sábado, 30 de junho de 2018

Crítica: Amores Canibais | Um Filme de Ana Lily Amirpour (2017)


Em um futuro distópico, a jovem Arlen (Suki Waterhouse) é exilada dos Estados Unidos e abandonada à própria sorte em um deserto as margens da fronteira. Ela faz parte do que o sistema chama de “lote ruim”, onde pessoas consideradas indesejáveis são forçadas a viver e se defender sozinhas e um lugar sem leis ou qualquer segurança. Impedida de voltar e condenada a vagar nesse território inóspito onde o canibalismo é um perigo presente, Arlen passa por uma perigosa jornada a qual encontra medo, solidariedade e amor. “Amores Canibais” (The Bad Batch, 2017) é uma produção estadunidense de drama e suspense escrita e dirigida por Ana Lily Amirpour. O filme é estrelado por Suki Waterhouse, Jason Momoa, Jim Carey, Giovanni Ribisi e Keanu Reeves. Estreou no 73° Festival de Cinema de Veneza, onde foi selecionado para competir pelo Leão de Ouro, embora seu lançamento nos cinemas apenas ocorreu em 23 de junho de 2017. Ainda que o filme tenha uma boa construção de atmosfera e apresente algumas boas passagens bem filmadas que aproveitam bem algumas das umas poucas inspirações criativas que são permeadas ao longo de sua duração, ainda é perceptível a falta de um material consistente para manter a atenção do espectador em nível satisfatório.

Amores Canibais” carece de uma identidade própria ou de uma história realmente interessante de ser contada. O pontapé inicial, a premissa em si até desperta os sentidos, mas o desenvolvimento não cresce. Ao contrário, o filme se limita a desencadear a lembrança de outros filmes, porém não se equipara aos mesmos. E muito se deve ao roteiro de Ana Lily Amirpour que é pouco trabalhado e muito enrolado, o que gera um filme muito mais longo do que esperado (são 115 minutos de duração). Na verdade, é incrível como Amirpour consegue inclusive estender tanto uma história tão pouco desenvolvida. Estrelado por nomes conhecidos como Jason Momoa (um astro em ascensão após seu ingresso na “Liga da Justiça”) que não impressiona nada, Giovanni Ribisi e Keanu Reeves, a presença quase sempre brilhante de Jim Carey é quase imperceptível como também é irreconhecível nesse filme (o ator está totalmente desfigurado em seu papel de andarilho solidário mudo). Enquanto a atriz londrina Suki Waterhouse sofre pelo roteiro debilitado que leva o espectador a acompanhar uma história de poucos atrativos. Por isso, “Amores Canibais” se sustenta mais pelo esforço do espectador do que pelas soluções narrativas e pelo rumo da história. Some ao descrédito do filme, um mau aproveitamento de atores que se perdem em personagens vazios e excêntricos por exibicionismo. A atuação de Keanu Reeves é uma alegoria irritante de se ver. O resultado: um filme totalmente desnecessário de ser conferido ainda que tenha sido realizado por uma promissora cineasta.

Nota:  4,5/10

quarta-feira, 27 de junho de 2018

O Predador (2018)

domingo, 24 de junho de 2018

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Crítica: O Predador | Um Filme de John McTiernan (1987)


Quando um grupo de soldados das Forças Especiais Americanas que são liderados pelo Major Alan “Dutch” Schaefer (Arnold Schwarzenegger) são enviados a uma selva da América Central para resgatar um grupo de pessoas de grande valor para o governo americano que estão sendo mantidos reféns por guerrilheiros, algo durante a fuga não procede de acordo como o esperado. Quando os homens de Dutch passam a serem mortos à medida que avançam em fuga pela densa floresta, convencidos que estão sendo seguidos por guerrilheiros, resta apenas ao destemido Major Dutch confrontar a verdadeira ameaça que ronda seu grupo de soldados. “O Predador” (The Predator, 1987) é uma produção estadunidense de ação e ficção científica escrita por Jim Thomas e John Thomas e tem a direção de John McTiernan (na época um aspirante a diretor). Lançado nos Estados Unidos em 12 de junho de 1987, o filme na época dividiu a opinião da crítica especializada obtendo reações mistas. Porém essa produção conseguiu um maior reconhecimento algum tempo depois, quando esse filme passou a virar uma espécie de cult movie em certos círculos de cinéfilos até virar figurinha carimbada por admiradores de cultura pop.

Além de ser um bom filme de ação, “O Predador” tem as suas curiosidades. Baseado num roteiro cujo conceito original surgiu de uma brincadeira de bastidores relacionada ao personagem indestrutível de Sylvester Stallone, o pugilista Rocky Balboa (onde o personagem só faltava lutar contra um alienígena, tamanha a sua aparente invencibilidade); o filme foi dirigido por um talentoso, mas inexperiente diretor na época que acabou mostrando todo o seu verdadeiro potencial alguns anos depois após alavancar franquias de sucesso como “Duro de Matar”; o filme também foi estrelado por um propenso astro de Hollywood que os estúdios não deixavam cair no esquecimento do público, o então brucutu Arnold Schwarzenegger, que se mostrou no final das contas um rival a altura da potencialidade do adversário alienígena. Além de ser lembrado por muitos como sendo o filme que o astro belga, o ator Jean-Claude Van Damme quase participou (o ator era a escolha original para usar o traje do alienígena, mas devido a sua baixa estatura e alguns outros empecilhos seu nome foi cortado e o papel foi passado para o ator Kevin Peter Hall, que condizia mais com as características físicas necessárias para desempenhar o papel do personagem alienígena).

