sábado, 30 de março de 2019

Crítica: Medo Profundo | Um Filme de Johannes Roberts (2017)


As irmãs, Lisa (Mandy Moore) e Kate (Claire Holt) decidem tirar férias no litoral mexicano e usufruir de todas as belezas das praias paradisíacas da localidade. O motivo de Lisa de topar essa viagem, para a surpresa de sua irmã, foi para esquecer os seus problemas conjugais: o seu parceiro pediu a separação. O motivo da separação até onde se sabe foi que ele se aborreceu com o acomodado relacionamento que tinham e decidiu pedir o fim. Decidida a dar a volta por cima e mostrar ao ex o quanto ela pode ser interessante mostrando para ele o erro que cometeu ao terminar a relação, as duas irmãs aceitam um convite inusitado para mergulharem no mar sob a circunstância de estarem confinadas em uma jaula e cercadas por tubarões famintos. Mas algo nessa perigosa aventura dá errado, e Lisa e Kate passam a correr um perigo mortal quando a jaula se desprende da embarcação e ficam presas nas profundezas do mar. Entre o dilema de sair da jaula ou ver o oxigênio acabar, o cenário não podia ser pior.  Medo Profundo” (47 Meters Down, 2017) é uma produção britânica do gênero de terror de sobrevivência escrita por Ernest Riera e Johannes Roberts, que também tem a direção de Johannes Roberts. O cineasta que tem uma larga experiência em filmes de suspense e terror sobrenatural envereda para um gênero de terror mais realista e palpável, mas ao mesmo tempo em que se mostra igualmente tenso e eficiente.

Existe um nicho de mercado em filmes de tubarão que o cinema eventualmente tenta tirar proveito. Entre algumas produções válidas e outras completamente descartáveis, “Medo Profundo” se mostra uma boa opção para quem aprecia o gênero (inclusive há uma sequência agendada para 2019). “Medo Profundo” é um filme de baixo orçamento que faturou imensamente mais do que custou e que atende ao que se propõe ao apresentar um cenário intimidador, boas atuações das protagonistas e um pós-clímax inesperado. Entretanto, ainda que o seu desenvolvimento seja bem preenchido com um punhado de soluções criativas para que a ação se concretize de forma funcional (a adoção de um rádio comunicador na mascara de mergulho para a comunicação entre as personagens quando submersas) e tenha várias situações que se alternam entre tensas e apavorantes como é necessário para prender a atenção do espectador, há um roteiro simplório na apresentação das moças e um desenvolvimento previsível que somente serve para preparar o terreno para o verdadeiro foco dessa produção: os tubarões. Mas “Medo Profundo” oferece um desfecho que contorna a limitações de sua primeira parte, ao entregar no final de sua terceira parte uma inesperada surpresa quando ninguém espera ver mais nada de espantoso. Em resumo: um bom gasto de tempo.

Nota:  7/10

sexta-feira, 29 de março de 2019

Crítica: Creed II | Um Filme de Steven Caple Jr. (2018)


A vida de Adonis Creed (Michael B. Jordan) anda em polvorosa após a conquista do cinturão. Os holofotes estão sobre sua figura e seu título sob o olhar ambicioso dos adversários. Dividido entre as obrigações de sua vida pessoal e o tumultuado mundo do boxe, ele agora tem que encarar o maior desafio de sua vida: enfrentar um poderoso adversário diretamente ligado ao passado de sua família. Rocky Balboa (Sylvester Stallone) está ao seu lado, mas com a cautela dada por sua experiência. Diante de um inevitável confronto, tanto Rocky quanto Adonis serão colocados à prova pelo que vale a pena mesmo lutar. “Creed II” (Creed II, 2018) é um longa-metragem estadunidense dramático escrito por Sylvester Stallone e Juel Taylor, tendo a direção de Steven Caple Jr. (responsável pelo elogiado “The Land”, de 2016 e vários curtas-metragens de respeito). Estrelado por Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson e Dolph Lundgren; essa produção é uma continuação de “Creed”, de 2015. Oferecendo mais do mesmo que fez de Rocky um personagem icônico do cinema ao longo dos anos, o cineasta Steven Caple Jr. entrega uma sequência irremediavelmente satisfatória diante do trabalho de Ryan Coogler em 2015 e a altura da franquia do personagem Rocky.

