quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Crítica: Caçadores de Obras-Primas | Um Filme de George Clooney (2014)


A Segunda Guerra Mundial oculta centenas de milhares de histórias fascinantes que esperam para serem contadas ao mundo. “Caçadores de Obras-Primas” (The Monument Men, 2014) é a materialização de uma dessas histórias que esperavam ansiosas para serem contadas. Trata-se de um drama de guerra dirigido e estrelado por George Clooney que baseado em fatos reais, o longa-metragem familiariza o espectador com o roubo de milhares de obras de arte realizado pelos nazistas com o intuito de seu ditador, Adolf Hitler fundar o maior museu de arte do mundo chamado The Führermuseum. Tendo como inspiração um livro de mesmo título escrito por Robert M. Edsel e Bret Witter, o roteiro é de responsabilidade de Clooney e seu habitual colaborador, Grant Heslov. Mas seu desenvolvimento naturalmente teve liberdades poéticas para enriquecer (engordar a trama e conferir certa dramaticidade a história) sobre o pouco conhecido interesse de Hitler por obras de arte e a importância dada a esse aspecto pelos nazistas durante essa sangrenta guerra que remete a uma mancha na história da humanidade. Em sua trama basicamente acompanhamos alguns soldados de habilidades bem particulares para um campo de batalha que foram escalados com a missão de preservar o que resta de icônicas obras de arte e monumentos históricos e resgatar o que foi roubado pelas tropas nazistas. Espalhados pela Europa na fase final da guerra, diante da inevitável derrota dos nazistas, esse grupo intitulado “The Monument Men” atravessam por difíceis situações e aventuras pelos destroços de uma Europa devastada para cumprir sua missão.

Caçadores de Obras-Primas” é um exemplar curioso de drama aventuresco de potencial teórico formidável que resulta em um longa-metragem mediano. Embora seja composto por um elenco grandioso de dar água-na-boca em qualquer cineasta (George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett, John Goodman, Jean Dujardin, Hugh Bonneville e Bob Balaban); uma reconstituição de época de proporções também épicas rica em detalhes como poucos filmes recentemente conseguem erguer na película e uma premissa inédita ao gênero, essa produção desperdiça sua essência motivadora (essa essência declarada a partir de monólogos demasiadamente carregados de emoções artificiais por George Clooney) com um desenvolvimento convencional infeliz. “Caçadores de Obras-Primas” tem contornos de originalidade que se esboçam em sua estrutura narrativa, mas que resultam em sugestões que não se confirmam em sua totalidade. Desprovido de emoções fortes e verdadeiras, o trabalho de direção de Clooney falha em sua conexão emocional com o espectador. Embora declare em alto e bom tom o porquê da existência dessa produção, ela não convence de acordo com as expectativas que se anunciam em sua introdução. Oscilando entre uma proposta comercial (Clooney adota passagens humor que busca aproveitar o talento cômico de atores como Bill Murray e John Goodman) e um filme de pretensões para premiação, ao adotar uma trilha sonora magistral e uma direção de arte impecável.

Contudo, ainda que esse longa-metragem esteja repleto de qualidades, em sua maioria ligada aos aspectos técnicos, essa produção tem o seu valor. Clooney entrega seu filme mais fraco após uma grata ascensão que resultou em filmes como “Os Homens que Encaravam Cabras” de 2009 e “Tudo pelo Poder” de 2011. "Caçadores de Obras-Primas" se mostra um filme até interessante, embora esse valor esteja mais agregado ao fato desse aspecto pouco conhecido da história ser revelado numa produção cinematográfica oriunda de Hollywood, do que propriamente por sua realização.

Nota:  6/10