visual de ficção científica bem aplicado na fauna e flora. "Depois da Terra" está longe de ser o grande retorno do velho cineasta que os fãs anseiam ver de novo, e ainda que seja de certo modo bem feito, não tem aquela magia envolvente dos antigos trabalhos, tanto em sua direção, quanto na composição do roteiro que sempre era um espetáculo isolado do resto do conjunto. Que pena. 

Nota: 6/10

sábado, 15 de junho de 2013

Crítica: Maria Cheia de Graça | Um Filme de Joshua Marston (2004)


Poucas são as produções do cinema independente que conseguem encontrar a redenção numa disputa com milionárias campanhas de marketing dos grandes estúdios. Muito se deve aos poucos cuidados com um elemento icônico do cinema: o cartaz. A face gráfica do filme pode ser um diferencial em sua divulgação, que muitas vezes não lhe é dado o devido esmero e é criado apenas como uma formalidade necessária para o lançamento da produção. Em "Maria Cheia de Graça" (Maria, Llene ere de Gracia, 2004), filme escrito e dirigido por Joshua Marston é uma exceção a regra. Pois além do título, seu cartaz exprime toda contundência dessa produção. Se à primeira vista a imagem possa enfatizar um suposto enredo religioso em meio a ritual sagrado, a sinopse deixa claro a trama impactante que se esconde por trás da sugestão proposital do cartaz. Em sua trama acompanhamos Maria Alvarez (Catalina Sandino Moreno) uma jovem colombiana que trabalha nos campos de flores da Colômbia. Vivendo numa condição de miséria, sem chances de prosperar na vida e numa súbita reação de revolta, ela pede demissão de seu trabalho. Porém, ela se esquece que o dinheiro da sobrevivência de sua família vinha desse trabalho. Para piorar sua situação, descobre estar grávida de um namorado que pouco conhece e que não a ama. Posteriormente viaja para Bogotá, onde começa a se familiarizar com o universo dos mulas (pessoas que ingerem grandes quantidades de drogas com a finalidade de tráfico) e é seduzida pela oportunidade lucrativa desse ilícito trabalho. Através dessa ousada decisão acompanhamos essa jovem atravessar um mundo perigoso que ela conhece, mas que aos poucos podemos notar claramente, que não pertence a ele. 



No longa-metragem de estreia de Joshua Marston, além da direção, ele assumiu a elaboração do roteiro, após estudiosas pesquisas, inclusive de campo, sobre esse método de tráfico, onde essas pessoas que se propõem a realizar, colocam-se em situação de perigo. O diretor aborda profundamente o mundo em volta dessas pessoas, que indiretamente, são influenciadas pelo meio a por a vida em risco, além do método em si. Aborda o oportunismo dos traficantes sobre pessoas sem rumo perdidas na pobreza e dispostas a mudar de vida independente dos riscos. Sua câmera captura esse universo com uma dose moderada de crueza sem ser apelativa, mas distante de ser romanceada. Constrói bem seus personagens, apesar de se encontrarem e circunstâncias complicadas de difícil textualização, são retratados de modo realistas  bem próximos das verdades em volta desse deplorável submundo de crime e violência. Todo o elenco atende as expectativas da pretensão do projeto, onde muitas vezes esbarra numa linha mais documental, apropriada pela natureza do enredo, do que propriamente ficcional - interpretações inspiradas inseridas em um trabalho inspirador. Mesmo com uma produção de contornos estéticos simples, atinge um resultado funcional convincente e austero. "Maria Cheia de Graça" é uma dessas produções que agradam aos apreciadores de um bom drama baseado na vida como ela é, capaz de agradar desde o astuto cartaz, até o resultante desfecho da trama. Super recomendável. 

Nota: 8/10


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Crítica: Duro de Matar – Um Bom Dia para Morrer | Um Filme de John Moore (2013)


Consciente que a direção desse quinto episódio da famosa franquia de ação nascida nos distantes anos 80, e protagonizada pelo astro Bruce Willis, foi realizada pelo irregular diretor irlandês John Moore, já era informação suficiente para confirmar o declínio da franquia antes mesmo de seu lançamento. Basta vermos a transposição do genial personagem dos games “Max Payne” (2008) para a película, realizada por ele, para entender essa constatação. “Duro de Matar – Um Bom Dia para Morrer” (A Good Day to Die Hard, 2013), somente não morre definitivamente e sepulta a franquia, por uma série de fatores favoráveis a essa cinessérie de propriedade da 20th Century Fox. Primeiro pela capacidade do ator Bruce Willis de levar crédito a certas produções, muitas vezes medíocres, e consequentemente proporcionar ainda assim um bom nível de retorno financeiro aos estúdios. Se em produções como “Sem Lei” (2011), onde ele contracena com Curtis Jackson (50th Cent), ainda se sai bem, assim sendo, imaginem o que ele é capaz de fazer nessa icônica franquia que virou no imaginário do grande público, sinônimo de entretenimento de qualidade. Depois pelo nome da franquia “Duro de Matar” propriamente, que apesar de claros indícios de esgotamento, ainda tem apelo para um público nostálgico. Mas não mais o suficiente para fazê-los esquecer dos bons tempos em que John McClane batia de frente com vilões bem compostos e imponentes, apesar das tramas simplistas em sinopse. Agora em seu quinto episódio, perde pontos significativos em comparação de seus antecessores, desencadeando certa estranheza ao fãs do personagem principal, apesar de poucas alterações no conjunto. De certo modo, a fórmula continua a mesma, mas o produto...



