terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal


Desejo a todos os visitantes e colaboradores um Feliz Natal!

domingo, 8 de dezembro de 2013

Você Não Acredita em Mensagens Subliminares?


Não? Mas deveria, já que há uma infinidade de obras cinematográficas onde seus realizadores inserem as tais mensagens ocultas em seus filmes com os mais variados propósitos. Definida resumidamente como uma mensagem de difícil reconhecimento visual ou sonoro, que é absorvida pelo espectador de modo direto ou indireto (muitas vezes ela passa desapercebida aos nossos sentidos, mas assimilada por nossa consciência), as tais mensagens subliminares já tiveram confirmação científica de sua eficiência. Famosas animações da Disney ganharam contornos polêmicos em razão desse recurso ser frequentemente aplicado (de modo politicamente incorreto) em suas divertidas animações. O site ScreenRant reuniu 8 exemplos de aplicações escondidas em grandes produções. Confira aqui:

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Crítica: A Caça | Um Filme de Thomas Vinterberg (2012)


Lucas (Mads Mikkelsen) é um simpático professor de uma escola infantil de uma pequena cidade da Dinamarca. Apesar de estar se reestruturando de um complicado divórcio, ele ocupa seu tempo com seu trabalho e descontraídas caçadas com amigos que resultam em divertidas comemorações. Mas seu delicado mundo vem abaixo, quando Klara (Annika Wedberkopp), a filha de cinco anos de seu melhor amigo, Theo (Thomas Bo Larsen), que vive em um ambiente familiar conturbado, faz uma declaração à diretora da escola de um possível abuso por parte de Lucas. Ao se sentir rejeitada pela paixão infantil que nutre pelo professor, ela conta a diretora que Lucas havia lhe mostrado suas partes íntimas. Uma mentira, fruto da imaginação de uma inocente criança que mesmo ao desmentir sua declaração no fervo das consequências, deixa os habitantes da cidade em polvorosa, cegos e sedentos de justiça. “A Caça” (Jagten, 2012) é um expressivo exemplo de uma simples história bem contada. Quando o cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg, toca no chocante e aterrador tema da pedofilia, mesmo não se solidificando nesse assunto como sugere, essa produção se valida do brilhantismo da perspectiva na qual os fatos se desenrolam, além de apresentar interpretações emocionantes.

O longa-metragem de Vinterberg evidencia sem maneirismos e de modo convencional a inocência do protagonista. Lucas é vítima das circunstâncias e isso é inquestionável ao espectador (mas somente ao espectador). Assim a tensão da trama se foca inteligentemente nas reações de toda a população, que composta inclusive por amigos, moveram uma campanha cega por justiça sobre o acusado. Mesmo sem uma condenação legal após uma investigação criminal, e com provas que evidenciam sua inocência, os fatos não importam mais e a culpa de Lucas é irrevogável. O que gera emocionantes sequências dramáticas bem apresentadas por parte do roteiro de Vinterberg e de Tobias Lindholm (principalmente na sequência da barbaridade em volta do cão do protagonista). Além é claro, essas cenas são perfeitamente materializadas por atuações marcantes do elenco principal antenados com a proposta aqui oferecida. Com uma transição ao desfecho que dispensa explicações burocráticas, “A Caça” se mostra fascinante em seu desenvolvimento, nas atuações (Mads Mikkelsen ganhou o Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes por sua interpretação nesse filme) e no desenrolar dos acontecimentos. Sobretudo, no seu metafórico desfecho final que demonstrou que independente do resultado que esse mal-entendido possa ter gerado, nada mais será como antes na vida de Lucas. É onde o cineasta mostra a relevância dessa obra.

Nota: 9/10

domingo, 1 de dezembro de 2013

Paul Walker (1973-2013)


Paul Walker, um dos protagonistas da franquia "Velozes e Furiosos" morreu em um trágico acidente de carro na cidade de Santa Clarita, na Califórnia (30/11) aos 40 anos. Deixará saudades!   

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Crítica: Defendor | Um Filme de Peter Stebbings (2009)


Arthur Poppington (Woody Harrelson) é um homem que tem vários problemas psicológicos, os quais tornam seu raciocínio lento e dificulta sua capacidade de distinguir o que é real da fantasia. Trata-se de um homem comum, com uma criança em seu interior, que durante o dia trabalha numa construção, mas a noite, ele sai pelas ruas vestindo uma fantasia de super-herói às avessas para combater o crime sob a alcunha de “Defendor”. Em uma de suas jornadas pela busca da justiça, ele desastrosamente salva uma prostituta, Kat (Kat Dennings) que também é uma policial disfarçada, de um violento criminoso, Chuck Donney (Elias Koteas). A partir daí, sensibilizada com a determinação de Defendor, traçam uma parceria incomum contra Chuck Donney, onde que Poppington apenas armado de uma artilharia inadequada e nada convencional, investe em uma luta tão perigosa quanto corajosa. “Defendor” (Defendor, 2009) é um típico filme que parece ser uma coisa, mas se mostra outra. De premissa fantasiosa e improvável de contornos cômicos, que facilmente a rotulariam de comédia, que oportunamente pega carona no sucesso das franquias da Marvel e da DC Comics, essa produção se mostra por fim um drama pesado sobre comportamento humano.

Desmiuçando a história e a personalidade de Poppington, o filme rapidamente perde a aparência de comédia e se mostra porque veio. Mesmo havendo esse elemento presente na narrativa, ainda assim trata-se de um drama, que é potencializado pelas talentosas interpretações de Harrelson/Dennings/Koteas (e qualquer indício de brilhantismo nessa produção se deve a atuação de Harrelson, que alterna com facilidade emoções e risadas como nenhum outro ator). Apesar de remeter a lembrança de “Kick-Ass”, que trata de heróis estruturalmente questionáveis, a semelhanças acabam por aí, e muito pela pretensão da direção do estreante Peter Stebbings (mais conhecido por seu trabalho como ator em filmes e série de televisão) que conduz seu primogênito com muita seriedade, desperdiçando o talento espontâneo que Woody Harrelson tem para gerar bons momentos de comédia. Sem falar de que traria um produto muito mais leve para o espectador. Em resumo, “Defendor” é um filme incomum que também é capaz de surpreender, mas não se destacar no gosto da maioria.