É necessário que seja dito: Sylvester Stallone tem um talento para repetição que é imbatível. Mesmo depois de tantos filmes ao longo dos anos onde ele interpretou o papel de um boxeador/treinador, ele ainda consegue realizar trabalhos que se mostram no final das contas de algum modo fascinante. “Creed II” não é diferente. Embora seja um filme de luta, os aspectos dramáticos e as motivações que rondam os personagens são extremamente convincentes. Ao pegar a história passada dos personagens e reuni-las com elementos competentes, faz do embate de Adonis Creed (filho do lendário Apollo Creed, interpretado por Carl Weathers) com Viktor Drago (filho da promessa russa do boxe, o Ivan Drago que é interpretado por Dolph Lundgren) tão fascinante fora do ringue do que dentro. O filme é feito sob medida para tocar no coração do espectador, ao mexer em temas universais como família, companheirismo e obstinação. Obviamente há as típicas cenas de luta brilhantemente filmadas, com direito a todos os clichês conhecidos do gênero aos quais uma grande parte foram apresentados ao mundo pelo próprio Stallone, mas que não só não atrapalham ou diminuem a experiência do público como consegue intensificar a força do conjunto.

Creed II” é o mesmo de tudo que os fãs do gênero já viram, mas apresentado de uma forma tão bem feita que curiosamente sempre deixa na mente do espectador um gostinho de novo. Daqui para frente, Rocky já pode aposentar as luvas, pois Creed já tem poder para tocar um sucesso de forma autônoma.  

Nota:  7/10

quinta-feira, 28 de março de 2019

Crítica: Aquaman | Um Filme de James Wan (2018)


O Metahumano e herdeiro direto do reino submarino de Atlântida, Arthur Cury (Jason Momoa) é confrontado com seu destino quando o seu meio-irmão, Orm (Patrick Wilson) planeja assumir o trono de Atlântida e declarar uma guerra contra o povo da superfície. A única forma de Arthur Cury impedir que Orm obtenha sucesso em seu plano é encontrando o tridente perdido do rei Atlan. Aliando-se a destinada noiva de seu irmão, Mera (Amber Heard) e a um leal conselheiro de Atlântida, Vulko (Willem Dafoe), Arthur inicia uma jornada para salvar o mundo tornando-se o Aquaman. “Aquaman” (Aquaman, 2018) é uma produção estadunidense do gênero de super-heróis baseada no personagem homônimo da DC Comics. Com roteiro de Will Beall e David Leslie Johnson a partir de uma história criada por James Wan e Geoff Johns, o filme também tem a direção de James Wan; sendo o sexto filme do Universo Estendido DC. Estrelado por Jason Momoa, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Yahya Abdul-Mateen II, Randall Park, Temuera Morrison, Ludi Lin, Nicole Kidman e Dolph Lundgren, essa produção bate recordes de bilheteria dentro da DC e ganha uma quantia considerável de elogios por parte da crítica especializada.

Em algum lugar de Hollywood, a DC conseguiu reunir dentro de uma sala de reunião uma equipe disposta a dar o seu melhor e fazer de “Aquaman” um sucesso. Embora “Mulher-Maravilha” tenha até se aproximado disso (ao faturar nas bilheterias e ser elogiada pela crítica), as demais produções da DC dividiam o público e em sua maioria eram detonadas pela crítica especializada. Mas isso são águas passadas e o estúdio consegue um notável sucesso através de “Aquaman”, onde as eventuais criticas em relação a qualidade do argumento que demonstra algumas passagens irregulares e a longa extensão de sua duração são problemas quase que irrelevantes diante de uma infinidade de acertos presentes em seu conjunto. Sendo que em algum lugar de Jason Momoa escondia-se um potencial de atuação que não se viu anteriormente em “Liga da Justiça”. Mesmo sem um roteiro devidamente alinhado, o ator consegue dar o devido acerto ao personagem e mostrar ao público que sua figura não era apenas uma aparência estética arrojada para o personagem dos quadrinhos. Seu desempenho é dotado de carisma, força nos momentos dramáticos e como já havia mostrado antes, uma forte inclinação ao cômico que naturalmente cai bem com a proposta dessa produção. Até o momento a DC não havia tido um filme com uma pegada comercial tão bem acertada quanto a que é presente em “Aquaman”. Sem falar dos demais nomes que compõem o elenco (alguns impensáveis como o de Dolph Lundgren em uma superprodução a essa altura da carreira), todos estão bastante funcionais.

