quarta-feira, 7 de junho de 2017

Crítica: Bling Ring: A Gangue de Hollywood | Um Filme de Sofia Coppola (2013)


Baseado em fatos reais, um grupo de adolescentes moradores de Los Angeles, que viviam nos arredores de Calabasas, na Califórnia, entre as rotinas diárias que marcam essa fase da vida como a de qualquer adolescente comum de sua localidade, eles resolveram invadir e roubar casas de celebridades. Essa ações ocorreram entre 2008 e 2009, vitimando pessoas famosas como Paris Hilton, Lindsay Lohan e Megan Fox. Depois de um trabalho intenso de investigação, concluiu-se a autoria dos crimes e a aplicação da justiça. “Bling Ring: A Gangue de Hollywood” (The Bling Ring, 2013) é uma produção dramática escrita e dirigida por Sofia Coppola. Baseada em curiosos fatos reais, primeiramente retratados em um artigo na revista Vanity Fair chamado “The Suspect Wore Louboutins”, e posteriormente publicado em um livro escrito pela jornalista Nancy Jo Sales, o filme de Sofia retrata o inicio dessa estranha história ao seu desfecho. A diretora Sofia Coppola que despontou no cinema com o drama juvenil “Virgens Suicidas” e, em seguida com “Encontros e Desencontros”, também apresentou ao mundo obras de qualidade irregular como sua incomum visão sobre os percalços da figura histórica de Maria Antonieta. Em “Bling Ring: A Gangue de Hollywood”, Sofia Coppola passa perto de conseguir aproveitar todo o potencial do conceito principal que chama atenção até mesmo de quem não é fã das vítimas, mas se perde na execução e entrega um trabalho inferior aos seus mais bem recebidos filmes.

Bling Ring: A Gangue de Hollywood” é um drama que infelizmente se resume a premissa inusitada e mais nada. É compreensível a sensação que os fatos causam no espectador, ao instigar a curiosidade de conhecer essa história, pois é impossível não se perguntar como eles conseguiram inúmeras vezes entrar nas casas de várias celebridades de Hollywood sem nunca serem capturados no flagrante (o grupo se sentia intimo da casa de Paris Hilton depois invadi-la oito vezes). É desnorteante saber que eles achavam os respectivos endereços das vítimas numa rápida pesquisa na internet e um preciso reconhecimento do território com ferramentas como o Google Street View e o Google Earth e determinavam a noites mais apropriadas para saquear as residências de acordo com as colunas sociais. Porém basta o espectador acompanhar por alguns minutos a segunda parte da história, onde as jovens já haviam estabelecido regras e formatado a modo como seriam feita as incursões noturnas nas casas, para perceber o quão repetitivo é o desenvolvimento da trama orquestrada pela cineasta. O filme é recheado de festas em casas noturnas de excelência, bebedeiras, drogas, roubalheiras e mais festas intercaladas com algum material de pouca profundidade narrativa. Embora a cineasta até reserve um espaço de tempo válido para delinear o perfil dos jovens (um dos integrantes do grupo de ladrões ficou muito surpreso pelas inúmeras solicitações de amizade no Facebook, depois que seus nomes vieram a público e todos sabendo o que ele fez foi errado), e esboçar alguma informação de valia ao espectador, percebe-se o esforço da produção de se estender mais do que sugere ser necessária para contar a trajetória de crime e punição desses jovens.

É difícil afirmar se “Bling Ring: A Gangue de Hollywood” é apenas uma oportunidade perdida de contar uma história fascinante ou toda a exploração possível de uma história que apenas rendia uma boa premissa. A cineasta até trabalha os aspectos do deslumbre presentes nas reações das jovens e da presumida ganância, onde a realização das garotas em estar nas casas das celebridades, usar as jóias, os sapatos, os vestidos, relógios das vítimas ocasionavam uma satisfação tão grande quanto os ganhos financeiros obtidos nos furtos. A própria queda desses jovens pode gerar uma interpretação dos fatos interessante sobre toda uma geração, pois havia um ganho de reputação nessa ação ilícita que cometiam e era divulgado indiretamente sem constrangimentos, demonstrando a necessidade da fama a qualquer custo. Há certamente um alerta presente de uma geração de jovens fúteis se propagando pela sociedade, sobretudo Sofia Coppola se prontifica através da história que retrata, demonstrar as consequências dessas suas ações irresponsáveis. 

Nota:  5,5/10
    

6 comentários:

  1. eu achei esse filme genial. desconfortável. gostei muito como a autora mostra essa juventude que tem em objetos os seus propósitos de vida. se possível objetos de gente que aparece na mídia. como se o fato de aparecer na mídia tivesse algum valor mágico. essa diretora é maravilhosa. http://mataharie007.blogspot.com.br/2014/12/bling-ring.html

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    1. Gosto muito do trabalho de Sofia, mas quando se trata dos filmes mais antigos. Esse e não gostei.

      bjus

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  2. A primeira parte é mais interessante ao mostrar a vida louca destas jovens de classe alta que não respeitam nada.

    O filme perde pontos na meia-hora final quando tenta transformar a história numa drama raso.

    A mãe totalmente alienada vivida por Leslie Mann é impagável.

    Abraço

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    1. A mãe que seguia a filosofia do culto "O Segredo" é bizarro e educava as filhas segundo sua filosofia. Vê só no que deu... rsrsrs

      abraço

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  3. Gostei um pouco mais do que vs, eu acho. De qualquer forma, sou suspeito pra falar, já que sou fãnzoide da Coppola. Bling Ring e um filme menor, com uma história frágil, porém, bem executada.

    http://21thcenturycinema.blogspot.com.br/

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    1. Esperava mais do filme diante de uma premissa quase surpreendente quanto tem. Embora goste muito de seus primeiros trabalhos, esse está particularmente, na minha humilde opinião inferior a outros filmes dela também recentes.

      abraço

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