O Predador” é a cara do cinemão dos anos 80. Criativo, esforçado e de fácil empatia, sua forma e ritmo ainda são capazes de impressionar um público novo. Com boas cenas de ação, uma atmosfera bem produzida pela inspirada trilha sonora de Alan Silvestri, como pelas locações selvagens que acomodam a trama, o filme contem interessantes surpresas em sua essência que ainda hoje geram constantes expectativas entre fãs do filme original por uma sequência tão inspirada quanto seu pontapé inicial. Aproveitando as atuações que são válidas pelos contornos do projeto, “O Predador” ainda é capaz de proporcionar uma boa dose de entretenimento a novos públicos, além de ser um ótimo filme de ação de ser revisitado por razões de nostalgia.

Nota:  8/10


quinta-feira, 14 de junho de 2018

Star Wars

domingo, 10 de junho de 2018

Crítica: Boneco de Neve | Um Filme de Tomas Alfredson (2017)


Quando Harry Hole (Michael Fassbender), um renomado detetive da Noruega começa a investigar o desaparecimento de uma mulher, isso mediante as poucas pistas que são deixadas para trás, algum tempo depois a vítima é encontrada morta próxima a um boneco de neve. Porém com a ajuda de Katrine Bratt (Rebecca Fergunson) e seus estudos sobre casos semelhantes ao dela, para o temor dos dois investigadores algumas pistas levam a investigação a acreditar com toda a certeza que um serial Killer pode estar envolvido em inúmeros casos de homicídio que tem ocorrido a muitos invernos atrás. “Boneco de Neve” (The Snowman, 2017) é um suspense policial britânico escrito por Hossein Amini e Matthew Carnahan e dirigido por Tomas Alfredson. Baseado no romance de Jo Nesbo, de mesmo nome (o sétimo livro da série de Harry Hole), o filme é estrelado por Michael Fassbender e Rebecca Fergunson, além de ter também no elenco Toby Jones, J.K. Simmons e Jakob Oftebro. Odiado pela crítica especializada com um pouco mais de exagero do que o comum, o thriller psicológico “Boneco de Neve” não responde a todas as expectativas deles. O que levanta uma questão importante: Será que ele não pode atender as suas necessidades?

Boneco de Neve” é uma espécie de requentado de tudo que já foi oferecido pelo gênero antes, como a maioria de filmes do mesmo âmbito lançados nos últimos anos.  Embora Jo Nesbo já tenha sido transposto para película de modo mais envolvente antes, como em “Headhunters”, de 2011 ou no lento “O Espião que Sabia Demais”, também de 2011, e sua obra aqui tenha sido um pouco desfigurada pela produção (pois ainda que a maior parte do filme tenha sido filmada na Noruega, qualquer traço da cultura foi removida) a atmosfera sombria do filme é brilhantemente construída, independente aonde tenha sido filmada. As alterações da obra original, consequentes das dificuldades ocorridas durante as filmagens ou resultantes do roteiro pouco afetam o conjunto, isso caso você desconheça o material de sua inspiração. O elenco atende ao propósito do filme, sem destaques e sem condenações sumarias. Por isso, “Boneco de Neve” é um thriller psicológico que detém um percentual de qualidades suficientes para prender a atenção de uma parcela relevante de público que não espera uma experiência sempre inovadora no que vê, mas um programa satisfatório.

Visualmente deslumbrante, seja pela fotografia ou pelas suntuosas paisagens, “Boneco de Neve” está longe de ser uma obra-prima do cinema contemporâneo e está na equivalente distância de ser esse Bicho de Sete Cabeças que é rotulado. Possivelmente serve como uma adequada amostra do trabalho de Tomas Alfredson, uma razoável atuação de Michael Fassbender e o conjunto da obra segue a cadeia de tudo que já foi feito antes no gênero, mas pelo menos com uma qualidade técnica digna de encher os olhos.