Nota:  7/10

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Crítica: Os Estagiários | Um Filme de Shawn Levy (2013)


Billy McMahon (Vince Vaughn) e Nick Campbell (Owen Wilson) são grandes amigos que sempre trabalharam juntos. Habilidosos vendedores, eles trabalhavam como vendedores de relógios e foram surpreendidos pelo desemprego. Diante da realidade, desempregados, ambos percebem que estão ultrapassados para o mercado de trabalho e encontram numa entrevista de emprego para concorrerem a uma vaga de estágio no Google uma oportunidade de contornarem a situação. Mesmo sem garantias de ingressar na empresa, e distantes de ter o perfil de profissional que a empresa procura, ambos partem em direção a uma das mais acirradas competições, cujo prêmio é integrar o quadro de funcionários do Google. Mas o que logicamente não seria uma tarefa fácil se mostra uma realização quase impossível, devido as suas limitações técnicas e sua elevada idade. Porém, com muita determinação e um toque pessoal da dupla, eles mostram que entraram nessa competição para ganhar, aprendendo e ensinando o que sabem, muitas vezes ensinamentos não adquiridos na escola. “Os Estagiários” (The Internship, 2013) é comédia motivacional divertida dirigida por Shawn Levy. Com roteiro de Vince Vaughn e Jared Stern, a dupla de protagonistas (Vince Vaughn e Owen Wilson) esbanjam entrosamento e divertem (divertindo-se) novamente após a bem sucedida parceria em “Os Penetras Bons de Bico” de 2005. Apesar do resultado menos agradável, essa produção tem o seu valor.

Ao lidar com assuntos que sempre se mostram atuais, “Os Estagiários” trabalha com a agilidade o confronto que o analógico tem tido com o digital. Apesar da maior parte do texto ser marcada de pobreza, ele também exibe bons momentos. Aplicar conceitos motivacionais para se alcançar a realização de um sonho através de metáforas rebuscadas de um clássico dos anos 80 como “Flash Dance”, além de nostálgico, se mostra hilário. Mas essa é a alma dessa empreitada: a busca pelos jovens de espirito, independente da idade. O que naturalmente justifica as deliciosas citações oitentistas. Referências saborosas que somente ganham ritmo, graças ao desempenho envolvente de seus protagonistas, que equilibram as deficiências do estilo de comédia aplicado por Levy. Infelizmente, com várias passagens que parecem ter saído de um filme de Adam Sandler (piadas grosseiras que apenas servem para causar choque) acabam por debilitar a harmonia que o filme poderia ter, se ironicamente o tivessem levado mais a sério. Estampando uma imagem imaculada da Google, a controversa dupla vai surpreendentemente se adequando aos propósitos da empresa, de modo a terem a sua aprovação. Ainda que essa aprovação transpareça uma dose cavalar de artificialidade que somente convenceria os mais ingênuos, “Os Estagiários” diverte e gera boas risadas. Embora essa produção não convença se levada a realidade, ela cumpre seu propósito de inspirar o espectador, independente da idade, e de como você vê as horas.

Nota:  7/10

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Crítica: Invencível | Um Filme de Ericson Core (2006)


Na década 70, o Philadelphia Eagles (tradicional time da NFL) passava por uma sucessiva cadeia de derrotas consecutivas. Depois de um vergonhoso desempenho no campeonato de futebol americano e uma derrota humilhante em seu próprio estádio na final da temporada, fica na torcida a contundente esperança de melhoras para a próxima temporada. Numa medida desesperada para reerguer o time, o recém-contratado treinador Dick Vermeil (Greg Kinnear) decide realizar um try-out, onde qualquer um pode concorrer a uma vaga no time. Assim, o fanático torcedor do Eagles, Vincent Papale (Mark Wahlberg), um professor de 30 anos que trabalha de barman a noite decide concorrer a uma vaga no time que mora em seu coração. E para provar para todos, e acima de tudo para si próprio, que mesmo contra todas as probabilidades pode vencer na vida desde que tenha a determinação e a perseverança necessária, Papale passa a integrar a seleção do Eagles e mostra do que é feito um vencedor. “Invencível” (Invincible, 2006) é baseado em fatos reais onde um torcedor realiza o sonho de jogar no time de seus sonhos. Com uma história onde motivações se transformam em realizações, o diretor Ericson Core reveste de modo doce esse filme de esporte focado no futebol americano onde acompanhamos esportistas que superaram seus limites e encontraram a consagração.


Naturalmente ele oferece um emaranhado de clichês, com as devidas liberdades criativas necessárias para causar a emoção acertada típico das produções da Disney. Porém, independente de não apresentar nada novo em vários aspectos narrativos o tornando relativamente previsível, ele funciona de modo excelente ao que se propõe: inspirar. E muito de sua funcionalidade se deve a harmonia do conjunto, que vai desde o roteiro de Brad Gann (em sua estreia) a todo restante. Mark Wahlberg está ótimo, tanto em sua interpretação quanto em sua aparência, como também todo o elenco de apoio revelam-se escolhas acertadas. As cenas dos jogos tem o impacto visual que transborda competência técnica ao transpor o ambiente dos jogos e o longa tem um ritmo que desencadeia emoções no espectador. Entre momentos tensos e dramáticos (a carta da ex-esposa profetizando o fracasso de vida que ela julgava certo para seu marido, Vicent Papale e que foi a gota da agua para que ele se candidatasse a uma vaga no time), a trajetória de Papale é tocada por momentos de vibração de difícil controle, sendo quase impossível não se sensibilizar com seus dramas superados na medida em que a história se desenrola e os obstáculos vão sendo ultrapassados.

Mesmo que seja comum encontrar no esporte histórias de superação como a de Papale (o esportista amador que com muita determinação alcançou o profissionalismo virando foco de culto por parte de fãs do esporte), faz com que filmes desse gênero sejam bombardeados pela crítica especializada, sob a acusação de falta de originalidade. Se essa produção for analisada tecnicamente, “Invencível” também é consequentemente culpado dessa falta, mas se diferencia ligeiramente de outros exemplares, de alguns até expressivamente, devido ao conjunto da obra apresentar um nível de excelência cativante e de coração superior a outras produções do gênero.

Nota:  7,5/10

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Crítica: Uma Noite de Crime | Um Filme de James DeMonaco (2013)


O ano é 2022. Os Estados Unidos da América passam por um excelente período, com baixíssimos índices de violência e desemprego. A violência particularmente chegou a ser erradicada. Justamente por isso, surgiu a noite do Expurgo, onde que durante o tempo de 12 horas em uma única noite do ano, tudo é permitido apenas para que se restabeleça o equilíbrio da natureza humana (naturalmente violenta). Nenhum crime ou ato de violência sofrerá punição e qualquer conceito de certo e errado deixa de existir. Diante desse panorama, acompanhamos James Sandin (Ethan Hawke) e sua família, que ao contrário dos adeptos do Expurgo, confinam-se em segurança no interior da casa. Ao concederem asilo a um fugitivo, acabam pondo em risco sua segurança e virando também alvo dos perseguidores. “Uma Noite de Crime” (The Purge, 2013) é um típico caso de filme que em premissa se apresenta muito mais interessante do que sua realização. Em seu desenvolvimento, ao misturar ficção científica, suspense e horror, o cineasta James DeMonaco cria uma história futurística e com um enredo distópico inegavelmente curioso e original, mas que perde sua força devido a um desenvolvimento falho em vários aspectos.