Em algum lugar da DC, alguém se inspirou em buscar os melhores especialistas em efeitos visuais que se podia ter. As cenas de conflito submarino estão de encher os olhos, tamanho o  refinamento dado às soluções criativas. O diretor James Wan conferiu uma movimentação as cenas de ação dignas dos filmes de Hong Kong, onde a luta apresentada em seu clímax talvez seja a mais emblemática. O humor é outro ponto bem acertado do enredo que flui com naturalidade. É surpreendente ver que “Aquaman” nadou contra a maré de azar que cercava a DC e apresentou um produto bastante acertado e com uma identidade própria, tanto visual quanto narrativa conseguindo extrair muito de pouco material.

Nota:  9/10

segunda-feira, 25 de março de 2019

Capitã Marvel vs Blockbuster Video















Entre centenas de coisas que possuem a cara dos anos 90, a Blockbuster Video talvez seja um exemplo bastante emblemático para o cinema. Em "Capitã Marvel", a heroína desaba do céu como um meteoro sobre o telhado de uma vídeo locadora e sai pela porta entre prateleiras de fitas VHS. Nessa passagem você já pode ter a ideia exata do tempo em que se passa a trama. Quando você vê o logotipo da empresa então... A Blockbuster Inc. foi a maior rede de locadoras de filmes do mundo. Fundada em 1985 no Texas, a marca Blockbuster chegou a operar em 26 países; ter um valor de  mercado de 500 milhões de dólares e mais de 70 milhões de associados. Mas em 2011 a empresa foi leiloada junto com as dívidas e após uma inevitável queda de faturamento levando o negócio a completa ruína (os serviços prestados por empresas como a Netflix e a iTunes foram apontados como vilões do negócio), a Blockbuster teve seu total encerramento de atividades em janeiro de 2014. Hoje há apenas uma única loja da rede que detêm a marca em funcionamento na cidade de Bend, no Oregon.

sábado, 23 de março de 2019

Crítica: Capitã Marvel | Um Filme de Anna Boden e Ryan Fleck (2019)


Carol Danvers (Brie Larson) é uma mulher impulsiva de grande poder que busca entender o seu passado, mas a sua memória recheada de lembranças confusas a atrapalha ela nessa tarefa. Agindo como uma guerreira pelos interesses do povo Kree, ela se vê encurralada em um embate contra o povo Skrulls e numa missão fracassada é arremessada para o planeta Terra no auge dos anos 90, quando a organização SHIELD ainda está dando seus primeiros passos em favor da humanidade. Nick Fury (Samuel L. Jacskon) passa a ajudar Carol na sua missão e na sua busca por respostas que indica que seu passado está diretamente relacionado com uma misteriosa cientista que morreu em um acidente de avião. Decidida a encontrar as respostas que podem para a sua surpresa, acabar com a guerra entre os povos, o planeta Terra serve de campo de batalha para um conflito galáctico que pode revelar o surgimento de uma nova heroína determinada a ajudar os fracos e oprimidos. “Capitã Marvel” (Captain Marvel, 2019) é uma produção estadunidense de super-herói baseada nos personagens da Marvel Comics e dirigida por Anna Boden e Ryan Fleck. Estrelado por Brie Larson, Samuel L. ackson, Jude Law, Ben Mendelsohn, Djimon Housoun, entre outros mais; tem o roteiro escrito a várias mãos, sendo o vigésimo primeiro filme do Universo Cinematográfico Marvel e o primeiro filme solo da personagem Capitã Marvel. Sobretudo, também um dos filmes mais rentáveis produzidos pela Marvel Studios.