Nota:  6,5/10
     

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Crítica: Atômica | Um Filme de David Leitch (2017)


Lorraine Broughton (Charlize Theron) é uma agente do MI6 que é enviada para Berlim durante a Guerra Fria ás vésperas do colapso do Muro de Berlim em 1989, onde tem que localizar uma lista de agentes duplos que esta em posse de um importante informante. Além de ser uma possível chave para a descoberta de um agente duplo infiltrado na agência de espionagem que é responsável pelo assassinato de um antigo parceiro da agente. De seu lado está David Percival (James McAvoy), um colaborador da região e que transita livremente entre os dois lados do muro e pode ser uma peça fundamental para Lorraine encontrar sucesso em sua missão. “Atômica” (Atomic Blonde, 2017) é uma produção estadunidense e ação e espionagem escrita por Kurt Johnstad e dirigida por David Leitch. Baseado na graphic novelThe Coldest City”, de 2012, de Anthony Johnston e ilustrada por Sam Hart, esse é o primeiro filme que David Leitch assina solitariamente a direção após o seu envolvimento no sucesso de “De Volta ao Jogo”, de 2014, a qual a direção foi dividida com Chad Stahelski. Financeiramente rentável (o seu faturamento foi cerca de três vezes o valor de seu orçamento), bem recebido pela crítica e ovacionado pelo público que gosta de um bom filme de ação e espionagem a moda antiga, “Atômica” demonstra todo o potencial do gênero sem a necessidade de um protagonista masculino.

Atômica” é a soma de vários elementos bem escolhidos. David Leitch, diretor que tem demonstrado fôlego e que sabe o que faz desde que ingressou na direção de um tipo de filme cujo seu contato sempre foi muito próximo dentro da indústria do cinema; Charlize Theron, uma atriz que tem talento, beleza e disposição física para conferir credibilidade a uma personagem tão implacável como Lorraine Broughton; James McAvoy, que após seu frutífero ingresso na franquia X-Men passou a ser um dos novos queridinhos de Hollywood, além de ainda ter emplacado alguns projetos bastante positivos na sua filmografia nos últimos anos, como “Fragmentado”, de 2016; e uma boa história que brilhantemente condimentada com cenas de ação inquestionavelmente empolgantes e criativas, fazem de “Atômica” uma ótima opção de entretenimento no gênero de filmes de ação e espionagem que estreou nos últimos tempos. Além do mais, a trilha sonora de Tyler Bates (nome sempre associado a filmes de ritmo e estética arrojada), repleta de familiares sucessos dos anos 80, com destaque para a canção "Blue Monday", do New Order acentuam a atmosfera esperada do filme. Embora o roteiro se mostre um pouco mais confuso de forma negativa do que a maioria dos espectadores suporta, “Atômica” estabelece um desenvolvimento ajustado a sua proposta e que impressiona por seu ritmo e vigor ao não poupar o espectador de muita pancadaria sem firulas (algumas dotadas de desempenhos brutais) e pontuais reviravoltas do roteiro intensificadas pelo desempenho de todo o elenco.

Atômica” é um daqueles filmes de ação que desperta vontade de assistir inúmeras vezes, tamanha a sua potencialidade de entretenimento. É fascinante ver filmes assim, pois você sempre volta a se impressionar com alguma coisa a mais que passou despercebido numa visualização anterior.

Nota:  8/10


segunda-feira, 4 de junho de 2018

Cartaz Alternativo: Predador

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Critica: Feito na América | Um Filme de Doug Liman (2017)


Em 1978, Barry Seal (Tom Cruise) é um piloto de avião na TWA que foi recrutado pela CIA através do agente Monty Schafer (Domhnall Gleeson) para fotografar em voos rasantes áreas de conflito e tráfico de países considerados inimigos dos Estados Unidos. Mas Barry se envolve numa série de situações absurdas durante o funcionamento das operações clandestinas, passando a traficar para o Cartel de Medelín enquanto trabalhava para o governo dos Estados Unidos da América. “Feito na América” (American Made, 2017) é uma comédia dramática estadunidense baseada em fatos reais que foi escrita por Gary Spinelli e dirigida por Doug Liman. Embora vendido como “baseado em fatos reais”, a história que naturalmente tem a adição de liberdades poéticas se torna tão incrível quanto absurda. O próprio diretor descreve o resultado como “uma mentira divertida baseada em uma história verdadeira”; que é a segunda e bem-sucedida parceria de Tom Cruise com o diretor Doug Liman (a primeira foi em “No Limite do Amanhã”, 2014).

O fato é que “Feito na América” somente tem a sua eficiência garantida pela presença do astro que curiosamente encabeça um elenco de quase desconhecidos, exceto pelo comparecimento do ator Domhnall Gleeson. De resto são rostos familiares e nomes desconhecidos. Por isso, sem a presença de Tom Cruise, certamente o filme seria bastante inferior ao que já representa. Possivelmente mais uma história baseada em fatos reais sem identidade narrativa e carisma. Embora o diretor Doug Liman faça um trabalho genial em moldar uma narrativa bem delineada em volta da trajetória de ascensão e queda de Barry Seal, seu trabalho como o próprio roteiro de Gary Spinelli é favorecido pelo desempenho cômico do astro (a cena na qual Barry tenta explicar a inesperada dificuldade de esconder uma quantia milionária de dinheiro é hilária). O filme está repleto de passagens engraçadas que estabelecem com firmeza o gênero no qual esse longa-metragem busca se encontrar. Por isso, “Feito na América” é divertido, contundente por seu desfecho e que tem uma história (incrivelmente baseada em fatos reais) cada vez mais comum nos cinemas.

Nota:  7/10