Sua trama tem como ponto de partida o desafeto familiar entre pai e filho. Numa busca de maiores informações sobre Jack (Jai Courtney) filho do rabugento policial nova-iorquino, John McClane (Bruce Willis), John viaja para Rússia depois de saber que seu filho está numa  prisão moscovita devido a uma acusação de assassinato. Já faz anos que John não fala com seu filho e descobre que ele é um agente da CIA trabalhando numa operação contra o contrabando de armas nucleares. Se antes ele gladiava com a filha, Lucy, em (Duro de Matar 4.0), agora os desatinos estão com seu filho, Jack. Assim, como no anterior, o roteiro de Skip Woods reata os conturbados laços familiares, ao som de muitos tiros, explosões e perseguições que atendem a estética da franquia. Além da ação de tirar o fôlego do espectador, também não podia faltar aquele bom humor encrustado em todos os episódios anteriores. Entretanto, a inserção de efeitos visuais em CGI mais constantes já é novidade, que por sinal, vem a ser uma negativa ao produto sob um olhar mais conservador - muito devido a artificialidade desses efeitos. A inegável ausência de um vilão de composição mais profunda e enfática, como nos primeiros filmes, também prejudica a produção em sua totalidade. Duro de Matar – Um Bom Dia para Morrer”  diverte como deve apenas porque Bruce Willis ainda é o cara, independente dos demais equívocos. No entanto, essa produção fica marcada ainda assim como o adiamento da aposentadoria de uma franquia que já não tem mais o brilho de antigamente. 


Nota: 6/10   

           

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Crítica: A Hora Mais Escura | Um Filme de Kathryn Bigelow (2012)


Entre os atentados de 11 de setembro de 2001, e a morte do líder da organização terrorista Al-Qaeda, Osama Bin Laden, muita coisa aconteceu nos bastidores dessa que foi a maior caçada humana da história americana. Durante quase 10 anos o governo americano canalizou forças com diferentes agências de investigação, governos e canais de comunicação do mundo, para descobrir o paradeiro do terrorista e responsável assumido pela morte de centenas de cidadãos pelo atentado que se tornou um marco da história da humanidade. E muita informações consequentemente passaram desapercebidas as pessoas devido ao tempo, deixando o assunto cair quase que em completo esquecimento, gerando um certo conformismo em relação ao assunto - muita gente podia crer que o terrorista já estava morto, e ninguém sabia, ou simplesmente, jamais seria pego depois de tantos anos. Em "A Hora Mais Escura" (Zero Dark Thirty, 2012), acompanhamos justamente a trajetória dos acontecimentos que se passaram durante esse período. Através desse longa-metragem realizado pela oscarizada Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror), com base no roteiro de Mark Boal (No Vale das Sombras), podemos ter uma noção mais contextual das dificuldades superadas pela agente da CIA, Maya (Jessica Chastain) e sua obstinação na captura de Bin Laden, como também, na retratação dos métodos utilizados para a obtenção de informações de prisioneiros no decorrer desses anos, até que enfim, o conhecido desfecho que surpreendeu o mundo. 


Essa produção cujo título original (Zero Dark Thirty) é o uso de uma expressão militar aplicada a uma ação operacional ocorrida num horário precisamente desconhecido da madrugada, que tem em seu estilo uma presente oscilação entre um fluente thriller de suspense, de atmosfera tensa e evolvente, com um expressivo toque documental em sua essência. Tecnicamente melhorado em comparação ao filme anterior de Kathryn Bigelow, essa produção tem claras preocupações em retratar os acontecimentos com realismo evidenciadas em passagens como na abertura - com vozes de telefonemas no dia do atentado -, na tortura de prisioneiros pela busca de informações relevantes para a captura do terrorista, ou na reconstrução em detalhes do esconderijo localizado no Paquistão onde estava escondido o terrorista. E se o realismo que permeia a obra angaria pontos a essa produção, principalmente na execução das estratégias militares na invasão da casa pelos S.E.A.L. Team 6, onde Bin Laden estava escondido, as nuances em volta da investigação da protagonista desenvolve uma substância inesperada ao filme - o machismo no alto escalão da agência, o excesso de informações que dificultam a filtragem da qualidade dessas informações e a complicada burocratização das decisões de urgência que requerem atitude - acentuam toda a obra. "A Hora Mais Escura" é um filme de realização complicada, já que devido ao fato de seu desfecho ser bem conhecido, era mais do que necessário, na verdade vital, ganhar o espectador no processo de sua construção da trama para que a crítica lhe concedesse credibilidade. O resultado veio com 5 indicações ao Oscar, que no fim rendeu um prêmio na Categoria de Melhor Edição (Montagem) de Som. Certamente não foi um estrondoso sucesso, embora possa se afirmar positivamente, que essa produção pode ser dada como missão cumprida.