Uma Noite de Crime” era uma promessa de sucesso Cult que não se cumpriu devidamente. Desenvolvido e realizado com um baixo orçamento a toque de caixa, a trama mexe pretensiosamente com questões socioeconômicas que por si só, em teoria se faziam valer (a necessidade lógica do À Noite do Expurgo é um ultraje inimaginável nos dias de hoje). Além do fato, de que todas as barbáries que ocorrem nas ruas são televisionadas feito um reality show com alta definição. Mas não há produção que se alce ao sucesso apenas com base na premissa, sendo imprescindível um desenvolvimento a altura. E é nisso que James DeMonaco peca: com personagens de pouco a nada desenvolvidos, diálogos pobres e um terceiro ato que não cativa nem de longe. Apesar de alguns bons momentos gerados pela câmera em cenas visualmente interessantes (a invasão da casa é um bom exemplo), a condução de DeMonaco não consegue gerar a tensão atmosférica de um bom suspense de horror como evidentemente planejava. Muito ao contrario, já que em certos momentos ele consegue na verdade desencadear do espectador risos, tamanha a falta de fluência em sua proposta, e muito devido ao previsível rumo das situações construídas pelo roteiro. “Uma Noite de Crime” poderia ser muito melhor do que foi se tivesse mantido a qualidade do primeiro ato. Com uma sequência agendada para o futuro (provavelmente também será de responsabilidade de James DeMonaco), o cineasta aqui desperdiça seu maior trunfo: a premissa.

Nota:  5/10

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Crítica: Red Aposentados e Perigosos | Um Filme de Robert Schwentke (2010)


Frank Moses (Bruce Willis) é um ex-agente da CIA que foi um sucesso quando atuava em operações especiais. E como todo agente de sucesso, tornou-se um ícone nos corredores da agência, ao mesmo tempo em que conseguiu fazer inimigos pelo mundo inteiro. Porém, agora fora de atividade e tranquilamente aposentado, tenta levar uma vida tranquila e usufruir de sua aposentadoria. Mas alguns antigos inimigos e a própria agência para qual trabalhava o querem morto, e isso não poderia ter acontecido em um momento tão inoportuno, já que Moses tem se envolvido de modo pessoal com uma mulher a quem conheceu em função do Seguro Social. Ela nem imaginava o que Moses fazia profissionalmente. E em meio a um violento jogo espionagem, os dois passam a ser caçados incessantemente tanto pelos inimigos de Moses como pelas autoridades, onde toda a sua experiência fará a diferença para que continuem vivos. Com a ajuda de outros agentes aposentados, Marvin (John Malkovich), Victoria (Helen Mirren) e Joe (Morgan Freeman), o casal junta forças fazendo que Moses declare guerra contra todos os seus inimigos que novamente o despertaram para o que ele sabe fazer de melhor: matar. “Red Aposentados e Perigosos” (RED, 2010) é um filme de ação estadunidense baseado em uma série de quadrinhos homônima (dividida em três edições), cujo título original (RED) é a denominação para “Retired Extremely Dangerous” (em uma tradução livre: aposentados e extremamente perigosos). Com excelentes cenas de ação em um toque de humor apurado, o diretor Robert Schwentke entrega um filme divertidíssimo.

Se o grande chamariz de uma produção estrelada por Bruce Willis são as cenas de ação, o diretor Robert Schwentke acerta ao adicionar boas tiradas de humor nessa produção, que apesar do roteiro simplista e nada inovador, quando não confuso, “Red Aposentados e Perigosos” revela-se um ótimo programa de entretenimento. Com cenas de ação explosivas, slow motions bem empregados, e atuações divertidas, a condução de Schwentke apenas materializa o que estampava as páginas de sua fonte criativa. Repleto de personagens excêntricos (Helen Mirren empunhando uma sniper com uma habilidade cirúrgica, ou John Malkovich no auge de uma interpretação paranoica e cômica), o elenco principal entrega personagens desprovidos de originalidade, mas favorecidos pelo carisma conquistado por uma sólida carreira. O que diga Morgan Freeman, que mesmo com pouco tempo de tela, mostra porque faz parte do time dos letais agentes. Enquanto isso, a atriz Mary-Louise Parker, o par romântico de Willis, desencadeia boas piadas, mas nenhuma química romântica que flua com naturalidade. E se o conjunto de entretenimento se mostra positivo, isso se deve as descompromissadas atuações entregues pelo elenco de astros acima de qualquer suspeita. “Red Aposentados e Perigosos” está longe de ser capaz de abordar qualquer tipo de aspecto sério do mundo da espionagem, como também de um relacionamento improvável desenvolvido sob fogo cerrado, mas em contrapartida diverte muito.

Nota:  7/10

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Crítica: Bem-Vindo à Selva | Um Filme de Peter Berg (2003)


Beck (Dwayne Johnson) é um brutamonte que tem como função profissional cobrar dívidas atrasadas. Favorecido por sua aparência intimidadora e por métodos implacáveis de cobrança, seu único desejo é poder abandonar essa vida perigosa de cobrador de dívidas e abrir seu próprio restaurante. Mas para poder realizar seu sonho, ele precisa realizar uma última tarefa: ele precisa viajar ao âmago da floresta amazônica e trazer de volta para casa Travis (Seann William Scott), filho inconsequente de seu chefe. Mas o que já não era bom em teoria, piora quando surge em seu caminho um manda-chuva local (Christopher Walken) que gerencia um garimpo no meio da floresta e vê em Travis uma lucrativa oportunidade de ganhos, ao saber que o jovem tem pistas do paradeiro de uma relíquia de inestimável valor. “Bem-Vindo à Selva” (The Rundown, 2003) é uma produção de ação frenética que apesar de todas as deficiências lógicas (exagerada em todos os sentidos, perceptivelmente está descolada geograficamente e não serve para nada mais do que alçar a carreira dos envolvidos para outro patamar) o filme funciona super bem, desde que não se tente levar a trama a sério, e se deixe levar pelo carisma do elenco e as boas cenas de ação e humor que permeiam a obra.