O que fez com que “Capitã Marvel” se tornasse um sucesso? É fato que a boa recepção do público se deve muito as elevadas expectativas em relação ao esperado lançamento de “Vingadores: Ultimato” (previsto para 26 de abril de 2019). A sequência de “Homem-Formiga” se beneficiou do mesmo fenômeno. Considerando que para se ter uma boa compreensão do conjunto é necessário se ter pelo menos o conhecimento das partes que a compõem, torna-se vital (pelo menos o estúdio implanta propositalmente essa ideia no imaginário dos fãs e mostra-se perceptível nos iniciados) o acompanhamento de cada novo episódio do Universo Cinematográfico Marvel. É inegável que os Vingadores ainda são a cereja do bolo da Marvel. Com isso, o nível de excelência de “Capitã Marvel” pouco importa ou justifica seu sucesso, mas o modo como ele se conecta ao conjunto. Contudo, ainda assim o trabalho de Anna Boden e Ryan Fleck em cima da personagem de Brie Larson é bastante funcional. Serve como uma boa apresentação da personagem que nos quadrinhos tem um papel superlativo e se molda bem aos propósitos do estúdio. Inclusive Brie Larson segura bem à responsabilidade de seu papel e faz valer seu carisma natural que a alçou do cinema independente para as grandes produções de Hollywood. Além do mais, é curioso ver Nick Fury e o agente Coulson em seus primórdios não tão sabidos como de costume.

Capitã Marvel” é suficientemente preenchido com boas cenas de ação proporcionadas por efeitos em CGI excelentes, doses de humor bem distribuídas ao longo do filme e algumas sacadas tão necessárias quanto esperadas. O roteiro mesmo que desprovido de passagens de brilhantismo do tipo que habita outras produções do Universo Cinematográfico Marvel, ainda consegue ser tão autossuficiente quanto funcional. Em resumo: entretenimento garantido. Iniciado com uma discreta homenagem ao gênio dos quadrinhos Stan Lee (1922-2018) e finalizado com um par de cenas pós-créditos onde apenas uma vale a expectativa da espera.

Nota:  7,5/10

domingo, 17 de março de 2019

Crítica: O Regresso | Um Filme de Alejandro González Iñárritu (2015)


Em 1823, durante uma expedição por um território inexplorado do Missouri, um grupo de homens passam os dias caçando e retirando peles de animais para serem comercializadas na cidade. Durante o processo, o grupo é violentamente atacado de surpresa por uma tribo indígena que espreitava os caçadores. Muitos homens são mortos pelo ataque e os poucos sobreviventes fogem em um barco que supostamente passa a ser perseguido e alvo fácil da tribo. Diante do eminente perigo, trava-se uma disputa de liderança entre Hugo Glass (Leonardo DiCaprio) e John Fitzgerald (Tom Hardy), que desencadeia uma sede de vingança em Glass pelo fato de ter sido deixado para morrer dentro de um território selvagem, a mercê da própria sorte durante um implacável inverno. “O Regresso” (The Revenant, 2015) é uma produção estadunidense de western e drama escrita por Mark L. Smith e Alejandro González Iñárritu. Dirigida pelo mexicano Alejandro González Iñárritu, o filme é inspirado no romance homônimo escrito por Michael Punke, que tem como base os eventos reais em volta de Hugh Glass. O filme é estrelado por Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson e Will Poulter. Entre vários prêmios que recebeu no Globo de Ouro de 2016, o filme também recebeu 12 indicações ao Oscar e venceu nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Fotografia na Cerimônia do Oscar 2016.

Distante de ser um típico filme de velho-oeste americano, “O Regresso” é inegavelmente mais contundente do que a maioria dos filmes do gênero dos últimos anos. A atmosfera de barbárie e austeridade que assombrava o período da colonização é o material que dá a substância ao enredo de “O Regresso”. É aquele período em que os americanos invadiam arbitrariamente o território indígena, alheios aos perigos dessa ação e da inóspita natureza que Iñárritu trás a tela sem encantos visuais, duelos lúdicos entre pistoleiros ou horizontes delineados por um chamejante pôr-do-sol ao fundo. Os contornos dessa produção são mais cruéis, gelados e dramáticos. O foco da trama que é voltado na luta pela sobrevivência, acompanha os desafios de Hugo Glass em se manter vivo depois de uma tentativa de assassinato que resultou em inúmeras outras infelicidades. Leonardo DiCaprio que ganhou o Oscar de Melhor Ator por seu desempenho (tardiamente considerando a sua intensa filmografia), carrega o filme de um modo brilhante. Além disso, Tom Hardy, o responsável pela vertente infernal que o personagem de DiCaprio é submetido demonstra que a cada novo trabalho o ator tende a ser uma garantia de satisfação.  