Nota: 8/10 
   

Crítica: Zona Verde | Um Filme de Paul Greengrass (2010)


O atentado de 11 de setembro de 2001 gerou inúmeras consequências ao decorrer dos anos.  E uma consequência das mais significativas veio através da invasão do Iraque e deposição de Saddam Hussein do poder. O ano é 2003. Em Bagdá, após a invasão do Iraque pelo governo norte-americano, o subtenente Roy Miller (Matt Damon) age à frente de uma equipe especializada em encontrar armas de destruição em massa. Designado em localizar armas químicas e biológicas supostamente escondidas em território iraquiano, ele começa a desconfiar das reais razões de sua presença nesse cenário após sucessivas operações frustradas. Roy e sua equipe nunca encontravam nada em suas missões, nem ao menos vestígios da existência das tais armas que buscava encontrar. Após várias idas e vindas por território hostil, num país devastado sob um pretexto que aos poucos fica cercado de dúvidas, Roy se depara com um dilema: servir como acessório de uma possível farsa, e ser condizente com os interesses de seus compatriotas, ou tornar-se verdadeiramente relevante no recomeço dessa nação desconfigurada pela guerra. "Zona Verde" (Green Zone, 2010) está longe de ser apenas um mero filme de ação. Funciona nesse gênero também, mas seus moldes de produção de foco político tem maior destaque, agindo como um alerta para certas nuances em volta de ações políticas americanas que tem repercussão global. A tal "Zona Verde" que dá título a essa produção, não passa de um oasis em meio a um Iraque sucumbido pelo terror, onde os manda-chuvas da CIA, do Pentágono articulam suas ações para encontrar as tão famigeradas armas de destruição em massa, sendo que ao seu redor não se tinha água, comida, ou qualquer condição de sobrevivência ao povo iraquiano. 




Nessa produção o diretor Paul Greengrass fez sua terceira parceria com Matt Damon, após dirigir dois episódios da franquia Bourne: "Supremacia Bourne" e "Ultimato Bourne". Inclusive o diretor filmou "Zona Verde" nos mesmos parâmetros em que filmou a consagrada franquia, ora num estilo convencional, em outra, ligeiramente documental, empunhando a câmera na mão com um estilo mais nervoso, mas igualmente funcional como na icônica franquia. Além de Damon estar no elenco dessa produção, há a presença Greg Kinnear (no papel de chefão do Pentágono) Brendan Gleeson (no papel de agente da CIA) Khalid Abdalla (a oportunidade de Miller de fazer a diferença nessa guerra), entre Jason Isaacs e Igal Naor, todos muito bem ajustados dentro da trama. Enquanto obras como "Guerra ao Terror" (2008) dirigido por Kathryn Bigelow, glamorizava as atividades militares americanas no Oriente Médio, apresentando contornos motivacionais apelativos, o trabalho de Greengrass tem um apelo mais de alerta e denúncia sobre a profundidade dessas mesmas atividades. A produção recapitula acontecimentos ocorridos na época, como os constantes confrontos entre xiitas e sunitas em meio ao caos que se instala no território, como também as eleições para eleger o novo presidente do Iraque. Mas apesar de toda ideologia política e social encrustada no roteiro dessa produção, trata-se inegavelmente de um filme de ação, muito bem focado no papel de Matt Damon, apesar de não estar igualmente carismático como na franquia de espionagem. "Zona Verde" está longe de ser impecável (seu conjunto técnico é pouco expressivo) sendo que a trilha sonora não enfatiza a dramaticidade das imagens e a sonoridade da ação não é coerente com o ritmo. Mas no conjunto, funciona bem como um bom filme de ação com algo mais além tiros e explosões.


Nota: 7/10



sexta-feira, 7 de junho de 2013

Vai Dizer que Cinema não é Divertido?

Há um pouco de comédia em todos os gêneros. Pelo menos não falta risadas nos bastidores. 

Pulp Fiction - Tempo de Violência - 1995

007 - Operação Skyfall

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge - 2012

Clube da Luta - 1999

O Gladiador - 2001

Harry Potter e o Cálice de Foge - 2005

Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida - 1981

Kill Bill - Volume 1 - 2003


Os Miseráveis - 2012 


Star Trek - 1966 


Guerra nas Estrelas - 1977

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