Mesmo com personagens caricatos, que se apoiam em interpretações canastras, a dupla Dwayne Johnson/ Seann William Scott conseguem um resultado magnético com o espectador. O entrosamento dos dois gera bons momentos de humor, e ainda que o elenco de apoio (leia-se Rosario Dawson) mostre-se apagado, o vilão interpretado por Christopher Walken (em uma das mais caricatas de suas interpretações) entrega um personagem divertido e histérico que somente vem a enriquecer o desenvolvimento estético pipoca dessa produção. Filmada no Havaí, provavelmente porque a equipe que buscava locações para filmar no Brasil foi assaltada, não causando uma boa impressão, deixou a dever no realismo mais trivial (o português falado com sofrimento, à mecânica que move a região é composta totalmente por carros estrangeiros e uma tribo indígena que luta capoeira não é fácil de engolir). A direção de Peter Berg confere a essa produção um monte de maneirismos narrativos e visuais que dão mais agilidade ao visual carregado de informações decorativas. Digam o que quiserem, mas “Bem-Vindo à Selva” é um filme que é a cara de seus protagonistas: exagerado. Ainda que não traga nada de novo, diverte e funciona como uma despretensiosa aventura de ação escapista.

Nota: 7/10

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Crítica: Vicky Cristina Barcelona | Um Filme de Woody Allen (2007)


Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são grandes amigas desde o tempo do colegial. Mesmo tendo personalidades e gostos diferentes em quase tudo, esse aspecto é mais expressivo em questões do amor. Enquanto uma se mostra confusa sobre o assunto, a outra tem essa questão bem definida em seu imaginário. Por motivos diferentes, as duas decidem viajar de férias para Espanha, onde passam a se hospedar na casa de familiares de Vicky, na cidade de Barcelona. Mas o roteiro turístico planejado das duas foge do previsível quando elas acabam conhecendo Juan Antonio Gonzalo (Javier Bardem) um sedutor pintor de obras de arte espanhol e sua desiquilibrada ex-mulher, Maria Elena (Penélope Cruz), que farão ambas as jovens reavaliar suas certezas sobre questões do coração. “Vicky Cristina Barcelona” (Vicky Cristina Barcelona, 2007) é uma clara homenagem à cidade espanhola de Barcelona. Mostrada de ângulos diferentes do convencional e amparada por uma abordagem de texto inteligente, bem característica do cineasta Woody Allen, o diretor aproveita com apuro o visual arquitetônico da região (algumas obras de Joan Miró e a arquitetura de responsabilidade de Antoní Gaudí também decoram a película e o texto do longa). Mas como era de se supor, Woody Allen não se prende apenas a Barcelona, apesar de belíssima também transita pela cidade de Oviedo. Com uma trama bem ao estilo do cineasta, e distante de sua cidade natal, Nova York, ele desenvolve uma história que fascina por sua teórica simplicidade sobre um complexo tema: “o amor”, e como faz uma proveitosa homenagem há uma terra artisticamente encantada e repleta de romance por natureza.

Apesar de uma abordagem caricata do povo espanhol (essa coisa da paixão enlouquecida que flui nas veias calientes do povo espanhol soar um pouco exagerada e previsível), é naturalmente uma visão estrangeira sobre o comportamento social. Por sua vez, Allen estrutura com habilidade seus personagens, que por competência entregam interpretações afinadíssimas que contribuem a favor do conjunto desprovido de originalidade (em filmes espanhóis não é tão comum essa abordagem de haver um Dom Juan em cada metro quadrado da Espanha). Uma das maiores riquezas dessa produção, além do visual enriquecido pela direção de fotografia e a trilha sonora bem escolhida, está acima de tudo nas fascinantes interpretações, mesmo não estando em paz com a realidade propriamente dita. “Vicky Cristina Barcelona” é um produto cinematográfico seguro de si: mexe com várias possibilidades que rondam os relacionamentos entre homem e mulher, bem ou malsucedidos, em destaque para os que aparentam harmonia. Nem tudo é flores onde o aroma é perfumado, como até a mais espinhenta das rosas, também tem o seu encanto. Trabalha com naturalidade as diferentes personalidades do elenco: Cristina com sua segurança de ideias prestes a cair ao mais suave dos ventos; Vicky cheia de racionalidade e segura de que o amor é uma doença da qual está vacinada, Juan que tem nas mãos amor e ódio, e que é farinha do mesmo saco, enquanto Maria Elena, vem para mostrar que o amor é louco mesmo, e não há nada para se envergonhar disso. Assim em mais um saboroso conto romanceado por Woody Allen, através de “Vicky Cristina Barcelona”, ele e grande elenco entregam um desenvolvimento ligeiramente artificial, apesar de brilhantemente orquestrado, sem se tornar cansativo ao explorar com ironia as certezas das escolhas em relação ao amor e a paixão. Um ótimo passatempo escapista para fugir para a Europa sob a condução de um americano.

Nota: 7,5/10


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Crítica: Apenas Deus Perdoa | Um Filme de Nicolas Winding Refn (2013)


Nicolas Winding Refn não repete o êxito de seu trabalho anterior. Enquanto “Drive, 2011” arrancou aplausos no seu lançamento no Festival de Cannes, concedendo ao cineasta o prêmio de melhor diretor, seu mais recente trabalho, “Apenas Deus Perdoa” (Only God Forgives, 2013) obteve reações contrárias no mesmo evento desse ano por sua estética e trama diferenciada do que esperado, e que, posteriormente dividiu opiniões mundo a fora levando a ser categoricamente amado ou odiado pelos espectadores. Em sua trama acompanhamos Julian Thompson (Ryan Gosling) permanece exilado em Bangkok já há dez anos. Junto com seu irmão, Billy (Tom Burke) os dois gerenciam um clube de luta de Muay Thai nos arredores da cidade que também não passa de um negócio de fachada para a família que é envolvida com várias atividades criminosas. Certa noite, Billy executa um sanguinolento assassinato, que recebe uma diferente medida de punição por parte do tenente Chang (Vithaya Pansringam). Mas quando a mãe de Billy, vinda dos Estados Unidos da América para enterrar o filho, traça um implacável plano de vingança diante do conformismo de Julian, que julga o destino de seu irmão algo justificável, devido a seu violento comportamento.