Embora o filme tenha ficado muito famoso fora dos círculos cinéfilos apenas pela angustiante cena do ataque que Leonardo DiCaprio sofre de um urso feroz (uma sequência surpreendentemente criada toda em CGI), é necessário que seja dito que “O Regresso” está recheado de outras passagens inquietantes. Mesmo sendo um filme de narrativa mais pesada, retratada de modo cru e de ritmo mais lento do que era possível esperar de um western, onde é dado um precioso e recompensador valor ao desempenho do protagonista, o enredo consegue prender a atenção do espectador sem dificuldades.

Nota:  8/10

sexta-feira, 15 de março de 2019

quarta-feira, 13 de março de 2019

Crítica: Polar | Um Filme de Jonas Akerlund (2019)


Duncan Vizla (Mads Mikkelsen) é um assassino profissional de reputação irretocável que está prestes a se aposentar. Decidido a se aposentar e largar a vida de matador de aluguel, Duncan também está prestes a receber uma enorme quantia em dinheiro pelos seus serviços prestados ao longo da vida com lealdade. Porém seu chefe, Blut (Matt Lucas), contrariando as recomendações dadas por outra leal subordinada, planeja assassinar o velho assassino antes que a data de vencimento do pagamento milionário ao qual Duncan tem direito vença. E nessa caçada, Camile (Vanessa Hughes) uma misteriosa jovem que cruza o caminho de Duncan passa a ser vítima do fogo cruzado. Polar” (Polar, 2019) é uma produção de ação e crime escrita por Jayson Rothwell e dirigida pelo sueco Jonas Akerlund. Inspirada na graphic novel de Victor Santos publicada pela Dark House Comics. Numa possível jogada comercial, a premissa que busca pegar carona na sensação do cinema do momento protagonizada por Keanu Reeves na franquia John Wick, falha monstruosamente nessa ideia. Sem beleza estética ou um roteiro merecedor de alguma atenção, Mads Mikkelsen (em sua pior performance da carreira) faz o que pode para manter a atenção do espectador nessa trama clichê, carregada de violência gratuita e com um caminhão de bizarrices que mais serve para chocar do que aproximar o público do produto.

Um pouco do que “Polar” oferece se deve a figura de Jonas Akerlund. Diretor de clipes de grandes estrelas da música, como Duran Duran, Beyonce, David Guetta, Madonna, Lady Gaga e por aí vai, também dirigiu para a Netflix a cinebiografia da famosa banda de Black Metal da Noruega, Mayhem (umas das bandas mais polemicas e bizarras da história desse gênero musical), no filme “Lords of Chaos”, de 2018. Tanto “Polar” quanto esse “Lords of Chaos” são filmes estilizados e providos de muita violência. O problema é que Jonas Akerlund não sabe dosar esses elementos e muito menos apresenta-los de modo competente. Tudo é arremessado na tela de forma extrema, parecendo ter como único propósito, chocar o espectador desavisado. As balas voam, o sangue jorra, a nudez é gratuita e os diálogos são podres. Sem falar da história em si que não consegue crescer de forma interessante e segue uma cartilha de situações que remetem a uma infinidade de outros filmes de conceito parecidos. Para quem acompanha a carreira de Mads Mikkelsen, é curioso ver o seu envolvimento nesse projeto, como o nome de Vanessa Hughes se esforçando ao máximo para deixar os tempos da série High Scholl Musical definitivamente para trás. Sendo assim, “Polar” é um daqueles filmes feito para poucos, que homenageia uma espécie de cinema B lá dos anos 80, porém malfeito.