Em um cenário sem heróis, tratado com requintes de violência indigesta criada por uma tensão latente, o cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn cria uma lisérgica viagem ao inferno. Onde a trajetória dos personagens leva o espectador a uma obra repleta de referências e simbologias, algumas ocultas ao mesmo tempo em que outras estão explicitas. Com atuações fortes e uma narrativa que oscila entre a realidade e o devaneio, o roteiro também de responsabilidade de Refn, complica uma história simples sem direito a reviravoltas ou qualquer outro atrativo diferenciado. Sua principal energia reside nas atuações, em especial a de Kristin Scott Thomas, como a mãe deturbada e assustadora distante da representação materna convencional, que entrega um de seus melhores papéis de sua carreira. Ao mesmo tempo, temos Chang, um policial que adere ao movimento de vingança encrustado no enredo sem o ganho de contornos heroicos. Com uma história contada em ritmo lento, quase em slow motion, e em tons sombrios dados pela fotografia de Larry Smith, “Apenas Deus Perdoa” não se engrandece pela atuação de seu personagem principal, que vaga inúmeras vezes por mundo imaginário que desgasta desnecessariamente o espectador. Mas a culpa não é necessariamente de Ryan Gosling, mas do desenvolvimento da história de aparência ligeiramente experimental dada por Refn, que lapida excessivamente seu trabalho, sugerindo uma busca desconcertante por prolongar mais do que é possível sua obra.

Apenas Deus Perdoa” está longe de ser um filme ruim, como é lógica a sua capacidade de dividir espectadores quanto a um veredicto que o defina como um bom ou mal filme. E apesar de todo o esmero dado a sua estética, não chega a ser atraente como “Drive”, como também seus personagens tem seus obstáculos emocionais latentes marcados de algum egocentrismo, Refn se aproveita da situação e abusa do poder da sugestão a respeito do insólito.

Nota:  6,5/10

domingo, 3 de novembro de 2013

Sobrepondo Cinema e Realidade

Através da sobreposição de fotos o fotógrafo e jornalista Christopher Moloney mesclou cenas de filmes famosos com a realidade. Com uma série chamada FILMography (Filmografia) o fotógrafo une cenas famosas do cinema com suas reais locações segundo sua perspectiva, mas com a visão artística original. Interessante e disponível para compra no site do artista. 






Os Heróis da Marvel em Fantásticas Colagens

Os personagens da Marvel inspiram os mais variados tipos de expressões de arte possíveis. Aqui, os famosos heróis inspiraram o artista francês Mr. Garcin, o qual aprecia o uso da técnica de colagem, e fez uma edição especial inspirada no Homem-Aranha. O sucesso foi inevitável, e seu trabalho foi encomendado pela própria Marvel que fez uma capa (O Espetacular Homem-Aranha Edição Número 700) com base em seu trabalho. 







sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Crítica: O Corvo | Um Filme de Alex Proyas (1994)


Eric Draven (Brandon Lee) um apaixonado guitarrista de uma banda de rock, e sua esposa, Shelly (Sofia Shinas) são brutalmente assassinados durante a Noite do Demônio (a noite que precede o dia de Halloween) por uma gangue de incendiários. Passada a tragédia, cerca de um ano depois algo inesperado acontece: Eric retorna dos mortos por influência de um corvo, com o qual desenvolve uma forte ligação. O motivo que levaram Eric a voltar dos mortos foi para se vingar dos responsáveis por sua morte, e de sua amada. De rosto pintado e detentor do poder da imortalidade, ele passa caçar os bandidos pela cidade. Assim um a um, todos vão sendo mortos até chegar ao grande responsável e maior criminoso da cidade, Top Dollar (Michael Wincott) e sua sinistra irmã, Myca (Bai Ling), nos quais Eric encontra uma verdadeira ameaça para sua imortalidade e um obstáculo para impedi-lo de cumprir sua missão de vingança e descansar em paz. “O Corvo” (The Crow, 1994) é uma adaptação cinematográfica escrita por David J. Schow e John Shirley, de uma graphic novel (de mesmo nome) de James O’Barr. Dirigida por Alex Proyas (Eu, Robô), o cineasta transpõe com habilidade todo o universo particular criado por James O’Barr, em uma produção que envelheceu de modo saudável, e que acabou virando obra de culto.

Com uma produção marcada de tragédia (esse filme selou o destino de Brandon Lee, após o erro de um assistente armamentista, foi alvejado por um tiro real e fatal) esse longa acabou se tornado o último filme estrelado pelo ator, também conhecido por ser o filho do icônico artista marcial Bruce Lee. Brandon Lee, após ter estrelado algumas poucas produções em filmes B, sua carreira não demonstrava até então o mesmo estrelato que marcou a carreira do pai. Porém essa produção foi um sucesso de bilheteria (custou seis milhões e faturou noventa e quatro milhões mundialmente) vindo a ser seu primeiro sucesso, e muito disso, se deve ao fatídico acidente (e a teorias de conspiração em volta da morte do ator desencadeada dos atritos passados do pai com a máfia chinesa). Mas independente dos aspectos marcantes dos bastidores, essa produção se mostra muito interessante ao apresentar atuações funcionais, uma estética gótica envolvente e muita ação que gera bons momentos que empolgam. Além disso, há um visual bem cuidado pela capacitação técnica da produção, que ainda pontua pela trilha sonora de Graeme Revell, com canções premiadas de bandas como Stone Temple Pilot. “O Corvo” gerou algumas sequencias que não atenderam ao sucesso do primeiro filme, e que não tiveram protagonistas envolventes como Brandon Lee. De certo modo, essa produção pode ser considerada apenas como um simples filme de ação bem sucedido, ou parte da história do cinema marcada por um fúnebre desfecho, embora o personagem principal permaneça imortal na memória de fãs.

Nota: 7/10

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Retratos Dramáticos de Carros Icônicos do Cinema

Ao usar réplicas de brinquedo de famosos carros de super-herói e de icônicos personagens do cinema, o fotógrafo Cihan Ünalan de Istambul cria uma série intitulada “Carros que Amamos”.  Trata-se de um projeto pessoal que se inicia com os exemplos abaixo (três versões do Batmóvel, a viatura dos Caça-Fantasmas e o DeLorean usado na franquia De Volta para o Futuro), e promete se expandir mais ao decorrer do tempo. Com condições de iluminação apropriada, e muita experiência em fotografia, o artista transpõe cada veículo com detalhes que facilmente convence o espectador de seu trabalho, de que se trata de carros reais. Aberto a sugestões, essas fotografias são somente o princípio. Confiram abaixo: 








Crítica: O Plano Perfeito | Um Filme de Spike Lee (2006)


Dalton Russel (Clive Owen) é um misterioso assaltante de banco. Certo dia, ele e seus comparsas invadem um banco de Nova York fazendo funcionários e clientes de reféns, enquanto do lado de fora, o detetive Keith Frazier (Denzel Washington) atormentado por uma suspeita de corrupção levantada por um conturbado caso, fica responsável pelas negociações com os bandidos. Numa negociação complicada, o proprietário do banco (Christopher Plummer) passa a interferir nas negociações através da influência de Madeleine White (Jodie Foster), uma habilidosa solucionadora de problemas que fará de tudo para proteger os interesses de seu contratante, que esconde em um dos cofres particulares segredos que jamais poderiam vir à tona. Mas o que ela não imagina, é que esse não é apenas um simples roubo de banco como imaginado, e sim, um impressionante e inesperado acerto de contas com o passado. “O Plano Perfeito” (Inside Man, 2006) é um thriller policial estadunidense dirigido por Spike Lee. Escrito por Russel Gewirtz (As Duas Faces da Lei, 2008), essa produção apresenta uma trama minuciosamente elaborada, seja em seu planejamento ou em sua execução. Embora tenha a primeira vista uma aparência comercial semelhante a outros exemplares do gênero (um assalto a banco que dispensa tiroteios), essa produção demonstra aos poucos um desenvolvimento tenso e fascinante que o difere dos demais.