Nota:  5/10

segunda-feira, 11 de março de 2019

Crítica: Infiltrado na Klan | Um Filme de Spike Lee (2018)


Em 1978, Ron Stallworth (John David Washington) é um policial negro do Colorado que consegue se infiltrar na Ku Klux Klan local. Contornando as barreiras dadas por sua cor, ele se comunica com os membros do grupo por meio de telefonemas e cartas, e quando precisava estar fisicamente presente diante do grupo de investigados, Philip Zimmerman (Adam Driver), um policial branco entrava em cena. Depois de meses de investigação, Ron fica próximo das lideranças da Klan, onde sabota uma série de crimes de ódio que eram planejados pelos racistas. “Infiltrado na Klan” (BlacKkKlansman, 2018) é uma comédia dramática policial co-escrita e dirigida por Spike Lee. O roteiro de Spike Lee, David Rabinowitz, Charlie Wachtel e Kevin Willmott, o filme é baseado no livro autobiográfico escrito por Ron Stallworth. Prestigiado com inúmeras indicações de prêmios em diferentes festivais de cinema em diferentes categorias, “Infiltrado na Klan” ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Depois de anos, Spike Lee finalmente retorna novamente aos holofotes do sucesso que estão voltados a grandes obras do cinema e entrega uma produção a altura de sua reputação conquistada após o distante “Faça a Coisa Certa”, de 1989.

Você não precisa ser um crítico formado de cinema para entender o sucesso de “Infiltrado na Klan”. O filme tem um brilho especial pela abordagem apurada sobre o racismo dada com uma leveza comercial cômica. Sua premissa inspirada em fatos reais, ainda tem aquele tom de ficção latente devido ao rumo do enredo. Filmes como “Feito na América”, “Cães de Guerra” e “Eu, Deus e Bin Laden” tem a mesma tonalidade que imprime um relato que equilibra fatos verídicos com liberdades poéticas de modo saudável. Porém, o trabalho de Spike Lee possui um diferencial por abordar e debater sobre um tema atual tão urgente quanto necessário para o cinema: o racismo. Outra coisa: as atuações de “Infiltrado na Klan” são brilhantes, cujo os desempenhos fecham precisamente com a história contada. John David Washington está formidável no papel de policial afro-americano, onde seus telefonemas para as lideranças  racistas dão o tom da obra. Sobretudo ainda apresenta mais um desempenho fascinante de Adam Driver, um ator que tem enfileirado ótimas atuações em bons filmes. A reconstituição do período no qual o filme se passa é bem retratado, em sua aparência e na atmosfera de hostilidade que reinava nas ruas. A força e o alcance de “Infiltrado na Klan” são inegáveis pela abordagem centrada e segura do roteiro que alterna momentos cômicos com cenas de dramaticidade fluente (as cenas finais adicionadas que se passam em um passado mais recente demonstram a importância desse longa-metragem).

Infiltrado na Klan” não poderia ser filmado por ninguém menos que Spike Lee, já que o filme aborda um tema o qual o cineasta tem demonstrado ao longo dos anos grande interesse, ainda que em outros trabalhos a coisa não tenha funcionado de modo tão redondo. Um retorno satisfatório do cineasta as telonas, considerando que seu último trabalho relevante foi em “O Plano Perfeito”, em 2006.

Nota:  8/10

sábado, 9 de março de 2019

Cartaz Alternativo: The Life of Pi, 2012

Pete Majarich

sexta-feira, 8 de março de 2019

Crítica: Máquinas Mortais | Um Filme de Christian Rivers (2018)


Em um mundo pós-apocalíptico resultante de um evento cataclísmico conhecido como a Guerra dos Sessenta Minutos, fez com que os sobreviventes permanecessem em cidades que andam sobre rodas e consomem umas as outras para sobreviver. Nesse perigoso mundo dominado pelas fortes potências, Hester Shaw (Hera Hilmar) uma órfã com sede de vingança pelo assassinato de sua mãe e Tom (Robert Sheehan), um ingênuo morador de Londres tentam escapar das garras de Thaddeus Valentine (Hugo Weaving), um ambicioso líder de Londres que tem coletado resquícios do velho mundo tem planejado nas sombras uma conspiração que pode mudar o domínio do poder sobre os povos restantes. “Máquinas Mortais” (Mortal Engines, 2018) é uma produção de aventura e fantasia escrita por Fran Walsh, Philippa Boyens e Peter Jackson, com base no romance de mesmo nome escrito por Philip Reeve. Dirigido por Christian Rivers, seu épico fantástico de proporções inimagináveis não demonstra a mesma força das máquinas nele retratadas. Brilhantemente produzido por Peter Jackson (uma espécie de chamariz para o espectador), o filme vem desprovido de uma série de necessidades vitais para emplacar no gosto do público em geral e poder ganhar uma expectativa de continuidade.

A construção desse mundo pós-apocalíptico no melhor estilo steampunk que impera em “Máquinas Mortais” é impecável (as cidades móveis, as naves e muitas outras soluções criadas pela direção de arte são geniais). Esse longa-metragem de um pouco mais de duas horas de duração tem os caprichos e as dimensões apropriadas de um produto ideal para ser conferido numa sala de cinema, mas ao mesmo tempo está desprovido de uma história que consiga valorizar todo esse apuro visual. Se por um lado os conceitos presentes na premissa e até em seu enredo são interessantes, por outro lado são desenvolvidos de modo acomodado (são inúmeros clichês presentes ao longo de todo filme). Os efeitos visuais aliados a algumas boas ideias que garantem movimentação ao elenco proporcionam umas cenas de aventura energizadas, mas também raras considerando o tempo de duração do filme. Para piorar, a dupla de protagonistas dada pela presença de Hera Hilmar e Robert Sheehan não possuem química nenhuma; Hera Hilmar está repleta de questões do passado mal resolvidas que não despertam interesse ou comoção; previsivelmente Hugo Weaving faz o papel de vilão; e personagens secundários estão prolixos ou mal concebidos dentro da trama maior. Por isso, o grande espetáculo que “Máquinas Mortais” reserva para o espectador é restritamente visual, apresentado por sequências de ação grandiosas e frenéticas.

Para quem espera um filme de aventura com um desenvolvimento com a mesma originalidade que o seu conceito sugere, pode se decepcionar. De certa forma, o filme tem o seu valor, mas qualquer menção ao resultado que lhe confira uma valorização superior a um "bom filme" é inegavelmente exagerada e inexplicável sendo que apenas garante boas cenas de ação, muita correria e mais nada. Algo que refletiu em sua baixa arrecadação de bilheteria, muito inferior ao astronômico orçamento de 150 milhões. 

Nota:  6/10

quarta-feira, 6 de março de 2019

Crítica: Ponte dos Espiões | Um Filme de Steven Spielberg (2015)


Durante a Guerra Fria, a União Soviética consegue capturar o piloto americano Francis Powers (Austin Stowell) após derrubar seu avião de espionagem que tirava fotos no espaço aéreo russo. Condenado a 10 anos de prisão, a única esperança de Powers é um advogado de Nova York, James Donovan (Tom Hanks) que é recrutado pela CIA para resolver uma complicada situação: defender Rudolf Abel (Mark Rylance), um espião russo capturado em território americano e condenado por espionagem. Estrategicamente Rudolf passa a se tornar moeda de troca para os Estados Unidos, onde James Donovan negocia adicionando um toque especial à troca do espião russo pelo americano sem que os governos dos dois países sejam envolvidos. “Ponte dos Espiões” (Bridge of Spies, 2015) é um drama político de espionagem escrito por Matt Charman, Joel e Ethan Coen e dirigido por Steven Spielberg. Inspirado em eventos reais entorno do incidente com o avião americano que caiu em território russo em 1960 e no romance escrito por Giles Whittell, essa produção recebeu várias indicações ao Oscar 2016 e venceu na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pelo desempenho de Mark Rylance no papel de espião russo. Entre os esperados arrasa-quarteirões realizados pelo cineasta, Steven Spielberg nunca deixa de entregar para a felicidade de seus fãs, algumas realizações ocasionalmente sólidas.

Burocrático, discreto e cheio de motivação, “Ponte dos Espiões” é um daqueles filmes que Steven Spielberg de vez em quando entrega sem fazer alardes (diferentemente de filmes como “Jogador N°1). “Ponte dos Espiões” é um daqueles filmes onde a maioria dos espectadores passa a conferir após o anúncio de prováveis indicações a prêmios em festivais e cerimônias do meio cinematográfico, demonstrando toda a sua irreverência. Brilhantemente protagonizado por Tom Hanks, uma escolha de elenco sempre certeira dependendo do roteiro, o ator Mark Rylance se destaca na tela na mesma proporção justificando o seu Oscar. O filme tem um tom sóbrio como sua interpretação, de humor elegante e pontual ambientado numa Berlim Oriental rica em detalhes criando uma atmosfera de excelência na reconstituição de época. Sem cenas exageradas, o jogo de espionagem travado entre as potências e articulado pelo personagem de Tom Hanks é requintado, realizado com bons diálogos e uma trama amarada na medida certa. É o astro fazendo o que sabe fazer de melhor. Por isso, “Ponte dos Espiões” não é somente um bom filme de Steven Spielberg, mas uma agradável surpresa que poderia ser, todavia mais constante.