Com um roteiro inspirado que mexe alternadamente com assuntos delicados (pós 11 de setembro), uma trama repleta de reviravoltas interessantes e pontuais, Spike Lee confere a essa produção seu toque pessoal e entrega um longa que prende a atenção de modo genial. Primeiro pela composição interessante de personagens atribuída pelo elenco principal (cheio de talentos antenados com a proposta aqui oferecida), além de um elenco multicultural de apoio seguro de si. E depois, pela dinâmica reservada a todos eles para que possam mostrar porque estão envolvidos nesse projeto. Como de costume, Denzel Washington rouba a cena, mesmo que desta vez, tenha um antagonista cheio de regras e princípios a sua altura, materializado no personagem de Clive Owen, que rende ótimos diálogos e situações intrigantes. E as margens desses dois estão Jodie Foster e Christopher Plummer com atuações discretas e competentes, e que mesmo não estando envolvidos na ação do assalto, acabam revelando-se as maças podres do cesto. Com uma trilha sonora diferenciada e nuances ligadas a preconceito racial, esses aspectos enriquecem o argumento explicando indiretamente o envolvimento de Spike Lee nesse curioso projeto. “O Plano Perfeito” pode não ser impecável (a resolução do assalto é pouco provável em um ambiente real), mas se mostra muito melhor do que vários filmes do gênero.

Nota: 8/10

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Crítica: O Cavaleiro Solitário | Um Filme de Gore Verbinski (2013)


Comparações com "Piratas do Caribe" são inevitáveis. Pudera, pois um é cara do outro em vários aspectos. Mas aquilo que é visto como defeito, também pode ser encarado como qualidade, já que "O Cavaleiro Solitário" (The Lone Ranger, 2013) leva para o espectador várias virtudes de sua inspiração. O problema é que isso irrita (logicamente) o conhecedor dos icônicos personagens desse faroeste, como também desagrada uma considerável fatia do público que repudia a infantilização das produções ligadas, quando não produzidas exclusivamente pela Walt Disney Pictures. Embora essa produção tenha fracassado nas bilheterias (que segundo os realizadores o fracasso foi decorrente das negativas críticas da imprensa especializada), "O Cavaleiro Solitário" orçado em 300 milhões de dólares, está longe de ser uma aventura ruim. Como também, está distante de ser um bom faroeste a ser guardado na memória de fãs do gênero. Entretanto, como toda boa aventura nos moldes das mega produções da Disney, inegavelmente diverte o espectador como esperado. Sua trama se passa em 1869, e nos apresenta o advogado John Reid (Armie Hammer), formando uma parceria improvável com o índio Tonto (Johnny Depp). Tanto um quanto o outro buscam fazer justiça, cada um ao seu modo, em relação ao perverso criminoso chamado Butch Cavendish (William Fichtner). E nessa busca por justiça, eles cruzam o caminho de Sr. Cole (Tom Wilkinson), responsável da ferrovia que visiona o progresso e está disposto a tudo para realizar suas ambições.

Com um roteiro aventuresco escrito por Ted Elliot e Terry Rossio (responsáveis pela franquia "Piratas do Caribe") junto a Justin Haythe, o cineasta Gore Verbinski cria um produto exagerado com evidentes limitações narrativas, mas despretensiosamente divertido (o que não basta para se pagar diante de um orçamento milionário). Com uma produção monstruosa (que emprega gigantes equipes de maquiadores, figurinistas, técnicos, dublês e efeitos visuais) cada centavo deste investimento pode ser notado no decorrer dos 150 minutos de duração desse longa. As locações e a ambientação de western é claramente construída com o propósito de adequar toda a rica estrutura disponibilizada pela produtora, a uma trama bem condicionada ao ritmo empregado pela direção de Verbinski: muita ação coreografada, piadas gestuais e nenhuma originalidade. E se o elenco apenas cumpre seu papel, onde que Armie Hammer se esforça para justificar sua presença na interpretação do icônico personagem do western, a presença de Johnny Depp é de difícil explicação, apesar de sempre funcional. William Fichtner compõe um vilão implacável que oculta uma ligação estratégica que gera uma boa reviravolta. É evidente que o grande mérito de "O Cavaleiro Solitário" resida acima de tudo nas sequências de ação, alternadas por situações cômicas que divertem, e que enfatiza o tom de aventura projetado para essa produção. Embora toda a ação demonstre sincronia, há absurdos digitais em excesso que comprometem por vezes a naturalidade da ação. Detalhe esse, que somente não compromete o conjunto da obra em sua totalidade, devido a habilidade adquirida de Verbinsky através da franquia  "Piratas do Caribe", em orquestrar extensas e complexas sequências de ação explosivas temperadas com humor, e que aqui são ainda mais acentuadas, ao som da canção tema "William Tell Overture", de Rossini, que desponta em momentos emocionantes da ação.

Sobretudo, apesar de todas as limitações visíveis em "O Cavaleiro Solitário", essa produção se mostra um entretenimento de apelo visual gritante e ligeiramente divertido, mesmo com a adição econômica do gritante "aio silver". Com muita ostentação de recursos e pouco conteúdo, essa produção acaba sendo vítima de sua própria grandiosidade. Seu maior pecado, é não ter atendido as expectativas que seu lançamento gerou entre fãs do personagem e a imprensa especializada. Curiosamente a Disney tem a cada grande sucesso, lançado um decorrente fracasso (rolou algumas cabeças nos bastidores da produtora, após o fracasso do interessante "John Carter Entre Dois Mundos"). Mesmo equilibrando a balança, isso obviamente não basta aos executivos. Em si tratando do experiente cineasta Gore Verbinski, ele se saiu melhor na condução de "Rango", uma animação também ambientada no velho-oeste, e que gerou mais críticas positivas e nenhum prejuízo a seu realizador.