Nota:  7,5/10

terça-feira, 5 de março de 2019

The Mustang (2019)

Pôster Oficial 

segunda-feira, 4 de março de 2019

Crítica: Vingadores: Guerra Infinita | Um Filme de Anthony e Joe Russo (2018)


Thanos (Josh Brolin) pretende reunir todas as Jóias do Infinito em sua manopla para tornar-se o ser vivo mais poderoso da galáxia e realizar o seu plano de dizimar a metade de todos os seres vivos do universo. Cada vez mais próximo de encontrar sucesso nessa tarefa, pois ele tem encontrado sucessivamente cada jóia desaparecida, cabe aos Vingadores que se unem aos Guardiões da Galáxia, Doutor Estranho e ao povo de Wakanda no que certamente é a maior guerra de todos os tempos para impedir que Thanos encontre seu sucesso. “Vingadores: Guerra Infinita” (Avengers: Infinity War, 2018) é uma produção estadunidense de super-herói baseada nos personagens da Marvel Comics. Sequência de “Os Vingadores”, de 2012 e “Vingadores: Era de Ultron”, de 2015 e o décimo nono filme do Universo Cinematográfico Marvel. Dirigido por Anthony e Joe Russo e escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely, o filme é estrelado por Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Benedict Cumberbatch, Don Cheadle, Tom Holland, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Anthony Mackie, Sebastian Stan, Peter Dinklage, Danai Gurira, Dave Bautista, Zoe Saldana, Josh Brolin, e Chris Pratt. Destacando-se como a maior bilheteria de 2018 e um inegável sucesso de crítica, “Vingadores: Guerra Infinita” conseguiu elevar a um patamar superlativo o propósito de filmes de super-herói.

Dentre as várias qualidades que são presentes em “Vingadores: Guerra Infinita”, a forma como os irmãos Russo conseguem articular as diferentes ações dos variados personagens simultaneamente sem deixar lacunas, talvez seja o aspecto mais impressionante dessa produção. O filme não destoa em momento algum e faz um ótimo proveito da presença de cada personagem da Marvel (e olha que a reunião de personagens diferentes é gigantesca). Entre o argumento funcional bem escrito, há momentos cômicos inspiradores e cenas de ação bem conduzidas numa proporção e qualidade bastante nivelada independente do momento. Obviamente que ganha um diferencial nos momentos mais cruciais, onde as tensões e expectativas crescem com o desenrolar da terceira parte, mas o filme segue um padrão de excelência técnica e narrativa raro em produções do gênero. O volumoso elenco de estrelas e personagens relevantes em tela é assombrosamente bem aproveitado onde é difícil apontar destaques. Se no passado da franquia, os holofotes se voltavam para o Homem de Ferro de Robert Downey Jr. com unanimidade, em “Vingadores: Guerra Infinita” é um filme de difícil distinção. Assim, dado o devido valor a cada personagem (consequentemente ao seu fã), a Marvel consegue fazer uma reunião honrada ao seu conteúdo e, sobretudo uma transposição cinematográfica genial para esse material.

Cada personagem, cena em CGI, cada passagem de humor, momento de reflexão e sequência de ação está devidamente em seu lugar para a satisfação dos entusiastas do gênero, da franquia ou da cruzada para combater o vilão Thanos. Quer queira, quer não, “Vingadores: Guerra Infinita” tinha tudo para dar errado, mas mesmo com todos os desafios (que uma grande maioria a produtora impôs a ela mesma quando criou o seu Universo Cinematográfico), consegue gerar a superprodução comercial mais polêmica de 2018 e um marco do gênero. Por fim, só não é mais imperdível do que a sua tão esperada continuação.

Nota:  10/10