Nota:  7/10

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Crítica: Polissia | Um Filme de Maïwenn (2011)


Ganhador do prêmio do júri no Festival de Cannes de 2011, em 13 indicações ao César (o equivalente ao Oscar) o filme francês “Polissia” (Polisse, 2011) aborda um tema espinhoso que causa revolta somente de ouvir: violência contra menores (ainda um tema pouco abordado pela sétima arte com eficiência). Baseado em histórias reais mescladas em um único longa, o roteiro de Maïwenn (que também dirige e atua nessa produção) e Emmanuelle Bercot, tem nesse longa a sua trama erguida na rotina da BTM (Brigada de Proteção à Menores) na cidade de Paris. Crimes como pedofilia, tráfico de menores e prostituição de crianças, são a especialidade de investigação dessa força policial. Com policiais que buscam a solução dos crimes, a rotina de buscar evidências de abuso infantil, a prisão de menores infratores, a execução de interrogatórios em pais suspeitos de abuso e a coleta de depoimentos de pequenas crianças que muitas vezes desconhecem sua condição de vítimas de um crime, compõe o repertório de situações que essa produção objetiva. Além do mais, joga um certo foco sobre particularidades em volta dos membros dessa força policial, que retratados com realismo, transparecem naturalmente imperfeições.


Polissia” prega sem dúvida pelo realismo. Para começar pelo título, que escrito errado, remete ao fato dessa produção lidar com crianças em fase inicial de alfabetização, que consequentemente provoca alguns erros gramaticais grosseiros. Um aspecto interessante embutido na proposta oferecida de modo genial. Com uma narrativa convencional, a direção de Maïwenn (em seu terceiro longa) descarta qualquer invencionalismo. Pela impressionante ótica dos policiais, as chocantes histórias que inspiraram esse longa são contadas. Com a maior parte da trama se passa em ambientes claustrofóbicos, como nas pequenas salas da delegacia, Maïwenn constrói sua trama reduzindo o alcance do ambiente, mas ao mesmo tempo dando contornos de veracidade a sua trama (a câmera da diretora é frenética). Apesar de ser uma produção pequena, sem esmero visual que esbanja recursos, tem em sua aparência simples uma conexão forte com o espectador. Com um grande elenco, a repleta gama de personagens tem uma divisão de tela equilibrada e uma profundidade interessante, sendo todos os personagens bem aproveitados. O que sumariamente parecia um filme onde o destaque eram as crianças (o que na verdade não deixa de ser), a forma de se contar a história passa a ser os bastidores da delegacia e dos membros da força policial. E através desse grande elenco, o roteiro se aprofunda de modo interessante e necessário na rotina desses policiais, que lidam com alguns casos cruéis que não deixam às vezes muitas alternativas.

Polissia” perde um pouco de seu impacto pela repetição da rotina da polícia, mas ganha força pelo tom de alerta ao espectador quanto aos problemas indigestos da sociedade. Ver como os mesmos policiais que possuem sérios problemas de estrutura familiar em casa, precisam muitas vezes lidar em seu trabalho com crimes causados pela mesma escassez de estrutura de seus lares. Com um final provido de impacto, após um desenvolvimento formal de inquestionável funcionalidade, a diretora entrega um filme sincero e forte. Mesmo sendo uma obra necessária de ser conferida, possui ressalvas: devido a algumas cenas mais fortes que incomodam, também não é para todos os públicos.

Nota:  8,5/10

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Crítica: Azul Escuro Quase Preto | Um Filme de Daniel Sánchez Arévalo (2006)

Jorge (Quim Gutiérrez) é filho de um zelador de prédio, que após seu pai sofrer um AVC se obriga a assumir a função profissional de seu pai ao mesmo tempo em que cuida dele. Pobre e com ambições profissionais bem maiores, Jorge sonha com uma ascensão social que justifique sua dedicação aos estudos e a sua formação universitária. O terno azul ao qual não tem condições de comprar simboliza indiretamente o ódio que tem de sua atual condição: desde a manifestação da doença do pai ele se sente incapacitado pelas circunstâncias.  Com uma autoestima baixa, vive em conflito com a namorada de infância, quando não, chocado com o amigo de duvidosa preferencia sexual. Mas quando seu irmão presidiário e estéril pede para que ele engravide sua namorada (Marta Etura) dentro de uma prisão mista, Jorge consegue ver inesperadamente (o que começou sendo apenas sexo com um propósito específico, acaba por se tornar uma paixão) uma nova razão para continuar vivendo. “Azul Escuro Quase Preto” (Azul Ozcuro Casi Negro, 2006) é uma tragicomédia dirigida pelo cineasta espanhol Daniel Sánchez Arévalo que remete a lembrança aos trabalhos do cineasta Pedro Almodóvar. Com o destino de vários personagens que se interligam com os percalços do protagonista, Arévalo cria uma realização divertida, com interpretações tocantes e uma belíssima direção de fotografia (que muito bem se conecta ao “azul” do título) através de um romance incomum e envolvente carregado de energia.


Através de uma trama sem reviravoltas, mas provida de um carisma acentuado, essa produção ganha o espectador pelos personagens humanos que apresenta. Com um enredo que busca instaurar reflexão no espectador (o desejo de um jovem em mudar de vida diante de inúmeras dificuldades), Daniel Sánchez Arévalo desenvolve uma trama contemporânea provida de sensibilidade e de um implacável realismo. Tendo um competente elenco a sua disposição, onde surpreendentemente Quim Gutiérrez faz a sua estreia na telona através desse longa, ele se mostra uma promissora opção para o futuro em propostas dramáticas feito essa. Com uma boa ambientação (as cenas do presídio funcionam sem apelar para clichês batidos), o conjunto técnico está repleto de expressivos acertos, que vão da sutil trilha sonora, a direção de fotografia que enfatiza o tom sombrio e tenso que permeia a vida dos personagens da trama, ao mesmo tempo em que embeleza a película. “Azul Escuro Quase Preto” retrata de modo interessante a possível insatisfação que naturalmente possamos ter de nossas vidas, originárias de frustrações inesperadas, ou desencadeadas da inevitável rotina desgastante do cotidiano. Apesar de o desfecho ser inferior ao desenvolvimento da trama, essa produção traz uma mensagem de esperança emblemática em tons sóbrios sem exageros, e acima de tudo, através de uma proposta avessa a colorir a vida em tonalidades fantasiosas.
Nota:  7,5/10
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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Crítica: Temporada de Caça | Um Filme de Mark Steven Johnson (2013)


Benjamin Ford (Robert De Niro) é um veterano de guerra que serviu obedientemente ao seu país em vários conflitos pelo mundo. Dentre eles, inclusive na sangrenta Guerra da Bósnia, conflito esse do qual guarda lembranças horríveis. Aposentado após muitos anos de serviço militar, hoje vive isolado nas montanhas dos Apalaches distante da família e da civilização, com o propósito de esquecer os tempos de combatente e seus traumas de guerra. Porém, seu violento passado volta a persegui-lo com a intenção de se vingar, quando Emil Kovac (John Travolta) um ex-militar bósnio que sobreviveu a guerra, durante dezoito anos trama um plano de vingança direcionada contra Benjamin. Disfarçado de turista, Emil se aproxima como amigo e revela-se uma ameaça fatal. Diante dessa revelação, ambos encontram no que começa como uma inocente caçada, rapidamente ganha contornos de provação e vingança, acaba por se mostrar uma revelação surpreendente. “Temporada de Caça” (Killing Season, 2013) poderia ser qualquer coisa na vida, mas escolheu ser a coisa errada. Começa como um típico thriller de vingança como tantos que se disponibilizam no mercado atualmente, entretanto seu realizador, Mark Steven Johnson (responsável pelo Demolidor – O Homem Sem Medo e também pelo Motoqueiro Fantasma) busca desenvolver uma realização a qual não estava preparado, desperdiçando um promissor elenco que além de não cumprir a sugestiva promessa dessa produção, entrega um produto de difícil categorização.


Antes de qualquer coisa, uma verdade deve ser dita: os problemas dessa produção se encontram muito antes de Mark Steven Johnson sequer por a mão numa câmera de filmagem, como foi nos filmes aos qual seu nome esteve ligado, e foram citados logo acima. O roteiro de Evan Daugherty não acerta na proposta oferecida, e mesmo tendo um elenco de talentosos veteranos de atuação, tanto John Travolta quanto Robert De Niro, ambos os atores não conseguem proporcionar coerência ao pobre argumento. Enquanto o primeiro compõe um bósnio que se beneficia da criatividade e imaginação do espectador para explicar sua ainda existência, ou a forma como uma pasta chegou suas mãos e levou-o até seu objetivo, demonstra uma acomodação incômoda do roteiro, que muito bem poderia ser mais aprofundada substituindo a entediante introdução militarizada. Ao mesmo tempo, o segundo apresenta um solitário confuso, que apesar de todas as hesitações de aceitar companhia, se mostra rapidamente satisfeito e hospitaleiro com a visita desconhecida. A condução limitada de Mark Steven Johnson é outro problema, já que seu método de filmagem se mostra mecânico e sem nenhum brilhantismo visual que poderia enriquecer de algum modo à trama insólita, selando negativamente o destino dessa produção.

Temporada de Caça” perde o espectador por prometer um duelo surpreendente entre Travolta versus De Niro que até certo ponto, se desenvolve previsivelmente como esperado, mas também não empolga suficientemente. Mas quando a clássica vingança vai se revelando algo diferenciado da suposta sugestão, daí para adiante é que essa produção desanda descontroladamente.


Nota: 3/10

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Crítica: Matrix | Um Filme de Larry e Andy Wachowski (1999)


Se houve um dia em que eu saí do cinema com sensação de ter acabado de ver um pedaço da história da sétima arte, foi certamente ao término da sessão de “Matrix” (The Matrix, 1999). Através de uma narrativa conceitual inédita para a época, que abordava temas clássicos de forma bastante original, os cineastas Larry e Andy Wachowski mesclaram perfeitamente vários gêneros diferentes em um único longa-metragem com originalidade. Elementos como Kung-fu, ficção cientifica, realidade virtual, filosofia, ação, efeitos visuais inovadores (hoje, completamente exauridos pelas inúmeras reproduções ocorridas em outras produções) além de um romance convincente antenado com a era digital, fizeram dessa produção um marco do cinema ligado a Cultura POP. Através de uma estética de HQs e filmes de ação made in Hong Kong, a direção como também o roteiro dos irmãos, transpõe um universo repleto de possibilidades que foram perfeitamente bem aproveitadas.  Em sua história acompanhamos um mundo gerado por computador, que mantem a humanidade sob as rédeas que beiram uma escravidão, o hacker Neo (Keanu Reeves), sente a presença de algo incomum na realidade como conhece. E nesse momento, ele é resgatado por Morpheus (Laurence Fishburne), que revela uma verdade que irá mudar o mundo como ele conhecia.


Através de um roteiro bem amarrado, elegantemente cerebral sem ser chato, repleto de referências à cultura pop e sutis homenagens ao cinema convencional, essa produção de ficção cientifica bem conduzida também presenteia o espectador com impressionantes sequências de ação nunca antes vistas num só filme (cenas do Neo desviando de balas, tiroteios em câmera lenta, um helicóptero se chocando contra um prédio numa explosão fantástica, duelos de tirar o fôlego, e muito mais). Mas além do mérito de ter sido um filme vanguarda, que gerou sequências bacanas por sinal (Matrix Reloaded em 2003 e Matrix Revolutions também de 2003), um DVD somente com extras sobre os bastidores dessa produção, além de um DVD que intitulado “Animatrix”, composto por nove curtas de animação que esmiuçavam o universo de “Matrix” também inspirou a criação de outros produtos multimídia baseados nas histórias criadas pelos irmãos Wachowski, como livros, quadrinhos, jogos, que invadiram o lar de uma geração inteira através da internet. Lançando um herói que desprovido de uniformes extravagantes como dos quadrinhos, mas antenado nos interesses do mesmo público que tanto idolatra o formato, os cineastas criaram um fenômeno comercial que será constantemente lembrado no futuro. Com um elenco de heróis inspirado, num confronto épico com um vilão sensacional imortalizado pela atuação de Hugo Weaving, a história criada transcende os limites das possibilidades, pelo fato de que, mesmo após anos depois de seu lançamento, ainda tem sido referência certa para a elaboração de outros filmes que indiretamente adotam algumas soluções visuais e sua estética como inspiração ou homenagem.  

Por fim, é difícil escrever algo a respeito de “Matrix, que ainda não tenha sido dito, escrito ou contado por alguém. Sempre julgo a importância de um filme, pelo número de títulos que visivelmente são inspirados em uma obra específica. Por isso, mesmo depois de anos, ainda fico surpreso quando vejo cenas com o efeito bullet time sendo aplicado em sequências de ação de filmes atuais. Porém é inegável, que nada supera o conjunto criado pelos irmãos Wachowski, mesmo depois de todos esses anos. Lamentavelmente, a genialidade dessa produção inclusive tem sido um grande obstáculo para os próprios realizadores, que mesmo após anos (ainda que tenham realizados filmes bacanas, mas que nunca conseguiram resultados positivos de crítica e público na mesma proporção) não criaram um substituto a que desbancasse sua superioridade.

Nota:  10/10

Trailer do Filme: Matrix

Trailer do DVD Animatrix